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Atividade Paranormal 3 (2011)

Atividade Paranormal 3
Original:Paranormal Activity 3
Ano:2011•País:EUA
Direção:Henry Joost, Ariel Schulman
Roteiro:Christopher Landon
Produção:Jason Blum, Oren Peli, Steven Schneider
Elenco:Chloe Csengery, Jessica Tyler Brown, Christopher Nicholas Smith, Lauren Bittner. Hallie Foote, Dustin Ingram, Johanna Braddy, Katie Featherston, Brian Boland, Sprague Grayden

Comparações entre mídias à parte, na oportunidade de lançamento de Black Ice em 2008 – último disco do AC/DC depois de quase oito anos – li uma crítica especializada bem pertinente que dizia algo mais ou menos assim: Os novos fãs podem até reclamar que há mais de 30 anos a banda faz o mesmo som, mas é justamente por isso que eles fazem tanto sucesso. Qualquer guinada ou alteração drástica na fórmula pode tirar as características que atraíram essa base tão sólida.

É com essa “obrigação” de dar aquilo que o público espera que a terceira parte do fenômeno Atividade Paranormal (quarto filme da franquia, contando com o spin-of em Tóquio) estreia nos cinemas brasileiros junto com o resto do mundo em 21 de outubro de 2011 depois de uma pré-estreia em São Paulo através do voto dos fãs no site oficial e uma premiere exclusiva na última edição do Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. E para quem se assustou com os anteriores a linha de raciocínio continua sendo a mesma: pela terceira vez o filme entrega aquilo que pagamos para ver e, desta forma, continua tão instigante como os anteriores.

Novamente sem créditos de abertura e trilha sonora, o prequel do prequel começa em 2005 antes dos eventos de Atividade Paranormal 2 com Kristi (Sprague Grayden) ainda grávida de Hunter recebendo uma caixa de velhas fitas VHS da irmã Katie (Katie Featherston). Um ano depois, enxertado na linha do tempo de Atividade 2 quando a casa aparece revirada de ponta-cabeça, as fitas desapareceram do porão onde estavam guardadas.

Então vontamos mais uma vez no tempo, para 1988, e o conteúdo das fitas começa a ser exibido na sequência. As pequenas Katie (Chloe Csengery) e Kristi (Jessica Tyler Brown) vivendo com sua mãe, Julie (Lauren Bittner), e seu namorado Dennis (Christopher Nicholas). O homem da casa tem um negócio próprio filmando casamentos com a ajuda do jovem Randy (Dustin Ingram), o que o faz ter acesso aos mais modernos equipamentos de áudio e vídeo da época.

Kristi começa a interagir com um amigo invisível chamado Toby – o que parece comum para uma criança de tão pouca idade logo começa a alimentar suspeitas devido a uma série de eventos estranhos na casa após um pequeno terremoto na residência. Intrigado, Dennis decide capturar outros incidentes colocando câmeras em seu quarto e no quarto das crianças (e algum tempo depois na sala e cozinha) tendo o inconveniente tecnológico de trocar as fitas a cada 6 horas e repassar as gravações no dia seguinte. Quando o letreiro anuncia que se trata da “Noite #1″, o público sabe que os sustos não tardarão a começar com o medo que irá dominar a família até então aparentemente normal.

Atividade Paranormal 3 (2011) (1)

Atividade Paranormal 3 não trabalha com novos conceitos nem tenta reinventar a roda, aposta novamente na fórmula de sucesso e consegue trazer o “amadorismo” do primeiro filme aos recursos técnicos (leia-se orçamento e qualidade do elenco) do segundo e ao mesclar elementos dos dois acaba, se não superando, trazendo momentos de clima tenso equivalentes ao primeiro filme. Os diretores Henry Joost e Ariel Schulman (do aclamado “mockumentário” indie Catfish) sabem usar as limitações de tecnologia da época em que se passa o filme para causar ainda mais tensão do que no uso das câmeras digitais nos filmes anteriores. A curta duração da película e o elenco muito bem entrosado (a lindinha Jessica Tyler Brown rouba todas as cenas) não deixam a peteca cair nunca e ajudam a compor esta atmosfera até ser absolutamente insuportável. Sem derrubar um pingo de sangue sequer, até um monte de poeira causa sustos.

