3.8
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Eles Vivem (1988)

Eles Vivem
Original:They Live
Ano:1988•País:EUA
Direção:John Carpenter
Roteiro:John Carpenter, Ray Nelson
Produção:Larry J. Franco
Elenco:Roddy Piper, Keith David, Meg Foster, George 'Buck' Flower, Peter Jason, Raymond St. Jacques, Jason Robards III, Sy Richardson, Norman Alden, Dana Bratton

They live. We sleep.

Esta peculiar obra de John Carpenter inicia com um prelúdio do que veremos a seguir: um grafite em uma ponte onde se avista uma pessoa desenhando/criando uma cidade com os dizeres They Live. Então aparece John Nada (Rody Pipper – ele mesmo, o ex-westler machão), o herói que bate e depois pergunta, na realidade nem pergunta por que é fodão demais para isso.

Eles Vivem (1988) (5)

O roteiro é inspirado no conto de 1963 “Eight o’clock in the morning” de Ray Nelson e sua premissa é um tanto quanto, digamos… louca: John Nada muda-se para a cidade grande em busca de emprego, onde acaba fazendo um amigo, Frank (Keith David), que o leva para ‘morar’ com ele numa espécie de abrigo aos sem teto. Neste local, John descobre na igreja da comunidade uma espécie de QG de resistência, onde as pessoas pregam sobre a dominação das classes operárias pelos ricos empresários e políticos, além de produzirem clandestinamente uma espécie de óculos escuros que trazem uma incrível função: permitem ao usuário enxergar a realidade do mundo em que vivemos.

A partir disso fica óbvio imaginar o que se enxerga com os tais óculos: milhares de mensagens subliminares ditando ordens de consumismo e dependência, além de possibilitar a visão da verdadeira face dos dominadores (o Eles do título) – extraterrestres fantasiados de pessoas, com a intenção de corromper os humanos à sua causa de dominação global. Sim, eu sabia que era exatamente isso que você estava pensando!

Eles Vivem (1988) (1)

Carpenter não decepciona, mesmo nesta que pode ser uma das obras que mais foge de seu estilo. Trata-se de uma homenagem aos filmes de ação dos anos 1980, mas com algo a mais: uma crítica ferrenha a sociedade consumista e que, naquela época, dedicava-se as práticas televisivas como as mais essenciais (parecido com a sociedade atual e todas as tecnologias ‘black mirror’ disponíveis). As cenas de mensagens subliminares são tratadas de forma simplória, em preto e branco, uma boa saída para economia de efeitos especiais mirabolantes.

É claro que o longa traz aspectos desnecessários, como a cena de luta entre Nada e Frank, que dura uns bons cinco minutos de pura pancadaria no estilo DR (sim, é Discussão de Relação), onde o protagonista tenta convencer arduamente seu amigo a colocar os óculos, os quais ele refuta de forma inexplicável (tipo, põe esse negócio logo!). Além disso, o jazz distorcido que acompanha todo o filme (e quando digo todo é TODO mesmo), uma boa trilha, mas que lá pela metade do processo começa a ficar repetitivo.

Eles Vivem (1988) (4)

Além disso, a escolha do ator é um pouco questionável, Pipper não é um grande interprete, mas suas atitudes acabam se enquadrando perfeitamente nas desejadas para sua personagem: o machão que encontra algo revolucionário e, ao invés de se questionar sobre isso e procurar respostas a todo aquele envolvimento alienígena misterioso, parte direto para a pancadaria, no estilo ‘vou resolver tudo por conta própria’.

Eu vim aqui mascar chicletes e chutar traseiros… E estou sem chicletes.

Eles Vivem (1988) (3)

Eles Vivem é um ótimo entretenimento. Se você estiver inspirado no momento conseguirá enxergar diversos aspectos críticos ferrenhos. Mais uma obra do diretor referência do gênero John Carpenter, envolvendo ação, comédia, doses comedidas de romance e horror.

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Média da classificação 3.8 / 5. Número de votos: 5

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10 Comentários

  1. “Mais uma obra do diretor referência do gênero, John Carpenter, envolvendo ação, comédia, doses comedidas de romance e horror!”

    Esqueceu de mencionar o lado considerável de “ficção científica” do filme. “Çomente iço”. hehehehehehe

  2. A cena da luta é a melhor parte do filme, gata. Lógico que é um pouco longa, mas a questão ali tratada é a seguinte: Muitas pessoas se recusam a sair da “matrix” para enxergar a vida e a realidade com outros olhos, e aquela luta entre significou a persistência de todas as pessoas que tentam por na cabeça da grande maioria que a vida nem sempre é o mundo colorido e verde que lhes é posto todos os dias a sua frente. Que existem questões mais profundas. E mesmo assim, mesmo você tentando mostrar uma verdade para a pessoa, ela se recusa a enxergar, e você as vezes têm que ser persistente.

  3. “É claro que o longa traz aspectos desnecessários, como a cena de luta entre Nada e Frank, que dura uns bons cinco minutos de pura pancadaria no estilo DR (sim, é Discussão de Relação), onde o protagonista tenta convencer arduamente seu amigo a colocar os óculos, os quais ele refuta de forma inexplicável (tipo, põe esse negócio logo!).”

    Não é desnecessário. Convencer o outro que está imerso numa longa tradição de manipulação é algo difícil e doloroso, daí essa luta tão real, tão dolorosa e longa.

    1. o que esses críticos tontos não perceberam foi que esse filme não era só uma critica ao consumismo era o uma critica à toda a sociedade, a parte da luta mostra o quão difícil é tirar as pessoas da alienação vide os critico do filme eles mesmo não entenderam a obra, que diga-se de passagem é uma obra de arte do cinema.

  4. Lembro que quando assisti à esse filme tinha uns 16 ou 17 anos, e eu fiquei realmente paranóico por vários dias. Não é um Príncipe das Sombras ( na minha opinião o melhor filme do diretor), mas é entretenimento de primeira, recomendo.

  5. Assisti a pouco tempo esse filme. Gostei bastante mas o gênero é longe de ser terror, mesmo assim é muito bom

  6. adoro esse filme,além de ser massa tem uma ótima crítica social que nos faz refletir muito.assistam 🙂

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