The Drownsman (2014)

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The Drownsman
Original:The Drownsman
Ano:2014•País:Canadá
Direção:Chad Archibald
Roteiro:Chad Archibald, Cody Calahan
Produção:Chad Archibald, Christopher Giroux
Elenco:Michelle Mylett, Caroline Palmer, Ry Barrett, Gemma Bird Matheson, Sydney Kondruss, Clare Bastable, Katie Nicole Evans, JoAnn Nordstrom, Kelly-Marie Murtha

Da série Desculpas Esfarrapadas para Fazer um Filme de Horror, The Drownsman representa a falta de argumentos do cinema fantástico atual. Basicamente, a fórmula dos slashers é seguida à risca, com o acréscimo de elementos sobrenaturais para dar o tom de “lenda urbana” e remeter a outros produtos similares como Phone e A Hora do Pesadelo mas só conseguindo lembrar Venom (2005) – quem poderia imaginar que esse filme ruim, dirigido por Jim Gillespie, um dia seria citado como fonte de inspiração? Na cartilha desse subgênero, é possível encontrar as regras que definem o longa desta análise:

1 – Cria-se um ícone do gênero, a partir de uma sequência inicial onde ocorre a suposta morte do vilão
2 – Com o vilão também nasce a heroína, aquela que sofreu um trauma, possui um vínculo direto com o inimigo e tentará provar aos conhecidos de que não está louca
3 – Essa heroína possui muitos amigos, que irão morrer de acordo com o seu grau de importância
4 – Pesquisas serão feitas, os jornais dão destaque a qualquer morte – o que facilita a busca – e há sempre alguém que conhece o monstro para poder explicar seu modus operandi

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Além destas, há outras referentes ao clímax (heroína vs vilão) e à conclusão, mas que é melhor não listar para não contar mais detalhes sobre a produção. No entanto, como você está lendo isto em busca de sugestões sobre o que irá assistir, vamos a uma breve sinopse: no dia em que recebe o convite para ser madrinha de casamento de sua melhor amiga, Hannah (Caroline Korycki), Madison (Michelle Mylett) tropeça numa garrafa e cai num lago, tendo uma experiência de quase-morte em que encontra numa dimensão paralela (!!!) uma estranha figura, que a imprensa o apelidava de O Afogador (Ry Barrett), devido ao modo como matava suas vítimas femininas, escutando os batimentos cardíacos cessarem.

Após o incidente, Madison passa a sofrer de hidrofobia, não conseguindo nem sequer encarar uma chuva para participar do casamento da amiga ou até mesmo beber água. Banho, então, nem pensar! Hannah reúne outras garota para tentar curar Madison através de uma sessão espírita fajuta, o que acaba por trazer O Afogador ao encalço de todas, obrigando Madison a pesquisar – demorou um ano para buscar ajuda – detalhes sobre o serial killer, considerado morto há uma década, após o confronto com uma garota esperta. Ela irá atrás da sobrevivente, do pai de uma das vítimas e tentará encontrar meios de impedir outros assassinatos.

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Se a trama aparenta ser atraente, a condução, desculpe o trocadilho, põe tudo por água abaixo. Há furos grosseiros como aquele que ocorre quando Madison e as amigas decidem procurar a garota sobrevivente num manicômio: elas chegam ao local e nem dizem o nome da pessoa que pretendem visitar e a atendente já sabe: “Vieram ver Isabelle Heller, né?” Ainda que ela tenha telefonado antes ou talvez a paciente possa ser a mais visitada do local, as garotas nem sequer preenchem uma ficha ou mostram qualquer parentesco com a interna e já são conduzidas ao quarto. Aliás, nem precisa dizer que o ambiente não aparenta ser um hospital psiquiátrico, principalmente pela quantidade de funcionários e a falta de segurança.

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E também soa estranho o modo como Madison consegue encarar sua fobia, quando as amigas ajudam-na a deitar-se numa banheira cheia d´água. Ela não chegava perto de um copo, mas aceita participar da experiência ousada com argumentos fáceis – um estudo sobre Fobia Específica para saber que essa terapia só funcionaria de modo gradual. Contribui negativamente as atuações pouco convincentes das garotas, que parecem não saber encarar o medo como deveria: observe a cena da máquina de lavar e você entenderá o que estou dizendo!

Quanto aos aspectos positivos, The Drownsman possui um elenco quase que completamente feminino – há quem aponte similaridades com Abismo do Medo (The Descent, 2005), salvas as devidas proporções -, e tem um pôster retrô bem interessante. A direção de Chad Archibald é razoável, sem comprometer o resultado, mas seu roteiro, escrito em parceria de Cody Calahan, é repleto de clichês e referências, tornando o filme como um produto sem personalidade. Sem sangue, óbvio, e sem transmitir qualquer sinal de insegurança aos personagens, ao espectador resta apenas afogar as mágoas para tentar esquecer essa produção.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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