11.22.63 (2016)

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11.22.63
Original:11.22.63
Ano:2016•País:EUA
Direção:James Strong, John David Coles, James Franco, James Kent, Kevin Macdonald, Fred Toye
Roteiro:Bridget Carpenter, Stephen King, Quinton Peeples, Brigitte Hales, Joe Henderson, Brian Nelson
Produção:Joseph Boccia, James Franco, Athena Wickham
Elenco:James Franco, Sarah Gadon, George MacKay, Chris Cooper, Cherry Jones, Daniel Webber, Kevin J. O'Connor, Lucy Fry, Jonny Coyne, Nick Searcy, T.R. Knight, Josh Duhamel

“Os problemas do mundo não podem ser resolvidos por céticos ou cínicos cujos horizontes são limitados por realidades óbvias. Precisamos de homens e mulheres que consigam sonhar com coisas que nunca existiram.” (John F. Kennedy)

Se você pudesse voltar no tempo, o que alteraria no passado de modo a melhorar o futuro? Mataria Hitler? Impediria a viagem do Titanic? Evitaria o atentado a Carlos Lacerda, e o consequente suicídio de Getúlio Vargas? A primeira atitude mais esperada de alguém que tivesse a capacidade de viajar pelo tempo é buscar benefício próprio, como ganhar dinheiro em apostas ou mudar alguma coisa que ocasionou uma tragédia como a perda de um ente querido. O Mestre do Horror Literário Contemporâneo, Stephen King, imaginou o que aconteceria se alguém pudesse impedir o assassinato do Presidente John F. Kennedy, que, dentre as consequências, ampliou a participação americana na Guerra do Vietnã, culminando na morte de mais de 50 mil soldados. Mas, o passado é obstinado e fará de tudo para evitar que fatos importantes sejam alterados. Até mesmo para o escritor…

Em 1971, antes mesmo da publicação de sua obra inicial Carrie (1974), King desenvolveu o conceito inicial. Contudo, a época dificultava o acesso às fontes necessárias e impedia a sua ampla pesquisa, principalmente para um escritor iniciante. Era preciso um estudo bem realizado sobre a vida americana no início da década de 60, e os pormenores relacionados ao ato que condicionou o famoso crime. King voltou a pensar no tema em 2007, durante a publicação de A Torre Negra, mas só se sentiu confiante para escrever em 2011, depois de um longo período de pesquisas que incluía até mesmo o valor de um corte de cabelo na época. 11.22.63 foi publicado em 8 de novembro de 2011, e ficou no topo das recomendações literárias por 16 semanas, com inúmeras críticas positivas, seja do conceituado The New York Times ou do Las Vegas Review-Journal, que apontou o trabalho do escritor como o melhor da década.

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É claro que o sucesso ocasionaria uma adaptação para as telas. Seria impossível levá-lo apenas aos cinemas, pois o conteúdo rico, repleto de situações interessantes e mudanças narrativas, pedia uma minissérie, mesmo que mudanças fossem necessárias. King acompanhou de perto as gravações, e aprovou o roteiro desenvolvido para cada segmento por Bridget Carpenter, Quinton Peeples, Brigitte Hales, Joe Henderson e Brian Nelson. No Dia do Presidente, 15 de fevereiro, a série teve sua première, com direção de Kevin Macdonald. A aceitação foi imediata, assim como dos demais episódios, incluindo a direção até mesmo do ator James Franco, que também decidiu produzi-la e protagonizá-la. Valeu a pena realmente esperar: a versão para a TV é bem dinâmica, envolvente, bem feita e realizada, destacando-se como uma das melhores séries baseadas em uma obra de Stephen King.

Em Lisbon Falls, Maine, o professor de inglês recém-divorciado Jake Epping (James Franco, de Planeta dos Macacos: A Origem, 2011) tem um interesse especial em lecionar para adultos (a nossa EJA). Em uma atividade proposta aos alunos, ele pediu que cada um contasse um fato realmente importante que mudou sua vida. O faxineiro Harry Dunning (Leon Rippy, da série Under the Dome, 2013) conta que no Halloween de 1960 seu pai assassinou sua mãe e irmão, e o deixou seriamente ferido, algo que ele acredita ter sido fundamental para a sua dificuldade de aprendizado e desenvolvimento. Na formatura, Jake se torna amigo de Harry, tentando ajudá-lo até mesmo a conseguir uma promoção no emprego, mas acredita que poderia fazer mais. Durante o almoço no restaurante do amigo Al (Chris Cooper), na assinatura do divórcio de seu conturbado relacionamento com Christy (Brooklyn Sudano, de Alone in the Dark 2 – O Retorno do Mal, 2008), ele nota uma mudança repentina na saúde do atendente, como se ele tivesse adoecido em poucos minutos.

