The 100 - Segunda Temporada
Original:The 100 - Second Season
Ano:2015•País:EUA Direção:Dean White, John F. Showalter, Mairzee Almas, P.J. Pesce, Matt Barber, Antonio Negret Roteiro:Jason Rothenberg, Kass Morgan, Lina Patel, Aaron Ginsburg, Wade McIntyre, Kim Shumway, Kira Snyder, Bruce Miller Produção:Wade McIntyre, Aaron Ginsburg, T.J. Brady, Rasheed Newson Elenco:Eliza Taylor, Paige Turco, Thomas McDonell, Bob Morley, Marie Avgeropoulos, Devon Bostick, Lindsey Morgan, Ricky Whittle, Christopher Larkin, Isaiah Washington, Henry Ian Cusick, Raymond J. Barry, Richard Harmon, Joseph Gatt, Eve Harlow |
Depois que os elementos que compõem a mitologia da série foram apresentados na primeira e razoável temporada, The 100 veio com uma proposta ousada para o novo ano: por um fim à narrativa espacial e conduzir todas as ações na Terra, apresentando novos mistérios, personagens e conflitos. E fez melhor ao abandonar a fórmula teen, ao evitar novas comparações com Lost e dar um tom épico, com guerra entre tribos, além da inclusão de uma “doença radioativa“. Por mais absurdo que possa aparentar, o resultado foi surpreendente, elevando os conceitos e a avaliação nessa segunda temporada.
Clarke (Eliza Taylor) foi aprisionada com mais 47 jovens da Arca em uma estranha instalação. Estruturado como uma colõnia de ricos, trata-se do tal Monte Weather, que foi mencionado na primeira temporada como um local onde os jovens pudessem encontrar alimentos e acomodações. Além de Clarke, estão lá Jasper (Devon Bostick) e o amigo Monty (Christopher Larkin), entre outros que aos poucos vão adquirindo importância. A garota acredita que a bomba acionada por Raven (Lindsey Morgan) fez mais do que matar os ameaçadores terráqueos, mas também condenou os amigos Finn Collins (Thomas McDonell) e Bellamy Blake (Bob Morley). Na verdade, ambos estão vivos e, depois de escaparem do sequestro de um inimigo, logo tentarão encontrar meios de invadir a zona dos terráqueos, acreditando que os 48 estariam aprisionados lá.
A Arca está na Terra. Todos os principais envolvidos nas decisões e regras sobreviveram à queda: a Dra. Abigail (Paige Turco), mãe de Clarke, Marcus Kane (Henry Ian Cusick) e até Thelonious Jaha (Isaiah Washington), que descobriu uma maneira de chegar à Terra com a ajuda do “fantasma” de seu falecido filho Wells (Eli Goree), vítima de Charlotte, no melhor momento da primeira temporada. Enquanto tentam reorganizar seus domínios, mesmo que as regras já não sirvam na mesma proporção de antes, os “árcades” tentam encontrar meios de selar a paz com os terráqueos ou até mesmo confrontá-los.
Com a ajuda de Anya (Dichen Lachman), aquela que era considerada líder dos terráqueos e também tinha sido levada ao Monte, Clarke encontra uma oportunidade de fuga das instalações, principalmente quando descobre que os aparentes simpáticos residentes – liderados pelo Presidente Dante Wallace (Raymond J. Barry, de O Atalho, 2009) e seu filho Cage (Johnny Whitworth, de Sem Limites, 2011) -, na verdade, estão usando o sangue dos terráqueos e, futuramente, “daqueles que vieram do céu“, para ajudar na reconstrução dos organismos afetados pela radiação. Não faz o menor sentido, principalmente quando se percebe que o tipo sanguíneo não importa, mas mantém o envolvimento do espectador.
Após o reencontro com a mãe, Clarke só pensa no resgate dos amigos, mas tem consciência que a união com os terráqueos se faz necessária. Com a morte de Anya, a garota conhece a verdadeira comandante dos terráqueos, Lexa (Alycia Debnam-Carey, de Fear the Walking Dead), e seu braço direito, a agressiva Indra (Adina Porter, de O Pacificador, 1997), e tentará o apoio para invadir o Monte Weather, enfrentando as consequências das atitudes de um agitado Finn. Bellamy se infiltra nas instalações como soldado, com a ajuda de Lincoln (Ricky Whittle), e se unirá a Monty, Jasper e sua paquera Maya (Eve Harlow, de O Homem das Sombras, 2012) no combate interno, preocupado com as novas intenções dos inimigos: usar a medula óssea para uma cura definitiva, permitindo que os residentes possam finalmente sair do local.
O mais interessante da série de Jason Rothenberg, baseada na trilogia de Kass Morgan, é a mudança de comportamento dos personagens. Aqueles que eram apontados como vilões na primeira temporada, como Bellamy, Marcus e até Murphy, passaram a ser bem vistos na série, assim como os bons Abby, Finn e Jaha aos poucos foram conduzidos à atitudes incômodas. Ao dar essa tridimensionalidade às personagens, suas ações são passíveis de surpreender a todo momento, por mais inconsequente que possam parecer. O maior exemplo é Finn, que, de um rapaz que não matava ninguém, transforma-se em genocida, cuja violência e a retaliação por conta disso trarão os pontos altos da temporada. Outra mudança curiosa acontece com a irmã de Bellamy, Octávia (Marie Avgeropoulos), que acalma seus múltiplos interesses adolescentes e estaciona seus sentimentos em Lincoln, até assumir sua condição “terráquea” e guerreira.
E são essas alterações de comportamento que ditarão os principais momentos desse segundo ano. Algumas atitudes conduzirão as personagens a um peso na consciência infernal. Clarke permite um ataque de míssel ao acampamento onde estão os terráqueos e os árcades; Lexa abandona a invasão ao Monte Weather no momento crucial do ataque; e a única possibilidade de condenar a instalação também exigirá sacrifícios, mesmo que isso leve à morte pessoas queridas. Como é dito constantemente, “na guerra, perdas são necessárias para salvar vidas“.
The 100 acertou nas mudanças narrativas e ainda apresentou novas possibilidades para a terceira temporada, como os mistérios que envolvem a Cidade das Luzes, um possível refúgio e salvação. Mas, será que existe alguma alma ainda a ser salva, depois de atitudes condenáveis?