Les Revenants – 2ª Temporada
Original:Les Revenants – Season Two
Ano:2015•País:França Direção:Fabrice Gobert, Frédéric Goupil Roteiro:Fabien Adda, Fabrice Gobert, Coline Abert, Audrey Fouché Produção: Elenco:Anne Consigny, Clotilde Hesme, Frédéric Pierrot, Céline Sallette, Grégory Gadebois, Guillaume Gouix, Pierre Perrier, Yara Pilartz, Ana Girardot, Jenna Thiam, Swann Nambotin, Jean-François Sivadier |
Seria uma tarefa praticamente impossível manter os mortos calados por muito tempo. O sucesso da primeira temporada, arrecadando prêmios e sendo considerada uma unanimidade entre os críticos, pedia uma continuação, um retorno ao vilarejo francês em busca de mais respostas. Mas, o que ninguém esperava era uma demora de três anos para a sua realização, e a manutenção quase que completa do elenco principal, além de um conteúdo capaz de sustentar mais oito episódios. A boa notícia é que Les Revenants soube explorar outros mistérios e responder muitas das perguntas deixadas no final da primeira temporada; por outro lado, trouxe novos questionamentos e não teve o mesmo carisma de outrora, embora a ousadia de certas intenções seja digna de aplausos.
Para quem não se lembra, a primeira temporada terminou de maneira assustadora, com a aparição de uma multidão de mortos, escondidos em silhuetas negras, para buscar aqueles que saíram de seus túmulos. Como alguns vivos já se sentiam acostumados com o retorno, optaram por acompanhar os demais, como é o caso de Julie (Céline Sallette), que não queria abandonar o estranho Vítor/Louis (Swann Nambotin), e Claire (Anne Consigny), a mãe da retornada Camille (Yara Pilartz). Liderados pela garçonete Lucy (Ana Girardot), que disse que todos queriam apenas o filho que Adèle (Clotilde Hesme) esperava de Simon (Pierre Perrier), os mortos não conseguiram seu intento e foram obrigados a se afastar dali. Na manhã seguinte, todos os policiais desapareceram e a cidade novamente estava embaixo d´água, com um provável nova destruição da barragem.
A 2ª temporada se passa seis meses após o final da primeira, com Adèle sendo levada ao hospital de ambulância para dar à luz`a criança, após uma queda em sua residência. Os socorristas estranham a dificuldade em sair da cidade, com todos os caminhos conduzindo a lugar algum, e são obrigados a buscar abrigo em um hospital da cidade. Tomada pelos militares, que não entendem a inundação (a barragem está intacta) e nem o fato da água não baixar, o local foi abandonado por grande parte dos moradores, deixando para trás uma cidade-fantasma, onde um cervo é visto com marcas de mordidas humanas pelo corpo.
Pierre (Jean-François Sivadier) continua cuidando do instituto Mão Amiga, mas está convicto de que os mortos não são os mesmos de quando eram vivos. Quando Toni (Grégory Gadebois) retorna desorientado, Pierre o prende em um porão e realiza torturas em busca de respostas sobre o paradeiro dos outros. Também em busca dos que se foram, Jérôme (Frédéric Pierrot) não é mais vítima da bebida, mas sustenta uma barba e uma parede em sua casa onde mantém dados de todos os que voltaram, tentando um padrão que informe sobre o retorno de Camille e a localização de sua esposa. Já Lena (Jenna Thiam), irmã gêmea de Camille, está a seu modo, procurando informações, animada pelo retorno de Toni e de outros mortos como Audrey (Armande Boulanger), que estava no mesmo ônibus acidentado, e o temível Milan (Michaël Abiteboul), pai de Serge (Guillaume Gouix), o assassino do túnel.
Audrey, cuja mãe Sandrine (Constance Dollé) não entendia na primeira temporada o motivo de só Camille ter voltado, é resgatada por Lucy e levada à comunidade dos mortos, um trecho da cidade isolado pela inundação. É lá que estão todos os velhos conhecidos, vigiados por uma legião de mortos inexpressivos, “aqueles que voltaram, mas não tinham ninguém esperando.” Claire, Camille e Julie tentam encontrar meios de voltar para a civilização, uma possibilidade somente permitida para alguns como Simon, autorizado a ir ao encontro de seu bebê para trazê-lo ao local, antes que os militares descubram o esconderijo e eles tenham que fugir.
Além dessas tentativas de reencontro, a segunda temporada também traz novos personagens – como Berg (Laurent Lucas) em busca de uma pessoa falecida, o morto Virgil (Ernst Umhauer) e os pais e o irmão de Victor – e novos mistérios. Por que os policiais foram encontrados presos em árvores com o corpo devorado? O que seria aquele grande buraco que surgiu na mata e que parece esconder uma criatura? Para ajudar nas teorias, novamente a narrativa, bem dirigida por Fabrice Gobert e Frédéric Goupil, dedica episódios para cada personagem e ainda traz flashbacks com detalhes sobre o menino Victor, que demonstra ter a capacidade de ver o futuro em sonhos, retratados em desenhos, e dos conflitos de Serge e Toni, justificando as ações do assassino.
Há mais momentos aterrorizantes como aquele que envolve o retorno de todas as vítimas de Serge, e a ideia sugerida de que Victor possa ser o Diabo. Traz respostas sobre a evolução dos mortos (falta de sono, muito apetite, silenciosos), porque alguns estavam se decompondo no final da temporada, e reduz a força de duas personagens, consideradas líderes no começo: Lucy e a madame Costa (Laetitia de Fombelle). É interessante também a aproximação da série dramática com os zumbis comedores de carne humana ao explicar essa ação pela voracidade extrema.
Por outro lado, os três anos que se passaram de uma temporada para outra são evidentes no crescimento das crianças, Victor e Chloe (Brune Martin), na mudança dos cortes de cabelo, envelhecimento do elenco e até ganho de peso. E isso é prejudicado pelos flashbacks, que destoam daqueles mostrados na primeira temporada, o que diminui a veracidade dos acontecimentos. A única que parece a mesma, embora tenha ganhado alguns quilos, é a que interpreta Camille. São detalhes que não destroem o conteúdo, mas o deixa mais fraco.