Poltergeist 2015 – Um Novo Fenômeno?

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Eis que depois de muitas notícias sobre formatos, diretores, elenco e roteiristas, o primeiro trailer do remake de Poltergeist finalmente foi divulgado. E claro, com esta divulgação, surgiram os primeiros comentários de fãs e textos críticos sobre mais uma refilmagem do gênero. A verdade é que com este trailer, tornou-se possível visualizar o que estava sendo aguardado desde que as notícias sobre o remake da icônica produção de 1982 começaram a circular alguns anos atrás.

Poltergeist – O Fenômeno foi lançado em 1982, dirigida por Tobe Hooper e produção de Steven Spielberg. O filme conta o drama da família Freeling, cuja filha mais nova, Carol Anne (Heather O’Rouker), é sequestrada por fantasmas. Começa então uma verdadeira batalha dos pais de Carol Anne para resgatá-la enquanto ainda é possível. Longe de ser um filme de terror qualquer, Poltergeist tornou-se uma obra icônica e que até hoje costuma ser apontada entre as grandes produções do gênero. Méritos para isto não faltam.

Uma primeira observação costuma ser feita quanto a real função de Spielberg já que é comum ler informações de que ele teria sido o verdadeiro diretor de Poltergeist e não Hooper. De acordo com informações relacionadas ao próprio filme, Spielberg não poderia dirigir Poltergeist pois já estaria comprometido com ET, por isso ficou no cargo de produtor, embora todas as decisões criativas teriam sido dele. Ao assistir Poltergeist e comparar com outros filmes de Spielberg, as semelhanças ficam mais evidentes.

Os efeitos especiais foram feitos pela Industrial Light and Magic, de George Lucas, o que também garantiu que Poltergeist fosse tratado como uma produção luxuosa do gênero. O elenco foi muito bem escolhido e o roteiro mesclava o terror das tradicionais produções de casas assombradas com o drama da família em ter a sua filha caçula levada por espíritos. Destaque para Jobeth William como a mãe Diane em sua batalha desesperada para rever a garota. Para completar, como não se apaixonar pela fofa Heather O’Rouker como Carol Anne ou não se lembrar da impagável Tangina interpretada por Zelda Rubinstein.

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Além disso, o filme marcou por cenas que até hoje são recordadas pelos fãs como o palhaço que ataca o filho Robbie (Oliver Robbiens), Carol Anne tocando a tela da TV fora do ar, as ordens de Tangina para os espíritos irem para a luz ou a apocaliptica conclusão. Todos estes momentos orquestrados pela trilha sonora de Jerry Goldsmith. Em outras palavras, não tinha como o filme ter dado errado.

Poltergeist ainda trouxe uma crítica a questão da ameaça das grandes corporações ao estilo de vida das famílias norte-americanas que moravam no subúrbio de pequenas cidades. Não por acaso a família Freeling acaba de se mudar para a casa dos sonhos e logo pretende construir uma piscina. Mas toda esta paz e segurança começam a ser ameaçadas pela presença cada vez mais constante de espíritos. Logo a casa dos sonhos se torna um pesadelo ao mesmo tempo em que vem a informação de que todos os problemas parecem estar ligados a um antigo cemitério que existia no lugar e que teria sido removido para a construtora dar sinal verde para erguer as casas. Assim, a corrida desenfreada por lucro parece ameaçar e fazer ruir o próprio sonho americano.

Além de todos estes pontos, Poltergeist também foi marcado por algumas tragédias após a sua produção como o assassinato da atriz Dominique Dunne, que interpretou a filha mais velha Dana, e a morte da jovem Heather O’Rouker logo após finalizar as filmagens de Portergeist 3, em 1988. Criou-se então a chamada maldição Poltergeist.

