O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003)

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O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei
Original:The Lord of the Rings: The Return of the King
Ano:2003•País:EUA, Nova Zelândia
Direção:Peter Jackson
Roteiro:J.R.R. Tolkien, Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson
Produção:Peter Jackson, Barrie M. Osborne, Tim Sanders, Fran Walsh
Elenco:Elijah Wood, Ian McKellen, Orlando Bloom, Alan Howard, Noel Appleby, Sean Astin, Sala Baker, Sean Bean, Cate Blanchett, Billy Boyd, Marton Csokas, Mark Ferguson, Ian Holm, Lawrence Makoare, Andy Serkis, Peter McKenzie, Sarah McLeod, Dominic Monaghan, Viggo Mortensen

Temos apenas que decidir o que fazer com o tempo que nos é dado. – Gandalf

O cinema fantástico tem sido povoado nos últimos anos por uma série de enormes sagas apresentando argumentos complexos que fizeram história no gênero, seja pela imensa popularidade obtida, ou pelas enormes franquias criadas com impressionante lucratividade, ou ainda pelos fascinantes momentos de puro entretenimento com histórias povoando nosso imaginário com os mais variados mundos de fantasia. Star Wars, Star Trek, Matrix, Harry Potter e principalmente O Senhor dos Anéis, são exemplos de universos ficcionais extremamente ricos em detalhes e que com o auxílio da moderna tecnologia dos efeitos especiais, conseguiram levar para as telas do cinema suas propostas de diversão criando com realismo seus mundos alternativos.

O escritor Tolkien, autor de O Senhor dos Anéis, certamente não imaginaria que seu fascinante universo ficcional um dia fosse transformado com grande fidelidade e respeito em uma saga cinematográfica grandiosa, e com uma produção caprichada, meio século depois de seu lançamento. E esse feito tornou-se realidade graças ao cineasta Peter Jackson, que dirigiu e escreveu o roteiro dos três filmes que juntos totalizam quase dez horas de entretenimento. A trilogia é composta por A Sociedade do Anel (2001), As Duas Torres (02) e O Retorno do Rei (03), sendo que este último entrou em cartaz nos cinemas brasileiros em 25/12/03 (e nos EUA no dia 17), com o subtítulo referindo-se ao personagem Aragorn e a especulação sobre sua decisão em aceitar o desafio de ser o rei de Gondor.

Depois de muitos anos do hobbit Bilbo Baggins ter encontrado o misterioso anel, que foi perdido das mãos de uma outra criatura estranha que um dia também foi um hobbit, Sméagol / Gollum, e apresentava uma dupla personalidade pela influência maléfica do anel, ele repassou o poderoso artefato para seu sobrinho Frodo, que recebe então a missão de destruí-lo no mesmo local onde foi criado. Para isso, Frodo tem que rumar numa jornada perigosa até Mordor, tendo ao seu lado para ajudá-lo um grupo de guerreiros formado principalmente pelo humano gondoriano Aragorn, o elfo Legolas, o anão Gimli, o mago Gandalf, o Branco (também chamado de Mithrandir pelos homens de Gondor), e por seu leal amigo hobbit Sam, sempre ao seu lado.

Após uma série de eventos ocorridos nos dois primeiros filmes, a história do terceiro e último episódio da trilogia, O Retorno do Rei, inicia mostrando rapidamente em flashback como Sméagol / Gollum toma posse do Um Anel, encontrado no fundo de um lago, após um confronto mortal com seu amigo Deagol (Thomas Robins), já demonstrando as influências negativas exercidas pelo objeto precioso.

Enquanto momentaneamente Sauron pensa que o anel está com Pippin, depois de um contato entre eles através do Palantir, uma esfera mágica que havia sido perdida por Saruman na derrota em Isengard, as ações se voltam novamente para a jornada de Frodo, acompanhado de Sam e tendo como guia o traiçoeiro Sméagol / Gollum, rumo à sombria Mordor para destruir o anel no fogo da Montanha da Perdição, atravessando caminhos tortuosos como a Passagem de Cirith Ungol e enfrentando uma série de perigos tendo como ápice um confronto com Laracna, uma terrível aranha gigante carnívora, obrigando-os a se protegerem utilizando a poderosa Luz de Earendil, um presente de Galadriel.

