A Mulher de Preto 2: O Anjo da Morte
Original:The Woman in Black 2: Angel of Death
Ano:2014•País:UK, EUA, Canadá Direção:Tom Harper Roteiro:Jon Croker Produção:Tobin Armbrust, Ben Holden, Richard Jackson, Simon Oakes Elenco:Helen McCrory, Jeremy Irvine, Phoebe Fox, Mary Roscoe, Amelia Crouch, Amelia Pidgeon, Casper Allpress, Pip Pearce, Leilah de Meza, Alfie Simmons, Oaklee Pendergast, Thomas Arnold |
Já foi dito uma vez, mas vale uma nova menção: não há nada pior do que um filme de terror que não causa medo. É como uma comédia que não proporciona risadas ou um drama que não evoca emoções. Quando as expectativas primárias não são atendidas, o público tende a procurar outras qualidades no produto para justificar o tempo perdido: conteúdo relevante, elenco afinado, final surpreendente, cenas assustadoras. “Você viu o filme A Mulher de Preto 2?“; “Vi, sim. Achei sem graça.“; “Mas e a cena em que o espírito vingativo desce pelo teto? Ou as mãos que prendem a protagonista nas águas escuras?“;”Nem lembro direito, eu cochilei antes do fim“. Momentos pontuais não salvam uma produção de seu fiasco, até mesmo porque você pode até se lembrar de uma ou outra cena, mas esquecerá onde a viu. “Como chama aquele filme em que um rapaz encontra um menino fantasma dentro de um pequeno avião?”
A Mulher de Preto 2 sofre da maldição das continuações de remakes. Se as refilmagens já são, na maioria dos casos, desnecessárias, quando fazem sucesso, os produtores passam a acreditar que é possível se aproveitar do filão para continuar – a seu modo – o filme, o que ocasiona resultados muito mais desastrosos do que o produto original. Fazem parte desta categoria longas como Halloween 2 (2009), de Rob Zombie; A Mosca 2 (1989), de Chris Walas; Quarentena 2 (2011), de John Pogue; O Chamado 2 (2005), de Hideo Nakata; Pulse 2 (2008), de Joel Soisson; O Massacre da Serra Elétrica: O Início (2006), de Jonathan Liebesman; entre outros. Ao invés de investirem em ideias originais, eles preferem aproveitar a fórmula estabelecida no remake para 1) repetir o que fez sucesso; 2) corrigir o que foi criticado; 3) ampliar o conteúdo; e, assim, “obrigar” o público a ver o primeiro novamente ou buscar o segundo como conclusão da franquia, mesmo que não tenha gostado do original.
As intenções iniciais de refazer um filme como A Mulher de Preto, de 1989, pareciam boas já que o original era extremamente obscuro, feito para a TV, com sérias limitações, ainda que eficiente na atmosfera desenvolvida. Diferente de O Massacre da Serra Elétrica, O Enigma de Outro Mundo ou Psicose, este filme de Herbert Wise, realizado a partir do romance de Susan Hill, justificava sua nova realização. James Watkins comandou um bom filme em 2012, mas pecou nos excessos, nos efeitos digitais e nas aparições exageradas da antagonista. Se o enredo apostasse mais na sutileza, algo que remetesse ao clássico Os Inocentes (1961), por exemplo, haveria grandes chances de entrar em qualquer top dos maiores destaques do gênero. O trailer da continuação deixava transparecer essa possibilidade, ao esconder a vilã e trabalhar mais o ambiente depressivo de um período de guerra.
Essas possibilidades até se concretizaram, mas, infelizmente, mais uma vez, de forma exagerada: esconderam tão bem a fantasma que acabou se tornando um desafio à paciência encontrá-la no filme. Consequentemente o terror acabou sendo deixado em segundo plano, optando mais (muito mais) pela ambientação macabra, pela sensação de insegurança e pelo desenvolvimento dos dramas particulares das personagens. No último ato, talvez para justificar o gênero a qual pretendiam enquadrá-lo, resolveram encher de cenas de sustos sonoros para o público saltar nos assentos do cinema e ficar com uma suposta boa impressão de que o filme é assustador. Ora, é muito mais pavoroso saber que você investiu seu dinheiro em algo completamente desnecessário, tanto quanto se comprasse um rebobinador de DVDs (não se espantem, isso existe!).