Apoiados no roteiro de Christopher B. Landon (Atividade Paranormal 2 e Paranoia) as soluções continuam ainda mais simples e caseiras quanto possível por conta disso, e dentro do universo criado através destes três filmes formam um conjunto ainda mais apreciável. Por exemplo, a câmera amarrada ao ventilador desmontado trazendo algumas das cenas mais interessantes, em que o público aguarda sua lenta movimentação até chegar a hora de pular da cadeira. Mesmo quando o filme explora o lugar comum da série as sensações de opressão e claustrofobia permanecem quase intactas com um adicional muito bem vindo: o humor bem colocado que faz um balanço excelente com os momentos sérios e “jump scares” fazendo o público “rir de nervoso” com eficiência.

O que pode ser visto como uma vantagem também, este terceiro filme larga a mão de tentar vender que se trata de fatos reais (como se tivéssemos a idade da jovem Katie) e submerge na mitologia dando um foco maior no suspense e na construção do clima, o que permite aos realizadores utilizarem de melhores artifícios de narrativa em favor do clima e não necessariamente da potencial da veracidade dos fatos.

Atividade Paranormal 3 se ventila mais ao assumir liberdades criativas como franquia de ficção, afinal, e poupa o público de quebrar a cabeça para imaginar como Dennis cria tamanha obsessão em filmar por tanto tempo os eventos de sua casa trocando as fitas a cada seis horas e ainda assistindo tudo na manhã seguinte, porque eles nunca buscaram ajuda e como as meninas simplesmente se esqueceram desta infância repleta de eventos sobrenaturais (tema para o quarto filme talvez?), entre outras pequenas inconsistências que não chegam a atrapalhar a diversão. Para aproveitar mais, basta aceitar o que a trama tem a oferecer e não tente encontrar muita coerência já que friamente o roteiro é bem simplório, o personagem de Dennis as vezes é tão irritante quanto Micah no primeiro filme e ainda solta um calhamaço de novas perguntas e algumas situações questionáveis (especialmente nas decisões dos personagens no decorrer da trama).

Todavia de todos os pequenos problemas, o mais difícil de entender é como cenas impactantes exibidas nos trailers ficaram de fora da versão de cinema de Atividade 3. Para citar algumas, o salto de Kristi do parapeito da escada, a visita e o ataque ao sensitivo que investiga a família (segundo o IMDb, interpretado pelo mesmo medium do original, Mark Fredrichs), agressões físicas mais intensas da entidade, o incêndio da residência da família e Kristi sendo encontrada de camisola sozinha dentro do carro… Praticamente três quartos das prévias divulgadas não estão no filme, além do Teaser “Bloody Mary” que, neste caso, é quase nítido que se trata de uma cena falsa isolada.

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Visto a aparente importância do que foi apresentado nos trailers para dar mais agressividade e consistência a história para tornar o drama da família mais palpável, só posso imaginar que estes estes cortes partiram por uma jogada de marketing bem esquisita ou por imposição de censura mais branda e talvez sejam novamente coladas quando do lançamento em DVD e Blu-ray, mas pelo lado bom, pelo menos ver o trailer não entrega nenhum dos sustos do filme de verdade.

Concluindo, não pense que a trilogia fecha um círculo ou que vai atrair novos fãs já que momentos quebrados e perguntas sem resposta continuarão assombrando o roteiro por muito tempo. Não é errado dizer, portanto, que esta franquia se assemelha a outra franquia popular contemporânea, Jogos Mortais, no sentido de que cada produção é feita sob medida para quem gostou dos anteriores e criar novas possibilidades enquanto mitologia aplicando a mesma fórmula, não para criar uma nova base. O que disse na crítica de Atividade Paranormal 2 vale para este também: quem gostou, vai gostar deste e quem odiou, vai continuar apedrejando.

Contudo, mesmo não sendo fã ou concordando com nada do que está escrito não se pode brigar com os resultados. Com o perdão do trocadílho, a “atividade” do público nos cinemas está atraindo níveis “paranormais” de dinheiro para os cofres da Paramount. Rodado com 5 milhões de doletas, só no fim de semana de estreia nos Estados Unidos a produção arrecadou US$ 54 milhões, batendo assim dois recordes importantes: amelhor abertura da franquia e a maior bilheteria para um filme de horror em todos os tempos (recordes anteriores ostentados justamente por Atividade 2, com US$ 40,6 milhões). O final deste terceiro filme é relativamente aberto e tem muitas pontas a amarrar, mas mesmo que não deixe muito espaço para outra continuação, há alguma dúvida que os demônios imaginados por Oren Peli voltarão a infernizar Katie e Kristi ano que vem?

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