Fome Animal
Original:Braindead / Dead Alive
Ano:1992•País:Nova Zelândia Direção:Peter Jackson Roteiro:Stephen Sinclair, Fran Walsh, Peter Jackson Produção:Jim Booth Elenco:Timothy Balme, Diana Peñalver, Elizabeth Moody, Ian Watkin, Brenda Kendall, Stuart Devenie, Jed Brophy, Stephen Papps, Murray Keane, Glenis Levestam |
Qual o primeiro filme realmente sangrento da historia do cinema?
Alguns apontam o raro e esquecido Banquete de Sangue (Blood Feast, 1963), de Herschel Gordon Lewis, como o marco inicial do splatter-gore, estética cujo objetivo primordial é chocar e nausear o público de forma explícita e direta, com sangue, restos humanos e animais e uma infinidade de outras porcarias em profusão verdadeiramente delirante; outros sugerem como o começo de tudo o brutal e avassalador O Massacre da Serra Elétrica (The Texas Chainsaw Massacre, 1974), de Tobe Hooper, talvez porque seja menos ingênuo e mais bem elaborado tanto do ponto vista gráfico quanto conceitual; outros, ainda, imaginam que esse posto bizarro deve pertencer ao não menos violento e arrasador Despertar dos Mortos (Dawn of Dead, 1979), de George Romero. E a questão, como tudo o mais, vai ainda mais longe do que isso.
Parece ponto de comum acordo, entretanto, que o auge dessa estética agressiva que remodelou a maneira de se contar/mostrar uma história de horror foi a saudosa década de 1980, e isso por dois excelentes motivos: a adaptação e aceitação do público a essa nova modalidade e a revolução dos efeitos especiais. O público resolveu que queria ver sangue e os cineastas concluíram que tinham como proporcionar isso de forma convincente. Assim, a década se iniciou forte, com dois clássicos absolutos do gênero: O Enigma do Outro Mundo (The Thing, 1982), de John Carpenter, e A Morte do Demônio (The Evil Dead, 1982), de Sam Raimi. O primeiro representava, além do horror cru, direto e antiestomacal, a ficção científica, provando que os tempos haviam realmente mudado; e o segundo representava o horror negro, diabólico, entremeado de humor com toques de paródia e autogozação, provando que os tempos não só haviam mudado, mas haviam mudado muito. A década foi sanguinolenta, principalmente na Itália. Uma prévia do que estava por vir, porém…
Em 1992, o diretor neozelandês Peter Jackson resolveu que faria um filme que sintetizaria tudo o que fora visto até então no cinema de horror explícito. E conseguiu.
Não acho que seja possível ir além de Fome Animal (Braindead) em matéria de extrapolação splatter-gore e escatologia hiper-realista. Eu só não diria que perto dele o badalado A Morte do Demônio não passa de um esforçado documentário de higiene matinal porque seria cometer uma injustiça feia ao clássico de Sam Raimi – afinal, uma década os separam, além de significativa diferença orçamentária.
Jackson já havia tentado algo semelhante antes, com os filmes Trash, Náusea Total (Bad Taste, 1987) e Meet the Feebles (1989); o primeiro relatava uma invasão alienígena hostil em busca de carne humana para saciar a fome incontrolável dos tais invasores, e o segundo, uma sátira impiedosa aos filmes de bonecos animados estilo Muppet Show, com escatologia e sexo bem humorados. Ambos os filmes, embora sangrentos e agressivos, no entanto, eram toscos e praticamente experimentais, sem um acabamento definido e com ideias pouco ambiciosas. Com Braindead (que também é conhecido como Dead Alive) a coisa foi muito mais ousada e criativa.
Uma das características básicas dos filmes splatter-gore que permearam o período foi o humor; com raras exceções, esse elemento de interesse duvidoso apareceu em quase todos os filmes dos anos 80, principalmente naqueles que tiveram sequências e franquias determinadas, como é o caso do próprio “Evil Dead“, além de muitos outros que rendem sequências até agora. Fome Animal, portanto, é um catado não só do que se viu em termos de dilacerações, desmembramentos, esguichos, decepamentos, vômitos, perfurações, marretadas, porretadas, escoriações e outras sensíveis formas de se dar fim a um corpo – humano ou animal – mas também uma coletânea de referências bem humoradas a outros filmes de horror, passando por elementos distintos tanto de clássicos como o Psicose (Psicho, 1960), de Alfred Hitchcock, e a famosa trilogia de mortos-vivos de Romero, até outros como o supracitado A Morte do Demônio e Hellraiser – Renascido do Inferno (Hellraiser, 1987), de Clive Barker, só para citar os mais óbvios.