Ao assistir ao trailer do remake, alguns pontos já podem ser observados quanto ao que veremos nas telas ainda em 2015. O produto abre com uma imagem já mostrando uma velha árvore ao lado de uma casa com uma voz narrando quando foi a última vez que viu a filha. Aqui já temos a direta associação de que a árvore terá uma importância dentro do filme ao mesmo tempo em que é possível identificar a apresentação do mesmo núcleo familiar com o pai, a mãe e três filhos sendo duas garotas e um garoto. Antes mesmo do símbolo da MGM ser exibido, é possível ver uma rápida cena da garotinha, que desta vez recebeu o nome de Madison e é interpretada por Kennedi Clements, sendo tragada para dentro do armário.

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Logo o trailer segue em apresentar a típica vizinhança de subúrbio com suas belas casas e a família em seu novo lar. Madison logo começa a fazer amigos invisíveis pela casa, o que a princípio é visto como diversão. Seguem algumas cenas que mostram brinquedos e aparelhos eletrônicos funcionando sozinhos ou tendo interferências. Não demora muito para algumas cenas canônicas do original serem reconhecidas como quando a garotinha toca na tela da TV com imagens estáticas ou o filho é perseguido pelo palhaço de brinquedo. Mais importante, passamos a reconhecer o drama dos pais da garota em terem a filha de volta.

Remakes sempre são temas polêmicos. Por um lado, os produtores querem conquistar os novos fãs, mas ao mesmo tempo qualquer alteração brusca pode ofender e muito aos fãs da obra original. O que é possível ver no trailer do remake de Poltergeist é uma tentativa em manter os elementos chaves da produção de 1982 com liberdade para trazer novos formatos. Para o trailer, o resultado parece ser positivo com algumas observações.

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Uma cena particularmente interessante mostra a garota Madison entrando em um armário e a porta se fechando para exibir imagens de espectros assustadores. Ao mesmo tempo que é interessante, esta cena pode apontar para qual direção o filme vai caminhar. Através da velha comparação com o original, torna-se necessário lembrar o quanto os espíritos vistos na obra de 1982 eram elegantes. Basta lembrar da sequência onde os fantasmas descem as escadas da casa dos Freelings. A ação acontece lentamente sendo apenas orquestrada pela bela trilha sonora. Esta pequena cena do armário presente no remake se mostra a princípio interessante, mas também é capaz de fazer o público pensar o que realmente vem por aí.

Já uma cena em especial chega a incomodar ao mostrar uma Madison digital se virando e atacando o próprio pai. Trata-se da típica sequência que deveria ter ficado de fora do corte final. Ainda existe tempo para isto acontecer.

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Apesar do núcleo familia ter sido mantido, a personagem de Tangina foi substituída por um homem interpretado por Jared Harris. Mesmo sendo uma atriz fraca, a Zelda do filme original transformou a sua Tangina em praticamente um dos símbolos máximos da trilogia. Baixinha, gordinha e de voz infantil, era esta figura improvável quem desafiava os espíritos inquietos. Seria realmente muito difícil recriar tal personagem. Desta forma, talvez a mudança de gênero possa até ajudar a minimizar as comparações. Algumas frases famosas de Tangina como “A sua filha está viva e está nesta casa” ou “Ele sabe o que assusta vocês” foram repetidas pelo personagem de Harris. Será que seremos brindados com “Vão para a luz. Há paz e serenidade na luz“?

O trailer traz ainda cenas que remetem ao clímax do original quando a mãe vai para o “outro lado” resgatar a filha. Aqui é onde uma das principais dúvidas ainda permeia o pensamento dos fãs do original. Na obra de 1982, é possível ver a mãe entrar e sair do “outro lado“, mas não existe nenhuma cena mostrando como é este outro plano espiritual. E isto está longe de ser um problema visto que a sequência é tão bem planejada que mal sobra fôlego para se pensar neste pequeno detalhe. Será que os produtores do remake concordam com isto ou vão querer mostrar um “outro lado” digital? Será que este outro lado seria digital ou construído em estúdio?