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Enquanto isso, Sauron está reunindo um imenso exército de orcs e outras criaturas, entre enormes trolls e os cavaleiros negros Nazgûl, cavalgando terríveis criaturas aladas, as bestas cruéis, e depois de tomarem a cidade de Osgiliath, eles partem para atacar Minas Tirith, a capital do reino de Gondor, governado provisoriamente pelo insano Regente Denethor (John Noble), pai de Faramir, numa batalha sangrenta de proporções colossais nos Campos de Pelennor. Nessa guerra brutal, Gondor é ajudado pelos soldados rohirrim do reino de Rohan, liderados pelo Rei Théoden e sua bela sobrinha Éowyn, além também de contar com a bravura de Aragorn, Legolas e Gimli. Aliás, Aragorn finalmente aceita o desafio de assumir sua posição de Rei de Gondor e atravessa o caminho para Dimholt entrando no interior de Dwimorberg, a Montanha Assombrada, para convocar o imenso Exército dos Mortos para lutar ao seu lado contra Sauron. Um acordo é feito com o Rei dos Mortos (Paul Norell), livrando-os de uma maldição antiga, e eles têm uma participação decisiva para os rumos do confronto em Minas Tirith.

Após a batalha nos Campos de Pelennor, os exércitos restantes de homens, liderados por Aragorn, se dirigem para os imensos Portões Negros de Mordor, guardados por um batalhão de milhares de orcs, enquanto Frodo e Sam atravessam a planície de Gorgoroth para tentar destruir o Um Anel nas entranhas da Montanha da Perdição, culminando no final de sua tortuosa jornada de treze meses, num decisivo confronto contra as forças maléficas de Sauron.

O Retorno do Rei mantém o mesmo alto nível de qualidade dos dois filmes anteriores, destacando-se também pelas belíssimas paisagens da Nova Zelândia e pelas violentas cenas de batalhas. Assim como a guerra no Abismo de Helm em As Duas Torres, o confronto dos orcs contra o reino de Gondor nos Campos de Pelennor nesse terceiro episódio foi certamente o ápice das três horas e vinte minutos de filme. Se a batalha no Abismo de Helm, numa tenebrosa noite chuvosa, com o exército de aproximadamente dez mil orcs e uruks-hai, tinha proporções extremamente grandiosas, imaginem então o conflito colossal nos Campos de Pelennor, com o exército de Sauron composto por cerca de duzentos mil soldados.

Essa sequência de guerra, juntamente com a já citada batalha no Abismo de Helm, e mais a invasão dos insetos alienígenas contra os humanos encurralados no Forte Whiskey em Tropas Estelares (97), e o massacre dos soldados aliados na abertura de O Resgate do Soldado Ryan (98), ao desembarcarem numa praia na costa da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial, podem ser consideradas como algumas das mais significativas cenas de guerra da história do cinema, constituindo-se de exemplos de grande realismo do que mais próximo poderia ser o horror de um campo de batalha. Eu diria até que a batalha nos Campos de Pelennor é a mais impressionante que tive a oportunidade de ver no cinema. E minha opinião vai de encontro a uma declaração do ator Karl Urban (o rohirrim Éomer), que revelou que considera essa batalha como o maior ataque de cavalaria da história do cinema.

O que a saga O Senhor dos Anéis tem de mais fascinante em todo o seu complexo universo ficcional são as criaturas bizarras que representam os sombrios elementos de horror presentes na história, como os orcs e uruks-hai, seres criados especialmente para a guerra; sem contar os terríveis cavaleiros negros Nazgûl, que cavalgam monstros alados (as bestas cruéis); os demônios balrogs; o Pântano dos Mortos (onde repousam os fantasmas atormentados dos soldados mortos nas guerras); os enormes trolls e olifantes (criaturas imensas similares a elefantes, que carregam torres transportando os soldados de Harad); o Exército dos Mortos (que para se livrarem de uma maldição antiga, lutaram a favor do reino de Gondor); a mortal aranha gigante Laracna; e outras criaturas mais.