E se isso não bastasse, há uma seqüência em que o herói da trama se vê envolvido numa luta com alguns mortos-vivos num cemitério e resolve a contenda num hilário e muito bem ensaiado duelo de Kung-Fu (!), daqueles, maravilhosos, que eram apresentados nos filmes do lendário Bruce Lee (!!). Claro, num roteiro que é apenas uma desculpa esfarrapada para mostrar sangue e mutilações infinitas, isso não passa de um detalhe. E, por falar em roteiro, a história é pra lá de boba: um rapaz bestalhão (Timothy Balme), totalmente dominado pela mãe neurótica (Elizabeth Moody), arranja uma namorada (Diana Penalver) e marca um passeio com ela pelo zoológico da cidade, sem saber que sua mãe, ciumenta e superprotetora, está em sua cola; acidentalmente a velha é mordida por um macaco-rato escroto da Sumatra e, aos poucos, vai apodrecendo viva, até que é finalmente dada como morta e encarcerada no porão. A velha volta como um zumbi asqueroso e passa a aterrorizar não só a vida do casalzinho, mas de qualquer idiota que cruzar seu caminho, contagiando a todos e criando um verdadeiro exército de zumbis carniceiros. Daí até o final é só carnificina e podreira, em sequências verdadeiramente memoráveis dentro da filmografia gore, com sangue espirrando pra tudo quanto é lado, num show alucinante de efeitos especiais de primeira qualidade e tinta vermelha em profusão, tudo orquestrado com maestria e agilidade pelas mãos ousadas do diretor. Se exagero pouco é bobagem, em determinada altura o herói da história é persistentemente perseguido por um intestino grosso raivoso e precisa combatê-lo com a única arma disponível no momento: um cortador de gramas! O realismo das sequências, no entanto, é de impressionar qualquer George Romero e Lucio Fulci da vida…
Além dos fãs, quem reparou nisso foram os figurões de Hollywood, que não perderam tempo e logo pegaram o diretor em seus irresistíveis laços. Dum dia para o outro ele estava trabalhando numa super-produção. Não é de surpreender, pois, que tenha sido o responsável pela bomba completamente sem graça Os Espíritos (The Frighteners, 1996), já que raramente um diretor habituado a orçamentos reduzidos e improvisações de início de carreira continue de pulso firme em suas primeiras produções mais generosas. No entanto, ao que parece, ele já superou essa fase, e hoje está ganhando rios de dinheiro no cinemão hollywoodiano com os épicos de fantasia baseados nos livros da série O Senhor dos Anéis, e de O Hobbit, todos de J. R. R. Tolkien. Vai se dar bem assim no inferno!
Podreira de quinta categoria (um elogio e tanto para um trashão como esse).
Que lixo, nem para rir nem para chorar deu…só consegui ficar com raiva do tempo da minha vida que que perdi vendo isso.
Vai asistir Barbie
Se não gosta de filme trash estilo gore assisti Barbie ou Frozen
Kkkk boa
melhor dizendo: o primeiro filme TRASH é NÁUSEA TOTAL*
Virei muito fã do Peter Jackson depois de Senhor dos Aneis, também quem não virou fã não é mesmo. Sabendo disso fui pesquisar a filmografia dele e descobri que ele iniciou fazendo filmes trash, inclusive o primeiro filme é ” TRASH TOTAL”. assisti e adorei o amadorismo e a ideia dele. Já havia assistido FOME ANIMAL ha muitos anos e detestado, mas outro dia voltei a assistir, entendi a “vibe” do filme e adorei. Quem quiser assistir tem que assistir o filme pensando em TRASH, em exageros, em nonsense e dar o play e se divertir. Otimo filme. Nota do Boca foi merecida!
Um dos piores e mais toscos filmes que já vi na vida!
Muito legal, o final é uma loucura!
esse sim é sem duvida o melhor filme do Peter Jackson !!!
Eu assisti esse filmaco quando tinha uns 10 anos!!! Quase morri!!! Mas assisti ate o fim! Loucura total! Classico GORE!!!