Alien 3 (1992)

3.1
(9)
Alien 3 (1992)
o monstro do espaço volta sem assustar ninguém
Alien 3
Original:Alien 3
Ano:1992•País:EUA
Direção:David Fincher
Roteiro:Vincent Ward, David Giler, Walter Hill, Larry Ferguson
Produção:Gordon Carroll, David Giler, Walter Hill
Elenco:Sigourney Weaver, Charles S. Dutton, Charles Dance, Paul McGann, Brian Glover, Ralph Brown, Danny Webb, Christopher John Fields, Holt McCallany, Lance Henriksen, Christopher Fairbank, Carl Chase

Terceiro filme da franquia e estreia do até então desconhecido David Fincher. Na época, o diretor tinha em seu currículo alguns trabalhos em vídeo clipes, e encarou um projeto arriscado, já que Alien, o Oitavo Passageiro foi um marco da ficção/Horror dos anos 80. Mas, infelizmente, a continuação foi um fiasco, tanto que o próprio diretor nem reconhece o filme como um de seus trabalhos. Quando aceitou o projeto, ainda nem existia um roteiro pronto – o próprio Ridley Scott (diretor de Alien, o Oitavo Passageiro) já havia se recusado a dirigir, fazendo com que Fincher tivesse a oportunidade e coragem de assumir um projeto ambicioso, resultando em desculpas vistas nos extras do DVD como “o resultado não foi o esperado”. Fincher se redimiria depois com Seven, e O Clube da Luta, entre outros longas cult. Existem duas versões: a lançada no cinema com pouco menos de 2 horas, e a versão especial, lançada em DVD, com quase 2 horas e meia de duração. Tive acesso as duas, mas vou focar mais na versão especial, fazendo pequenas comparações.

A Tenente Ripley (Sigourney Weaver) está hibernando com sua tripulação na nave – teoricamente após “o resgate” do filme anterior. Porém, na nave, existem ovos de aliens, que se chocam e nascem criaturas, causando pequenos estragos e acionando o alerta de segurança e o veículo e suas cápsulas sendo atirados em um planeta desconhecido, local que funciona como uma prisão espacial de segurança máxima. Com 25 presos – que cumprem sua pena trabalhando em uma “refinaria de minério” -, trata-se de uma prisão estranha já que não há guardas. De qualquer modo, há uma explicação pouco convincente sobre isso: os presos são religiosos, cristãos celibatários, crenças que a chegada de Ripley poderá abalar ao aguçar os hormônios dos locais. Resgatada como única sobrevivente (poxa, a garotinha que ela lutou tanto para resgatar em Aliens, O Resgate, simplesmente morre de maneira patética), Ripley desconfia que existe ainda a ameaça dos aliens no novo ambiente, porém o diretor da prisão não acredita nela mesmo após a autópsia da garotinha – mesmo com medo, ela pede para que os corpos sejam cremados, com a justificativa de uma possível infecção.

Em paralelo, um boi (na versão do cinema era um cachorro) é encontrado morto, perto da carcaça de um alien; nasce dele, então, uma criatura quadrúpede (maior do que os já vistos anteriormente) e fica a solta nos corredores da refinaria. Mortes começam a ocorrer, com Ripley sendo novamente desacreditada pelo diretor da prisão e condenada ao isolamento. Um dos presos que havia visto o monstro e acreditava ser um “dragão” também é mantido no local, mas logo novos ataques colocam a heroína em ação para enfrentar o inimigo que a assombra há bastante tempo. Em paralelo, um grupo de resgate se aproxima, pedindo que Ripley seja mantida em segurança, embora os propósitos envolvam o interesse na criatura que ela conduz em seu organismo e não na hospedeira.

O roteiro é preguiçoso; a dupla de roteiristas Ronald Shusett e Dan O’Bannon, trabalharam também nos filmes anteriores, na criação de personagens e história. Mas aí entra aquela velha história do “dedo” da produção, que, como já sabemos, sempre acaba em merda. O roteiro tenta criar um clima de tensão, já que Ripley é a única mulher dentre os presos, mas essa subtrama não funciona. Fincher oscila entre bons e maus momentos – dentre os bons, temos a famosa cena do primeiro encontro do alien com Ripley, onde o monstro cerca a tenente, e o rosto de ambos é mostrado em close com o alien babando, e Ripley com os olhos fechados amedrontada. Um episódio que virou um marco da série, e até hoje é usado como referência. Os maus momentos são as repetitivas sequência nos corredores, e alguns ataques aos presos. Infelizmente não podemos crucificar Fincher, já que o mesmo apenas conduzia o roteiro feito às pressas. Péssima opção também da trama nos chatíssimos diálogos entre o médico e Ripley, além de outros momentos desnecessários, que nem valem a pena o comentário.

