Grito de Horror VI (1991)

4.8
(4)

Grito de Horror VI
Original:Howling VI: The Freaks
Ano:1991•País:UK
Direção:Hope Perello
Roteiro:Kevin Rock
Produção:Robert Pringle
Elenco:Brendan Hughes, Michele Matheson, Sean Sullivan, Antonio Fargas, Carol Lynley, Bruce Payne, Gary Carlos Cervantes, Deep Roy

Caso a carroça do Professor Lampini (George Zucco) não tivesse ficado atolada, o circo de aberrações continuaria com o seu espetáculo que, entre outras atrações, incluía os restos mortais de Drácula (John Carradine). Esse conceito curioso, desenvolvido por Edward T. Lowe Jr. e Curt Siodmak para o filme A Casa de Frankenstein, de 1944, de Erle C. Kenton, era só uma desculpa para a inclusão do famoso vampiro no novo encontro entre o Lobisomem (Lon Chaney Jr.) e a Criatura de Frankenstein (Glenn Strange). O sexto filme da franquia Grito de Horror aproveita essa ideia para aprisionar um lobisomem na trupe e atrair curiosos, pois sabe que um animal, meio-homem, meio-lobo, com a inspiração da Lua Cheia, não é fácil de se manter em cativeiro.

Mais um filme da extensa série, levemente baseada na trilogia escrita por Gary Brandner. Como os anteriores, a partir do terceiro, este também não traz relação alguma com o clássico de Joe Dante, aproveitando apenas o título original para a realização de um longa que poderia ter vida própria. Desta vez, não houve o envolvimento de Freddie Rowe, nem muito menos Clive Turner, ambos que participaram diretamente dos últimos dois. Dirigido pelo estreante Hope Perello, a partir de um roteiro do novato Kevin Rock, Grito de Horror 6 tinha até potencial para se transformar em um filme mais interessante, porém optou por colocar monstros em confronto ao invés de explorar o lado voraz do Lobisomem.

Depois de um ataque inicial, que culmina com a morte de uma jovem que carregava seu ursinho de pelúcia – embora apresente ter uma idade mais avançada do que a proposta -, Ian Richards (Brendan Hughes, que atuou como “lobisomem” em Um Lobisomem Americano em Londres) é visto sem rumo por uma estrada deserta. Ele chega à sonolenta cidade Canton Bluff, com apenas 15 dólares no bolso e a disposição para encontrar emprego e moradia. É mal recebido pelo xerife Fuller (Gary Carlos Cervantes), como era de se esperar em qualquer filme de terror, mas consegue o apoio do pastor Dewey (Jered Barclay), que precisa de ajuda para a reforma da capela, oferecendo moradia e a filha Lizzie (Michele Matheson). Não, na verdade, só o emprego, mas é de se estranhar a oferta dada a um estranho, quando você mora sozinho com sua filha, uma loirinha cheia de vitalidade.

Mesmo a garota demonstrando interesse no desconhecido, Ian se sente mais atraído pelo circo de aberrações que se estabelecera no local, sob o comando de R.B Harker (o sempre vilão Bruce Payne). É claro que existe uma razão particular para essa aproximação, mas Harker está mais disposto a convocar novos monstros para seu espetáculo, como o homem-jacaré Winston Salem (Sean Gregory Sullivan). Para isso, o vilão tem a seu dispor capangas agressivos como o comedor de galinhas Bellamey (Antonio Fargas) e a meio-homem, meio-mulher (literalmente) Carl / Carlotta (Christopher Morley), além de um anão, claro. Após uma visita ao local, com Lizzie já demonstrando interesse em Ian, a transformação se torna iminente. Quando isso acontece, sob a testemunha dos asseclas de Harker, logo ele será convocado a participar do show de horrores, mesmo contra a própria vontade.

Não há nada de especial na transformação, comandada por Steve Johnson, com a supervisão de ninguém menos do que Rick Baker. O crescimento do pé e das mãos, da coluna, e o surgimento de pelos já não impressionam mais como no início da década anterior. E o produto final, um lobisomem que mais parece a Fera, de A Bela e a Fera, também não é muito atraente para o subgênero. Por outro lado, as demais maquiagens, como a do Winston e a do Sr.Toones (Deep Roy), que possui um mini-braço, são até bem realizadas. Mas, a melhor de todas é sem dúvida a do vampiro – sim, temos também um -, com um aspecto bem horrendo, lembrando Kurt Barlow, de Os Vampiros de Salem´s Lot, e também o Creeper, de Olhos Famintos.

O conceito do lobisomem aprisionado em um circo de horrores poderia desenvolver um filmaço, se a perspectiva fosse do público. Como o espectador acompanha a trajetória do herói, ele acaba perdendo a força que poderia ter. E a necessidade de criar um confronto com um inimigo poderoso só daria certo se a briga no terceiro ato fosse digna do que se espera. Ao final, tudo se resolve de maneira adequada para o enredo, sem surpreender.

Não tão pavoroso quanto as duas primeiras sequências, Grito de Horror 6 volta a lidar com o “lobisomem do bem“, visto anteriormente com os marsupiais. Fere qualquer possibilidade interesse quando a criatura assassina é nada mais do que um cão doméstico.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

3 thoughts on “Grito de Horror VI (1991)

  • 19/06/2023 em 11:09
    Permalink

    Pra mim uma das melhores sequências (não concordo com a critica), lembro que a primeira vez que eu vi o filme foi no saudoso Cine Sinistro na Band

    Resposta
  • 16/04/2018 em 01:30
    Permalink

    ” Grito de Horror 6 ” de 1991 está na minha coleção em VHS !

    Resposta

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