Trash – Náusea Total (1987)

4.2
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Trash - Náusea Total (1987)

Trash - Náusea Total
Original:Bad Taste
Ano:1987•País:Nova Zelândia
Direção:Peter Jackson
Roteiro:Peter Jackson, Tony Hiles, Ken Hammon
Produção:Peter Jackson
Elenco:Terry Potter, Pete O'Herne, Craig Smith, Mike Minett, Peter Jackson, Doug Wren. Dean Lawrie, Peter Vere-Jones

Carne humana para hamburgers intergaláticos

A Editora Van Blad lançou no formato VCD com distribuição nas bancas de jornais no início de fevereiro de 2005 pela revista VCD Collection ano 1, número 4, o primeiro trabalho de maior porte do cineasta Peter Jackson, responsável por Meet the Feebles (89), Fome Animal (92), Os Espíritos (96), a trilogia de O Senhor dos Anéis (2001/02/03), King Kong (2005) e a trilogia O Hobbit. Trata-se de Trash, Náusea Total (Bad Taste, 87), que já havia sido lançado no Brasil no formato VHS e fora de catálogo há muito tempo.

É um filme de baixo orçamento e muita violência e sangue, onde Peter Jackson fez de tudo, desde atuar em dois papéis diferentes, dirigir, produzir, escrever o roteiro, editar e até criar os efeitos especiais e a maquiagem, além da direção da fotografia, filmando nos finais de semana com amigos e uma câmera 16 mm. Inicialmente, a ideia era apenas um projeto de curta metragem com cerca de dez minutos, abordando basicamente uma história de canibais e que chamava-se Roast of the Day (algo como O Assado do Dia), com os trabalhos se iniciando em 1983. Porém, com o passar do tempo foram surgindo novas ideias e com o lançamento bem sucedido de The Evil Dead, de Sam Raimi, o filme de Peter Jackson foi aumentado para quase uma hora e meia em quatro anos de filmagens, e o roteiro recebeu mudanças interessantes passando a se chamar Bad Taste, ou Mau Gosto / Sabor Ruim em traduções literais. Aliás, o nome nacional escolhido é até interessante pois Náusea Total é bastante coerente com a história (sem o desnecessário Trash colocado para aproveitar a moda trashmania que surgiu no Brasil na época).

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Um coletor de impostos, Giles Copland (Craig Smith), vai até uma pequena cidade do interior da Nova Zelândia chamada Kaihoro, e encontra tudo estranhamente vazio, sendo surpreendido pela perseguição de um psicopata armado com uma faca enorme, Robert (Peter Jackson, com barba). Ao pedir socorro numa das casas, Giles é recebido por um grupo de alienígenas disfarçados de humanos, que o capturam para tornar-se o cardápio. Os extraterrestres vieram ao nosso planeta com o objetivo de estocar carne humana para vender como alimento numa famosa rede intergaláctica de restaurantes chamada de Deliciosas Mordidas (que por sua vez precisava apresentar uma iguaria diferente aos seus clientes para combater a concorrente Frituras Lunáticas).

Porém, para enfrentá-los e salvar o coletor de impostos de se tornar janta dos alienígenas canibais, surge um grupo bizarro de agentes especiais fortemente armados, representando o Serviço de Defesa e Investigação Alienígena (ou A.I.D.S. – Alien Investigation and Defense Service) do governo neozelandês. O grupo é formado pelo nerd Derek (Peter Jackson, sem barba), companheiro de Barry (Pete O´Herne), além da dupla Frank (Mike Minett) e Ozzy (Terry Potter).

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O filme é uma paródia super divertida e extremamente sangrenta, repleta de situações hilárias e fortes cenas de violência com direito a cabeças explodidas à bala, banhos de sangue em profusão, vísceras expostas, desmembramentos, dilacerações, canibalismo, e todo tipo de atrocidades. Algumas cenas são antológicas e que merecem destaque como quando o alienígena Robert vomita uma imensa gosma verde num prato, a qual é considerada um delicioso mingau que deve ser experimentado pelos companheiros, obrigando o agente Frank disfarçado a comer um pouco da fina iguaria. Ou ainda quando o outro agente especial Ozzy (que lembra um soldado tipo Rambo) dispara uma arma enorme contra a casa onde os alienígenas estão escondidos, e o imenso projétil atravessa as janelas abertas e acerta uma ovelha que estava pastando distraída nos fundos, explodindo o bicho num monte de sangue e carne destroçada.

