Judas
Original:Judas
Ano:2015•País:Brasil Direção:Joel Caetano Roteiro:Joel Caetano Produção:Mariana Zani Elenco:Richard Rodrigues, Crispin Thomas, João Caetano, |
O que é preciso para o cinema do gênero de horror nacional vingar? Qualidade não falta! Hoje temos nomes conhecidos e consolidados e uma leva de novos diretores apostando no gênero…, mas ainda parece faltar alguma coisa. Seria um problema com distribuição de filmes? Leis de incentivo? Ou talvez o próprio público, que sempre consome o horror hollywoodiano, muitos deles bem fracos e inferiores às recentes produções nacionais. Talvez seria interessante copiar a fórmula do cinema americano? Ou é melhor que exploremos a rica cultura nacional? No caso de Judas, de Joel Caetano, a aposta vem da tradicional “malhação de Judas”, realizada no Sábado de Aleluia – nada mais é do que descer o cacete em um boneco que figura o traidor de Jesus Cristo.
Um garoto (Richard Rodrigues) anda com seu boneco pela periferia de São Paulo, sem a intenção de fazer nada com ele, defendendo-se de outras crianças que queriam dar um jeito de malhá-lo. Porém em casa o confronto será com o rude pai (João Caetano), que vai colocar em cheque a lealdade do garoto com o boneco (ou vice-versa?).
Joel caetano entrega seu melhor trabalho até o momento. Sempre realizando curtas com baixo orçamento, Joel continua na mesma fórmula, com a mesma equipe, porém ficando desta vez atrás das câmeras e não atuando. Vemos um amadurecimento técnico e narrativo em Judas, com uma fotografia bem refinada, com um tom mais puxado para o sépia, enaltecendo o ambiente da periferia, que contracena bem com a bela direção de arte (a concepção do boneco é maravilhosa e assustadora). A trilha sonora marca o tom certo nas cenas de maiores tensão. O roteiro se utiliza de pouquíssimos diálogos, focando os principais momentos nas ações, expressões dos atores – o que aproxima Joel cada vez mais da linguagem do curta-metragem.
No elenco temos a presença do garoto Richard Rodrigues, que foi um achado por Joel e Mariana Zani – o moleque, mesmo sem formação teatral, encaixou-se bem no personagem, e, mesmo sem dizer uma única palavra, consegue demonstrar diversos sentimentos em situações perigosas, apenas com expressões faciais e corporais. O pai do garoto é interpretado por João Caetano (pai de Joel na vida real), e também se encaixa perfeitamente no papel de um bêbado rude.
Joel entrega um horror que trilha entre o sobrenatural e o natural com um final aterrador – a narrativa pode despertar várias interpretações e gerar discussões interessantes. O curta vai bem, e já recebeu prêmios em alguns festivais, entre eles, na Mostra Mondo Estronho, em Curitiba, como Melhor Curta entre vários exibidos, e já trilha seu caminho também pelo exterior. Joel, que dirigiu um dos seguimentos do longa Fábulas Negras (A Loira do Banheiro, o melhor na minha opinião), consolida-se no cenário nacional de filmes do gênero, fazendo com que continuemos aguardando, quem sabe, um longa-metragem. Sobre as questões levantadas no primeiro parágrafo dessa crítica, tenho uma declaração, o Cinema de Horror Nacional continua na luta.
Esse curta é incrível , nota máxima merecidamente !
Aonde posso ver esse curta?
Por enquanto Judas só está sendo exibido em festivais, Humberto.