O Monstro Sanguinário
Original:Monster on the Campus
Ano:1958•País:EUA Direção:Jack Arnold Roteiro:David Duncan Produção:Joseph Gershenson Elenco:Arthur Franz, Joanna Cook Moore, Judson Pratt, Nancy Walters, Troy Donahue, Phil Harvey, Helen Westcott, Alexander Lockwood, Whit Bissell |
Quando a Universal Pictures resolveu abandonar de vez os velhos monstros clássicos do horror e finalmente entrar na “era moderna da ciência“, criou alguns dos mais cultuados e divertidos filmes fantásticos dos anos 50. Como na época a famosa produtora não estava em seus melhores dias, vindo de uma sequência assustadoramente desgastada de produções de terror que mal cobriam os gastos mais básicos da produção, o estúdio entrou na onda dos filmes B de horror/sci-fi, então a grande febre do momento, e um sujeito chamado Jack Arnold foi um dos principais encarregados de lançar essa nova safra maldita: quem não conhece clássicos como A Ameaça que Veio do Espaço (1953), O Monstro da Lagoa Negra (1954), Tarântula (1955), O Incrível Homem que Encolheu (1957)? Também é de sua responsabilidade uma pérola menor, rodada em 1958 e chamada O Monstro Sanguinário (Monster on the Campus), que, junto com as demais, representa perfeitamente o espírito da época não só nos pequenos estúdios, como também nos grandes. O resultado é que hoje chamamos muitos desses filmes de trash e os adoramos. É o caso de Monster on the Campus, cujo título original era um batido Monster in the Night. Antecipando o grande sucesso dos filmes voltados a audiências jovens, “teen“, que já começavam a infestar os cinemas de então, os produtores optaram por um título mais comercial (vide Herman Cohen e seus Teenage Monsters). Assim, que lugar melhor para um monstro atacar que os arredores de um campus universitário?
O monstro, na verdade, é um bizarro homem de neanderthal que vem à tona e toma física e mentalmente a personalidade do Dr. Donald Blake (Arthur Franz), de uma Universidade da Califórnia, depois de um acidente em que o cientista fere sua mão nos dentes de um grotesco peixe pré-histórico, cujo sangue havia sido alterado em experiências envolvendo raios gama. Antes, esse mesmo peixe já havia causado distúrbios num até então dócil e pacífico cão Pastor Alemão, que lambera o líquido em que o espécime havia sido transportado, e num mosquito comum que, depois de sugar seu sangue, se transforma numa coisa enorme e grotesca, do tamanho de um pássaro grande (aqui, um dos grandes momentos trash do filme). A transformação do cientista em homem-fera é esporádica, acontecendo sempre quando menos se espera e causando grandes problemas para as pessoas e autoridades locais, que desconhecem o monstro e não imaginam que ele possa ser um tranquilo e pacato professor de zoologia.
É impressionante como é tosca e primária a visível máscara de látex recheada de pelos do monstro do campus (interpretado pelo ator Eddie Parker), rendendo divertidas sequências que não devem nada às películas de fundo de quintal que eram produzidas aos montes nesse período, sem falar do enorme peixe pré-histórico e do mosquitão de borracha que aparece no meio do filme. A história, no fundo, não passa de uma variação do tema do lobisomem, vista sob uma ótica modernizada, mas não muito convincente. Ótica que, por sua vez, enquadra o mito ainda mais recente da freudiana quebra de personalidade, então tornada clássica na famosa novela de Robert Louis Stevenson, “O Médico e o Monstro“, do finzinho do século XIX. Tudo o mais é pura diversão, nesta película que, além de tudo, ainda traz ecos de um filme similar, The Neanderthal Man, de E. A. Dupont, produzido em 1953.
Legal.