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A Volta do Monstro
Original:It Lives Again / It’s Alive 2
Ano:1978•País:EUA
Direção:Larry Cohen
Roteiro:Larry Cohen
Produção:Larry Cohen
Elenco:Frederic Forrest, Kathleen Lloyd, John P. Ryan, John Marley, Andrew Duggan, Eddie Constantine, Bobby Ramsen, Glenda Young, Melissa Inger, Jill Gatsb, Lynn Wood

por Marcelo Marchi (@marcelomarchi77)

Sequência do clássico Nasce um Monstro (It’s Alive, 1974), A Volta do Monstro (It Lives Again / It’s Alive 2, 1978) impressiona já nos créditos iniciais. Além do retorno de Larry Cohen dirigindo, produzindo e roteirizando, vemos os nomes de Daniel Pearl, diretor de fotografia de O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 1974) – aqui fazendo a fotografia adicional -, Bernard Herrmann, simplesmente o compositor da trilha sonora de Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941), de Orson Welles, de Psicose (Psycho, 1960) e outros clássicos de Alfred Hitchcock, e Rick Baker, responsável pelos efeitos especiais de maquiagem de Um Lobisomem Americano em Londres (An American Werewolf in London, 1981), só para citar uma das suas grandes obras. Infelizmente, nem todas essas lendas do cinema conseguem elevar o filme ao nível de brilhantismo do seu antecessor.

A Volta do Monstro apresenta como protagonistas o jovem casal Eugene e Jody Scott (Frederic Forrest e Kathleen Lloyd, respectivamente), prestes a terem seu primeiro filho. Durante o chá de bebê, recebem a agourenta visita de Frank Davis (John P. Ryan), pai do infante monstruoso do filme anterior. Davis os alerta para o que parece ser o início de uma epidemia de bebês como o dele ao redor dos EUA. No entanto, por causa de sua dolorosa experiência pessoal, ele deseja garantir a proteção tanto do casal quanto da criança mutante, especialmente contra as autoridades americanas, que já possuem um programa bem coordenado de extermínio dessa nova raça em ascensão.

A primeira parte do longa-metragem é de uma qualidade enorme. Não perde tempo para introduzir a questão que irá permear toda a história – esses bebês devem mesmo ser abatidos como se fossem uma praga? – e para construir a tensão, que culminará no fatídico nascimento do bebê Scott, com momentos legítimos de terror e sempre num clima de intriga, dúvida e medo. A montagem paralela durante o início do trabalho de parto de Jody e, em seguida, a sequência no hospital são eletrizantes e repletas de suspense. É uma produção que parece mais cara do que realmente deve ter custado, e a direção quase documental de Cohen nos puxa para dentro da ação. Ao discutir temas como vigilância, conspiração governamental, poluição, evolução humana e, claro, aborto, A Volta do Monstro possui aquele sabor do cinema de paranoia política dos anos 1970.

É justamente devido a tais virtudes que a guinada para uma trama mais convencional de filmes de monstro, lá pela metade da duração, representa uma queda lamentável. A manobra de aumentar o escopo de tudo, tão típica de sequências, não se limita ao confronto entre as duas facções discordantes, cheias de recursos – o governo americano e os “pró-vida” -, mas reflete-se também no número maior de bebês mutantes em tela, que agora são três. Porém, como apenas os pais de um deles participam da história, os outros dois são usados como um simples dispositivo para criar cenas de terror e violência esvaziadas da questão do amor parental, algo que era o coração do filme de 1974.

Embora aquém do original, A Volta do Monstro vale uma conferida por sua primeira metade vertiginosa, pelo trabalho quanto aos sons das criaturas, sempre incômodos e assustadores ao misturar o choro de bebês humanos a gritos animalescos, e pelas ideias interessantes que propõe, como a possibilidade de os bebês mutantes serem uma resposta evolutiva aos problemas da sociedade da época (e que infelizmente são os mesmos da nossa, tantas décadas depois).

Sobre o autor do texto:

Roteirista das séries Boca a Boca (Netflix), Marias (Sony) e Sociedade da Virtude (Max) e do programa Queimando a Língua (Jovem Nerd). É professor da Pós-Graduação em Roteiro Audiovisual do SENAC, além de ministrar os próprios cursos de roteiro para cinema e tv. Estuda o cinema de terror há quase duas décadas e ministrou no MIS em São Paulo os cursos “Desvendando um Subgênero: Slasher Movie” e “25 Anos de A Bruxa de Blair e o Terror Found Footage

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