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Al assume que está em estado avançado de câncer, devido à idade. Ele mostra a Jake a despensa do restaurante, contando que o espaço é a entrada de um portal que permite uma viagem no tempo para a década de 60 (no livro, ele retorna para 1958). Não importa quanto tempo você fique lá, no presente se passarão apenas dois minutos. Depois de experimentar o estranho passeio, onde a realidade cinza se transforma nas cores do passado, e encontrar o misterioso Homem do Cartão Amarelo (Kevin J. O’Connor, de O Voo da Morte, 2007), que parece saber das viagens, Jake retorna ao presente e reluta em aceitar a missão proposta: impedir a todo custo o assassinato do Presidente John F. Kennedy, ocorrido em Dallas, no dia 22 de novembro de 1963.

Com a morte repentina do amigo, e de posse de uma agenda com os jogos da época e fatos importantes do período como a data de chegada do suposto assassino Lee Harvey Oswald (Daniel Webber) e todo o seu percurso, Jake viaja ao passado para viver a perigosa aventura. Com identidade falsa, ele compra um carro e consegue um emprego em uma escola da região, enquanto cruza com personagens do futuro, entre eles o garoto Harry (Jack Fulton) e seu pai insano Frank (Josh Duhamel, da franquia Transformers). Ele se aproxima do futuro assassino e, com a ajuda de Bill Turcotte (George MacKay), que depois passará a ser seu parceiro na missão contra Lee, planeja impedir a tragédia ocorrida na noite de Halloween.

No livro, Jake retorna ao presente após impedir o crime contra os Dunning e nota as diferenças, assim como uma garota que ficou paralítica. E ele não conta com a ajuda de Bill nas investigações – e este nem se envolve com Marina Oswald (Lucy Fry, da série Wolf Creek, 2016) -, tendo que agir sozinho contra o passado. Também há mudanças significativas na misteriosa presença do Homem do Cartão Amarelo, incluindo sua função na viagem para o tempo, além de mais detalhes sobre o mundo entre 63 e 2011. Ainda que tenha perdido em conteúdo e informação, as mudanças deram um tom sublime e menos político ao produto final.

Todo o envolvimento de Jake com a belíssima Sadie (Sarah Gadon, de Drácula – A História Nunca Contada, 2014) manteve a poesia, principalmente na conclusão, lembrando o clássico Em Algum Lugar do Passado (1980) e até Eternamente Jovem (1992), de Steve Miner. James Franco e Daniel Webber são os grandes destaques no âmbito das atuações, mostrando versatilidade do primeiro e segurança do segundo. Em oito episódios, bem feitos – aspectos técnicos impecáveis, como na recriação da década de 60 -, mesclando suspense, drama, mistério e romance na medida certa, 11.22.63 merece uma oportunidade tanto literária quanto na versão para a TV, mesmo que seja para depois dizer o que você teria feito de diferente na adaptação ou até mesmo no mundo.

11.22.63

“Todo mundo vai saber quem eu sou agora.” (Lee Harvey Oswald)

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

4 thoughts on “11.22.63 (2016)

  • 15/09/2019 em 10:16
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    Me decepcionei com a adaptação. Retiraram muito do que era essencial para a trama, a FC como a parte das inumeras viagens e suas consequências, a política baseada em questões reais, humanização de Lee e sua esposa, a rotina na escola e na propria decada de 50, e encheram com melodrama.

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  • 25/07/2016 em 12:48
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    Putz… será que fui o único a perceber os furos grotescos no roteiro dessa trama?

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  • 21/07/2016 em 12:30
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    concordo! Uma das melhores adaptações das obras de Stephen king, e uma das melhores mini séries desse ano, essa série deve ser recomendada a todos que curte romance, drama e investigação.

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  • 21/07/2016 em 08:58
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    Um dos melhores livros de Stephen King e uma das melhores adaptações.

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