Por incrível que pareça, o filme concorreu ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Tá certo que é de 1992, mas, convenhamos, os efeitos dos dois filmes anteriores (o primeiro é de 1979) eram bem melhores e convincentes do que neste. Fincher usa o recurso “Animatronics” segundo os extras da edição especial – efeito esse parecido com CGI, porém, muito malfeito; as aparições do alien utilizando esse recurso são ridículas. O filme é o mais violento da série: muito sangue rola a cada ataque do alien, porém, sem aquele climão de suspense que o filme do Ridley proporcionava.

No elenco, o destaque fica para Sigourney – que construiu uma personagem marcante com a Tenente Ripley. Aqui ela chegou a raspar a cabeça, opção que não acrescenta nada ao filme, principalmente quando alegam que havia muitos piolhos no local. Outros personagens também não comprometem nas atuações. Há também uma ponta do ator Lance Henriksen, o Bishop, que apareceu como androide nos filmes anteiores.

Voltando as falhas do roteiro, todos sabemos que Ripley possuía um alien dentro dela, afinal o início mostra o mesmo invadindo a cápsula da tenente, porém, mesmo não sendo atacada e sofrendo dos mesmos sintomas do personagem de John Hurt (do primeiro filme da franquia), demora a perceber, e, caramba, e a sair dela – alguns acreditam que a criaturas a tenha estuprado e não invadido seu corpo. Na versão original, Ripley se atira na fornalha, e o alien sai de dentro dela antes de queimarem, clichê, mas funciona melhor que no final da versão estendida, onde Ripley se atira, e num péssimo efeito em CGI, morre na fornalha.

Um desastre sem proporções, o terceiro filme era pra ser o último da franquia, já que teríamos a morte da personagem principal Ripley. A franquia merecia um resultado melhor, um trabalho mais honesto. E Ripley, mesmo sendo heroica ao se matar para não permitir que o alien saia daquele local, merecia também um final mais digno. Com um sentimento de missão não cumprida, a Fox acabou produzindo um quarto filme, Alien, a Ressurreição, mas, agora, passo a bola para o João Pires Neto falar deste.

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Ivo Costa

Cineasta formado pela Escola Livre de Cinema, dirigiu os curtas “Sexta-feira da Paixão”, “O Presente de Camila”, “Influência” e “Com Teu Sangue Pagará. Produziu o curta ‘Vem Brincar Comigo’. Atualmente é crítico no site Boca do Inferno e professor do Curso Cinema de Horror, da Escola Livre de Cinema. Fez parte do Júri Popular do Festival Cinefantasy em 2011, Júri Oficial do Festival  Boca do Inferno 2017, Juri Oficial da Mostra Espanha Fantástica no Cinefantasy 2020.  Realizou a curadoria da Mostra Amador do Cinefantasy 2019 e do Festival Boca do Inferno 2019.

13 thoughts on “Alien 3 (1992)

  • 07/04/2018 em 22:58
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    Cada filme da franquia tem uma abordagem diferente, gosto de todos, exceto o aborrecido Prometheus que não cumpriu. Alien3 é um episódio intimista, onde os diálogos são em sua maioria sussurrados, o novo xenomorfo quadrúpede ficou interessante apesar de sua pouca utilização, Ripley careca foi seu melhor visual.

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  • 23/12/2016 em 19:37
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    De início não gostava. Agora até a trilha de Goldenthal eu amo. Adoro tudo nesse filme!!