O longa se passa quarenta anos depois do primeiro, num período conhecido como Blitz da Segunda Guerra Mundial, quando os nazistas bombardearam o Reino Unido, incluindo Londres, ocasionando muitas mortes e destruição. A professora Eve Parkins (Phoebe Fox) e a diretora Jean Hogg (Helen McCrory, a Narcissa Malfoy da franquia Harry Potter) resgataram um grupo de crianças de uma escola e o levaram a uma cidade pequena do interior, conhecida como Crythin Gifford – a mesma do filme anterior. No caminho, na viagem de trem, ela conhece o piloto Harry Burnstow (Jeremy Irvine, de Grandes Esperanças, 2012) rumo a um aeródromo nas proximidades do vilarejo. Com o apoio do Dr.Rhodes (Adrian Rawlins, que fez o protagonista de A Mulher de Preto, de 1989), eles se estabelecem na famigerada mansão Eel Marsh, local onde Arthur Kipps (Daniel Radcliffe) fez suas buscas e descobriu, da pior forma possível, a maldição da mulher de luto.
A cidade está abandonada. O único residente parece ser o insano Hermit Jacob (Ned Dennehy), que, cego, confronta Eve por trazer crianças a uma região condenada. Entre os pequenos, destaca-se o recém-órfão Edward (Oaklee Pendergast, de Wer, 2013), cujos pais morreram nos bombardeios. Devido ao trauma, ele não pronuncia uma palavra sequer, preferindo escrever pequenos bilhetes quando precisa se comunicar. Essa sua condição carente servirá para outros garotos o incomodarem durante sua estadia na mansão, repetindo alguns clichês do gênero como a brincadeira de esconde-esconde que resulta no pequeno preso em um quarto assombrado.
Aos poucos, Eve passa a conhecer as motivações do fantasma vingativo, principalmente quando encontra uma gravação de Alice Drablow (Eve Pearce) relatando o seu pesadelo antes de encontrar a morte nas mãos da mulher de preto, Jennet Humpfrye, a mãe da criança que ela adotou. Com a morte prematura do filho Nathaniel no pântano, ela está disposta a se vingar de todas as mãe, levando os filhos a suicídios. Isso não é spoiler, já que você deve ter visto o primeiro filme, pressupõe-se. Talvez seja se eu dissesse por que o fantasma busca torturar Eve, relacionando a perda do filho a um trauma particular da professora.
Demora uma eternidade para a mulher de preto dar as caras no filme de Tom Harper, seu primeiro trabalho para o cinema. Até lá, o roteiro de Jon Croker opta pelo desenvolvimento dos traumas das personagens, incluindo o do piloto Harry, da diretora e até mesmo do cego Jacob. Isso não seria problema se o enredo não tivesse tantas releituras de outras produções e motivasse o espectador a acompanhar os acontecimentos. Em vez disso, há o velho recurso do pesadelo explicativo da protagonista; e algumas subtramas que não servem para nada que não seja “enrolar o público“. Além disso, ao criar mini-vilões, como as crianças que incomodam Edward, parece que o roteiro busca justificar suas mortes, talvez para amenizar o choque no espectador. Outro problema facilmente identificado está na ausência da sensação de claustrofobia: no primeiro (e no original), a mansão era isolada por uma passagem que a maré costumava esconder; neste, a passagem está ali, mas esse isolamento não existe, permitindo que os personagens possam se locomover à noite.
Por outro lado, o trabalho de direção de arte é bem feito, principalmente na construção do período. Também vale menção positiva mais uma vez o uso de bonecas assustadoras nos ambientes (sabe-se lá por que ainda estão lá, mesmo depois de quarenta anos), o uso da forte neblina do pântano que intensifica o cenário pessimista e algumas cenas envolvendo as crianças mortas, em companhia da mulher de preto. Sustos falsos, do tipo jump scares, pipocam no filme, sem melhorar o resultado final, deixando a sensação de perda de um tempo precioso e jamais recuperado.
Achei o primeiro muito bom… mas esse realmente dormi em alguns momentos
filme pessimo não da medo e não foi bom eu assisti .
O boca do inferno criticou as bonecas do primeiro e aqui as elogiou. Não entendi.
Foram críticos diferentes pra cada filme 🙂
Horrível, primeiro filme de ”terror” que me faz pegar no sono antes mesmo da metade, terminei com muito custo, e digo que essa análise foi muito bondosa, porque eu daria 1 caveira (apenas pela ambientação) porque o resto é pura enrolação, personagens mal desenvolvidos na trama, clichês e aquele romance de terror que termina igual TODO MUNDO JA SABE, ah e não posso esquecer dos jump scares que fazem o filme ainda mais medíocre e previsível.
OBS: A mulher de preto deve ter aumentado muito o cachê, porque eu contei nos dedos a quantidade de vezes que ela deu as caras no filme.
Eu já tinha achado o primeiro ruim demais, vendo o trailer desse, eu já deduzi que ia conseguir ser de um nível mais baixo ainda.Vou conferir só por mera curiosidade, mas não estou nem um pouco animado!
+1 Exatamente, faço das suas palavras as minhas…
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@Boca: Parabéns pelo review, btw 🙂