Algumas homenagens também podem ser reparadas como numa cena onde Peter Jackson referencia o momento de dormir dos integrantes da família de Os Waltons, famosa série de TV dos anos 70. Ou ainda num cena homenageando o clássico moderno O Iluminado (1980), quando Derek está enlouquecido depois de bater a cabeça e perder partes do cérebro (e também de misturar pedaços de cérebros dos alienígenas ao seu próprio), e arrombar uma porta com uma serra elétrica, numa cena similar àquela de Jack Nicholson no filme de Stanley Kubrick.

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Sem contar a completamente estranha e hilária nave espacial dos alienígenas (que só rivaliza com a nave de Palhaços Assassinos / Killer Clowns From Outer Space, 88). Aliás, uma curiosidade é que não existem mulheres entre os principais personagens (existem apenas uma ou outra embaixo de fantasias interpretando alienígenas masculinos). E o cineasta multifuncional Peter Jackson durante o período em que filmava Trash, Náusea Total (quatro longos anos), conheceu a roteirista Francis Walsh,que se tornou sua esposa e parceira em muitos trabalhos posteriores como a badalada saga O Senhor dos Anéis.

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Trash, Náusea Total é recomendado para todos aqueles que apreciam o cinema fantástico de baixo orçamento, produções menores e mais caseiras com histórias bizarras e não convencionais. É indicado também para os fãs do cineasta Peter Jackson, que antes de tornar-se mundialmente conhecido pela trilogia de O Senhor dos Anéis, já fazia seus filmes baratos com temas escatológicos. E para os colecionadores de filmes, certamente vale a pena procurar o VCD, como um item indispensável em qualquer videoteca de horror.

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A Editora Van Blad, a exemplo do que já havia ocorrido com o lançamento anterior do VCD de O Túnel do Horror (uma antologia com um episódio baseado em conto de Stephen King), cometeu novamente alguns equívocos que inevitavelmente incomodam. A começar pela capa do VCD, informando duas vezes que o filme é do diretor Peter Jackson (bastava uma única vez, não precisava mencionar o fato no topo e embaixo da ilustração de capa). Porém, eles acertaram em reproduzir o cartaz original, onde um alienígena faz um gesto obsceno com o dedo médio (nos Estados Unidos, houve um fato ridículo sobre a distribuição do vídeo, onde acrescentaram mais um dedo ao lado do dedo médio do alienígena, não simulando mais um gesto obsceno e sim um dispensável sinal tipo paz e amor).

Na contra capa do VCD, a sinopse tem um erro grotesco, mencionando que o filme tem muitas decepções, onde provavelmente eles queriam dizer decepamentos (pois a palavra decepação não existe no famoso dicionário da língua portuguesa Aurélio). Sem contar que quem fez a arte final trocou uma simples palavra no nome de Peter Jackson, que ficou como Oeter. Tem também a informação Tempo VCD: 60 min, que não faz o menor sentido, já que o filme tem 88 minutos e não foi cortado (ainda bem…). A editora deveria ter se preocupado mais com o trabalho de revisão para a arte final das capas do VCD.

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Já a revista VCD Collection número 4, tem como maior erro colocar na capa uma foto onde destaca um orc de O Senhor dos Anéis, quando o certo deveria ser uma imagem relacionada ao filme que está sendo lançado pela revista, ou seja, um cartaz ou foto de Bad Taste.

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Juvenatrix

Uma criatura da noite tão antiga quanto seu próprio poder sombrio. As palavras são suas servas e sua paixão pelo Horror é a sua motivação nesse Inferno Digital.

5 thoughts on “Trash – Náusea Total (1987)

  • 22/06/2020 em 19:06
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    Massa demais! Eu via esse VHS no início dos anos 2000 na locadora e ficava me perguntando que negócio era aquele; “um et dando 1 cotoco”?!? Felizmente fui me permitir conhecer esse cult há pouco tempo! Hj tem ele no meu DVD “Clássicos do terror”. Vou exibi-lo hj na sessão ” Cine Espacial”, sessão particular que tô vendo e revendo 1 série trasheiras q tenham aliens e espaço. Comecei com “A noite do cometa”(1984). É hj 0h vamos assistir?

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  • 08/02/2019 em 14:08
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    Em minha inútil opinião este é o melhor filme do P.J. Na época em que não havia torrent e YouTube eu e um colega fizemos uma cópia com a fita de locadora e eu devo ter visto este filme umas vinte vezes.
    Fora o detalhe curioso do inglês com sotaque zelandês que diga-se de passagem é muito mais compreensível que o australiano.

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  • 22/01/2015 em 18:50
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    amo a cena que o Peter Jackson Fala : “Nasci de novo….” kkkkk!!!!!!!!

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