Mesmo o filme merecendo cinco estrelas em sua avaliação, algumas situações não agradaram plenamente como o fato de o mago Saruman, derrotado no filme anterior em sua Torre em Isengard, não ter aparecido nem numa pequena ponta (algumas informações revelam que ele aparece em cenas apenas disponíveis na versão estendida do filme em DVD). Como admirador do ator Christopher Lee não pude esconder a decepção, apesar de que para o filme sua ausência não trouxe nenhum inconveniente. Uma outra sequência forçada demais foi quando o elfo Legolas consegue derrubar um imenso olifante na batalha do reino de Gondor, demonstrando algumas habilidades exageradas com resultados pouco convincentes. A forma como a bela Éowyn decepa facilmente a cabeça de uma besta cruel também é difícil de se aceitar, independente da fidelidade com o livro, principalmente depois que o Rei Feiticeiro de Angmar, o Senhor dos Nazgûl, o mais perigoso dos nove espectros do anel e que vive em Minas Morgul, ainda diz para ela como um alerta com sua voz gutural, no momento em que a mulher tentava defender seu tio ferido, o Rei Théoden: Não fique entre um Nazgûl e sua presa. Como nenhum homem pode matá-lo, a tarefa ficou para Éowyn, uma mulher.

E ainda tiveram também muitas outras cenas carregadas de um sentimentalismo que contrasta demais com a violência das batalhas e o próprio clima sombrio que envolve toda a Terra-média em guerra. Mas tudo isso é compreensível pela ideia em capturar a essência do livro de Tolkien.

Analisando os três filmes dessa fantástica saga cinematográfica, fica muito difícil escolher qual é o melhor, pois toda a trilogia possui um nível de qualidade muito próximo. Como apreciador de horror e pela intensidade das violentas batalhas e participações de criaturas bizarras, minha escolha seria O Retorno do Rei, seguido de As Duas Torres e A Sociedade do Anel. Eu não li os livros, mas aprendi muito sobre o complexo universo ficcional da Terra-média apenas assistindo a trilogia de Peter Jackson, parecendo para mim que os filmes conseguiram reproduzir de forma convincente toda a fascinante mitologia da literatura de Tolkien.

Curiosamente, a saga O Senhor dos Anéis teve anteriormente duas outras adaptações em filmes de animação. A primeira foi com The Hobbit em 1977, e depois no ano seguinte foi lançado The Lord of the Rings . E com a trilogia de Peter Jackson, a história de Tolkien está definitivamente adaptada para o cinema, devendo ser apreciada eternamente, pois agora os filmes pertencem aos fãs.

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O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei foi vencedor de 11 Oscar 2003, nas categorias Filme, Diretor, Direção de Arte, Efeitos Visuais, Roteiro Adaptado, Edição, Figurino, Maquiagem, Som, Trilha Sonora, e Canção.

O projeto seguinte do diretor Peter Jackson também é igualmente grandioso e foi lançado nos cinemas brasileiros em 16/12/05. Trata-se de uma nova versão para King Kong, o famoso macaco gigante que anteriormente foi tema de um filme clássico em preto e branco produzido em 1933, e que teve uma refilmagem inferior em 1976 com uma desnecessária continuação dez anos depois, ambas dirigidas por John Guillermin.

A exemplo dos dois episódios anteriores da saga, o filme que fecha a trilogia foi lançado em DVD duplo por aqui, com um disco contendo apenas materiais extras, e tudo devidamente legendado em português. O primeiro documentário chama-se Missão Cumprida: A Visão de Um Diretor (The Quest Fulfilled: A Director´s Vision), com 22 minutos trazendo depoimentos de vários atores como Viggo Mortensen, Ian McKellen, Elijah Wood, Sean Astin e Miranda Otto, além de Peter Jackson, Andrew Lesnie, Philippa Boyens e Mark Ordesky, entre outros.

Em seguida, temos A Jornada de Um Cineasta: Fazendo O Retorno do Rei (A Filmmaker´s Journey: Making The Return of the King), outro documentário onde em 28 minutos são fornecidas várias informações interessantes sobre o escritor Tolkien, além de curiosidades de bastidores como o fato de serem construídas 10.000 flechas para serem usadas na saga, além de 48.000 armas, entre espadas, escudos e bainhas, e foram utilizados 12 milhões de elos de cota de malha para a construção manual das armaduras.