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  • 29/11/2016 em 12:26
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    Crítica mais besta… argumentos totalmente sem fundamentos. Alien 3 é o melhor filme da franquia. Tem que ser muito mente-aberta pra aprecia-lo! A maioria não gosta porque esperava um repeteco do Aliens, mas felizmente saiu um filme único, diferente. Ah e por sinal: o efeito da Ripley caindo na fornalha não é CGI, é o mesmo efeito usado pra criar as cenas do alien correndo. Parecem ruins agora para nossa época porque não envelheceram bem, mas não é justificativa para odiar o filme. Quanta ignorância, hein? O filme é bem escrito, com boas atuações e ainda consegue ser coerente apesar de todos os problemas que teve. E a história se encaixa perfeitamente, não consigo imaginar um final mais apropriado. Muitos reclamam que não teve um final feliz, mas na vida real nem sempre as coisas acabam bem não é? Então porque não pode ser assim na ficção também? O filme é maravilhoso, muito subestimado. Se você não consegue apreciar, o problema não está nele e sim em você. Recomendo ao escritor que leia o artigo do WhatCulture “10 reasons Alien 3 is a misunderstood masterpiece” que tem argumentos bem melhores. Não gostei do filme na primeira vez que vi, mas foi justamente essr artigo que abriu minha mente quanto a filme, coisa que você precisa fazer.

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    • 14/05/2017 em 03:59
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      Se a sua mente abrir demais seu cérebro vai cair 😉

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      • 16/05/2017 em 14:39
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        O Alien 3 é bom, o Alien 4 é que é porcaria. O povo tem péssimos gostos.

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  • 15/01/2015 em 16:45
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    Esse terceiro capítulo foi talvez o meu primeiro contato com o universo do terror e ficção no cinema, me lembro quando saiu e mesmo assim foi muito comentado na época. A versão de cinema realmente deixa muito á desejar, mas a versão Assembly cut é sensacional, deixa muita coisa mais clara, são quase 30 minutos a mais de filme isso sem falar que substituíram diversas cenas que foram corrigidas. Se analisado por essa versão garanto que as pessoas iriam respeita-lo, mas mesmo assim ele comete algumas heresias graves pois não era a continuação que os fãs esperavam. Matar Hicks, Newt e desativar Bishop foi o maior erro cometido.

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    • 16/05/2017 em 14:43
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      O filme é de terror. Não me importo que o Hicks e Newton tenham morrido.

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  • 24/04/2014 em 19:19
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    Se querem um filme injustiçado, esse filme é “ALIEN ³”
    Não sei porque o torturam tanto. Um filme muito bom, digno de fazer parte da série Alien.
    Tudo aqui funciona muito bem, o monstro continua sua caçada obsessiva por Ripley e o faz perfeitamente.
    Simplesmente não entendo porque o odeiam tanto…
    Uma sequencia justa, com trama sem furos, efeitos especiais de linha…
    Enfim, recomendo que assistam “ALIEN 3” novamente, antes de o julgarem.

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    • 28/09/2015 em 00:21
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      Eu também gosto desse. Mais que do 4, com aquele clone semi-real… Tambem foi legal, mass….
      As pessoas estão falando como se fosse hoje, mas como o blog mesmo alerta, era 1992!
      Injustiça mesmo… Ok, que haja quem não goste, mas massacre, não!
      Gosto de muitos personagens, p.ex. do Aaron 85, que de bobo não tinha nada… era apenas um pouco lento, mas muito inteligente; de Dillon, um criminoso em redenção; do réu confesso e médico Clemens, um profissional que se perdeu no vício. E do pobre maluco, que viu um dragão;
      Religião apocalíptica, cristã fundamentalista… isso me dá medo, pela proximidade do cristianismo atual…Fundamentalistas de quqer tipo me dão medo…
      E finalmente, o Bebê Alien… ela não precisaria ser estuprada, afinal, sexo e útero não diz nada para eles. Ele (minha opinião) foi inoculado, e cresceu no seu abdome, não necessáriamente em seu útero. Por isso nada de atrasos menstruais, leite, enjôos, nada. Bem bolado. Eu gostei!

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  • 12/01/2014 em 23:58
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    Na minha opinião, o que afunda mesmo esta sequência são os péssimos efeitos especiais destinados ao alien. Assisti no cinema e mesmo na época fiquei impressionado com o quanto eram ruins. O alien mal aparece e quando aparece é terrivelmente fake, parece ter sido produzido por um filme B dos anos 60! Uma vergonha! E pensar que o filme anterior nos trouxe aquela fantástica rainha alien! A Sigourney Weaver carregou esse filme nas costas, só ela vale uma conferida.

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    • 02/10/2015 em 17:29
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      De onde você tirou isso? por acaso viu ela dizendo que foi ruim pra ela participar desse filme, que trouxe um impacto negativo na carreira dela?

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  • 23/06/2013 em 15:55
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    lembro se assisti esse não.

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