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No mais, é possível reconhecer boa parte das sequências do original. Quanto a direção, não é tão fácil saber o que esperar visto que trata-se do terceiro trabalho assinado pelo britânico Gil Kenan, também responsável pelo simpático A Casa Monstro e pelo irregular Cidade das Sombras. Um dos produtores é Sam Raimi, que já fez muita coisa boa, mas também já trocou os pés pelas mãos em outros trabalhos.

A pergunta que fica é se será possível para os envolvidos no remake não fazerem apenas uma cópia do original, mas saberem utilizar a essência de um filme com 33 anos para funcionar no século XXI? Não apenas funcionar, mas durar por anos e anos e se tornar um fenômeno igual ao original? Cenas interessantes de terror estão presentes no trailer, mas será que teremos um bom drama da família lutando para recuperar a filha enquanto é assombrada? Será que este pilar que geriu o filme original vai estar presente? Ou o novo filme será apenas uma releitura com cenas de terror? São muitas perguntas e estas respostas serão respondidas apenas na estreia. No momento, o trailer agradou e isto está sendo considerado um bom sinal.

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Filipe Falcão

Jornalista formado e Doutor em Comunicação. Fã de filmes de terror, pesquisa academicamente o gênero desde 2006. Autor dos livros Fronteiras do Medo e A Aceleração do Medo e co-autor do livro Medo de Palhaço.

3 thoughts on “Poltergeist 2015 – Um Novo Fenômeno?

  • 27/03/2015 em 14:52
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    Eu sou um grande fã do original desde que assisti pela primeira vez no SBT, acho essa questão da polêmica dos remakes válida, 99% das refilmagens são lixos intragáveis sempre com aquela descupinha esfarrapada de ” estamos trazendo uma releitura para as plateias atuais” grande merda, se as pessoas atualmente são alienadas e acham Anabelle um grande filme problema delas, eles só mexem nos clássicos porque não tem ideias e querem reciclar para lucrar e ponto final!

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  • 08/03/2015 em 11:01
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    Achei toda essa “crítica” ao trailer um tanto desnecessária. Não dá para saber o tom do filme, a história, atuações (substituições) com base em 2 minutos de cenas picotadas com a intenção de instigar as pessoas para irem ao cinema. Sabe-se também que nem todas as cenas de um trailer entra no corte final do longa e é capaz de cenas vistas aí não fiquem no filme.
    Sobre a polêmica, também, desnecessária sobre remakes, acredito que não serem fundamentais, mas também não são inúteis já que é fundamental apresentar grandes títulos para novos públicos. Eu, particularmente, acho chatíssimo filmes dá década de 1920, 1930… apesar de saber os recursos da época. Agora peguem um jovem de 18 anos completados em 2015 que convive com filmes como O Chamado, O Grito, Invocação do Mal que são recheados de efeitos que (em muitos casos) melhoram o filme, seria difícil ver ao filme original e saber apreciar como eu aprecio (e provavelmente quem escreveu a matéria). Acho remakes válidos quando não imitam descaradamente o original, gosto quando traduzem a linguagem do cinema atual (Halloween, A Hora do Pesadelo, Viagem Maldita são ótimos exemplos). Quando sabem reinventar situações, considerando os dias atuais, são válidos.
    Quanto ao trailer, fiquei curioso em ver o filme. Acho difícil julgar se será um bom filme por cenas, fiquei um pouco triste pela Tangina ser agora um homem que não tem uma voz icônica, mas vamos ver se o Jared Harris consegue alguma peculiaridade que torne seu personagem marcante.

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  • 25/02/2015 em 22:17
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    Poltergeist vem me dando ansiedade pra assistir. Algo incomum meu em relação a remakes
    Ainda não assisti o clássico inteiro, porem, isso não e problema. Já me apaixonei por clássicos gracas por ter conhecido a regravação

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