Outro documentário é um especial produzido pela National Geographic sobre o terceiro filme, com narração do ator John Rhys-Davies. São cerca de 51 minutos onde o tema focado é a apresentação de vários paralelos de personalidades e eventos da história da humanidade e situações parecidas com vários personagens de O Senhor dos Anéis, como por exemplo a similaridade entre o escocês William Wallace (também conhecido como Coração Valente), um líder pela conquista da liberdade de seu país contra o domínio da Inglaterra, e Aragorn, que luta pela liberdade da Terra-média, onde ambos são guerreiros que buscam apenas a felicidade de seus povos, e não querem riquezas nem poder para si mesmos. O documentário procura defender a ideia que a trilogia O Senhor dos Anéis explora com eficiência os conflitos do Homem, ou seja, um líder relutante que conquista a confiança de seu povo por meio do sacrifício (o caso de Aragorn), conselheiros sábios que dão avisos quando isso é mais necessário (como Gandalf), batalhas desesperadas onde os soldados lutam por amor e não ódio, o poder da amizade sincera, que só pode terminar com a morte (Frodo / Sam, e Legolas / Gimli).

Continuando as informações especiais, temos dois trailers para cinema e quatorze spots de TV, com trinta segundos cada, além de um super trailer especial sobre toda a trilogia de O Senhor dos Anéis, com seis minutos e meio de duração. A próxima atração é uma prévia do vídeo game A Batalha Pela Terra-média (The Battle for Middle-earth), criado pela Electronic Arts, com 3 minutos enfatizando a autenticidade do jogo com relação aos personagens, cenários e eventos dos filmes.

Entre os destaques produzidos pelo lordoftherings.net, temos o documentário Dê Uma Olhada de Perto nas Pessoas e Criaturas da Terra-média, com aproximadamente 23 minutos dividido em seis temas específicos, comentados pelo elenco e membros da equipe de produção. O Destino de Aragorn (Aragorn´s Destiny); Minas Tirith: Capital de Gondor (Minas Tirith: Capital of Gondor), enfatizando que o Reino de Gondor é inspirado numa cultura antiga como o Império greco-romano, A Batalha dos Campos de Pelennor (The Battle of Pelennor Fields); Samwise, o Bravo (Samwise, the Brave), Éowyn: A Dama de Rohan (Eowyn: White Lady of Rohan), e Dublês Digitais dos Cavalos (Digital Horse Doubles), sendo que nesse tema temos comentários interessantes sobre a concepção e as dificuldades enfrentadas na criação de cavalos digitais para contracenarem com animais reais na batalha nos Campos de Pelennor, através dos técnicos Matt Aitken (modelos digitais), Randy Cook (animação) e Joe Letteri (efeitos visuais).

Repouse sua cabeça frágil e cansada. A noite está começando. Você chegou ao fim da jornada. Durma agora. E sonhe com os que vieram antes. Eles estão chamando dos Portos distantes. Por que você chora? O que são essas lágrimas no rosto? Logo você verá que todo o medo será deposto. A salvo em meus braços você apenas dorme. O que você vê no horizonte enorme? Por que a gaivota branca canta? Atravessando o mar uma lua pálida se levanta. Os navios vieram em frota para levar você de volta. Tudo se tornará como vidro prateado. Uma luz sobre a água. As almas passarão ao outro lado. A esperança mingua no mundo da noite que avança. Através das sombras que caem saindo do tempo e da lembrança. Não diga que agora chegamos ao fim. Os Portos Brancos estão chamando. Haverá um reencontro entre você e mim. E você estará aqui em meus braços onde apenas dorme. O que você vê no horizonte enorme? Por que a gaivota branca canta? Atravessando o mar uma lua pálida se levanta. Os navios vieram em frota para levar você de volta. E tudo se tornará vidro prateado. Uma luz no mar. Navios Cinzentos são navegados para o Oeste.” – música cantada por Annie Lennox, durante os créditos finais de “O Retorno do Rei

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Juvenatrix

Uma criatura da noite tão antiga quanto seu próprio poder sombrio. As palavras são suas servas e sua paixão pelo Horror é a sua motivação nesse Inferno Digital.

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