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A Fera deve Morrer (1974)

A Fera deve Morrer
Original:The Beast Must Die
Ano:1974•País:UK
Direção:Paul Annett
Roteiro:James Blish, Michael Winder, Paul Annett, Scott Finch
Produção:Max Rosenberg, Milton Subotsky
Elenco:Calvin Lockhart, Peter Cushing, Marlene Clark, Charles Gray, Anton Diffring, Ciaran Madden, Tom Chadbon, Michael Gambon, Eric Carte

Este filme é uma história policial, na qual você é o detetive. A pergunta não é Quem é o assassino?, mas Quem é o lobisomem?. Após todas as pistas terem sido mostradas, você terá a chance de dar sua resposta. Aguarde pela Pausa do Lobisomem.

O cinema de horror inglês dos anos 60 e 70 não era representado apenas pelos filmes do cultuado estúdio Hammer, pois existia uma produtora rival de qualidade similar, a Amicus. Entre seus divertidos filmes estão Grite, Grite Outra Vez (69), O Soro Maldito (72), e as antologias de contos As Torturas do Dr. Diabolo (67), A Casa Que Pingava Sangue (70), Contos do Além e Asilo Sinistro (ambos de 72), A Cripta dos Sonhos e Vozes do Além (ambos de 73), com elencos liderados por ícones do gênero como Peter Cushing e Christopher Lee. Um outro filme da produtora, de menor relevância, mas que também apresentou sua parcela de contribuição para o universo ficcional dos lobisomens, é A Fera Deve Morrer (The Beast Must Die, 74), novamente com Peter Cushing.

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Baseado na história There Shall Be No Darkness, de James Blish, o filme procura misturar elementos de mistério com horror, propondo uma criativa interação com o espectador, que é convidado a assumir o papel de um detetive que tem como objetivo descobrir a identidade de um lobisomem, lembrando situações similares do livro O Caso dos Dez Negrinhos, de Agatha Christie, e que virou um filme interessante em 1945, O Vingador Invisível (And Then There Were None), onde nesse caso o desafio é descobrir quem é um assassino entre um grupo de pessoas convidadas para passar um final de semana numa ilha.

Já em A Fera Deve Morrer, um milionário chamado Tom Newcliffe (Calvin Lockhart), dono de um discurso arrogante e um exímio caçador, super determinado para encontrar sua caça, convida um grupo de cinco pessoas para passar um fim de semana em sua mansão de veraneio, afastada cerca de 19 Km da vila mais próxima, juntamente com sua esposa Caroline (Marlene Clark). Sua intenção é propor um jogo bizarro onde é revelado ao grupo que um deles é na verdade um lobisomem, que deverá se transformar nas noites de lua cheia e quando o pólen do acônito estiver misturado ao ar. Quando a identidade da criatura selvagem e voraz for descoberta, a fera deve morrer, conforme evidencia o título do filme.

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O grupo está preso na casa e com acesso apenas nas proximidades ao redor, e todos são monitorados constantemente por um sofisticado sistema de segurança, com câmera de vídeo, sensores e microfones espalhados pela floresta e jardins, cujos aparelhos são controlados com a supervisão de Pavel (Anton Diffring), um polonês que não acredita em lendas de lobisomens e superstições, apesar de serem comuns em seu país natal.

Os convidados e candidatos a lobisomem são Arthur Bennington (Charles Gray), um diplomata representante das Nações Unidas, o casal Jan Jarmokowski (Michael Gambon), um pianista internacional, e sua namorada e ex-aluna Davina Gilmore (a bela Ciaran Madden), o pintor e ex-presidiário Paul Foote (Tom Chadbon), que até já comeu carne humana como uma de suas excentricidades, e finalmente o aristocrático Dr. Christopher Lungren (Peter Cushing), um estudioso de arqueologia e interessado na ciência que explica a origem dos lobisomens.

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Em alguns casos, quando vemos um filme guardamos na memória alguma característica da história que fica registrada e que acaba criando uma espécie de vínculo. No caso de A Fera Deve Morrer, existem dois detalhes básicos que invariavelmente vem à tona lembrando o filme. As cenas com o lobisomem são todas feitas por um cachorro simulando a criatura, não sendo um monstro criado por efeitos especiais. E no final do filme aparece uma intervenção de um narrador propondo uma interação com o público, onde é questionado ao espectador, que faz o papel de um detetive policial (a narração reproduzida acima e que aparece no início do filme também enfatiza essa ideia), quem deve ser o lobisomem. Essas duas características são marcantes por serem dificilmente vistas em outros filmes.

Porém, a despeito desses dois detalhes interessantes, o filme não empolga o necessário para manter uma atenção constante, não atingindo plenamente as expectativas. A ideia central do roteiro tem muito potencial, mas não foi bem aproveitada. Pois o argumento sobre um grupo de pessoas preso numa imensa casa de campo, onde o objetivo é descobrir a identidade de um lobisomem entre eles, certamente poderia render uma série de abordagens intrigantes, além de diversas possibilidades e alternativas para a revelação da criatura sobrenatural. Mas, ao contrário, a história tem muitos momentos arrastados não possuindo a narrativa dinâmica necessária, cansando o espectador. Faltam mais situações de horror, mesmo que sugeridas, uma vez que o filme quase não tem sangue ou violência. As cenas de suspense e mortes são apenas discretas e percebemos que o desafio em se descobrir a identidade do lobisomem vai gradualmente perdendo sua intensidade e caminhando para algo previsível, quando deveria ocorrer o inverso.

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Mas ainda assim, o filme merece ser conhecido, pois possui algumas particularidades atraentes como o fato de ser uma produção da Amicus, ter o lendário Peter Cushing no elenco, apresentar a ideia de interatividade com o público, e pelo desfecho satisfatório, tentando fugir um pouco do convencional.

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Em tempo: o filme foi lançado em DVD no Brasil pelo selo Dark Side da Works Editora, que está proporcionando uma grande satisfação aos fãs e colecionadores de filmes dos anos 60 e 70. O disco traz como material extra apenas uma breve sinopse e biografias dos atores Peter Cushing e Calvin Lockhart.

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