Os Vampiros de Salem´s Lot (1979)

4.9
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Os Vampiros de Salem´s Lot
Original:Salem´s Lot
Ano:1979•País:EUA
Direção:Tobe Hooper
Roteiro:Stephen King, Paul Monash
Produção:Richard Kobritz
Elenco:David Soul, James Mason, Lance Kerwin, Bonnie Bedelia, Lew Ayres, Julie Cobb, Elisha Cook Jr., George Dzundza, Ed Flanders, Clarissa Kaye-Mason

Aos oito anos de idade, um jovem teve uma assustadora visão: um homem pendurado sobre o braço de um andaime em uma colina, com a identificação Robert Burns. Quando o vento agitou o corpo seco, ele pode perceber que era seu próprio rosto, apodrecido e devorado por pássaros. O cadáver, então, abriu o que restava de seus olhos e o enxergou como testemunha de seu último leito, acordando o pequeno Stephen Edwin King em desespero. No livro Dança Macabra, o autor já sentia que isso deveria fazer parte de alguma futura publicação sua, usando o argumento numa passagem narrativa da obra A Hora do Vampiro (Salem´s Lot), oficializada em 17 de outubro de 1975.

Foi a segunda novela oficial do autor, e a primeira a receber indicações a prêmios, como World Fantasy Award, em 1976. Foi escrita durante a época da faculdade, ainda com o título Second Coming, quando King imaginava um possível retorno de Drácula, nos tempos atuais em Nova York. Posteriormente, alteraria os rumos para uma cidade pequena, a tal Jerusalem´s Lot, sugerida por sua esposa Tabitha, estabelecendo o Maine como centro de seu horror literário. A primeira adaptação viria quatro anos depois, na direção de um até então violento Tobe Hooper, de O Massacre da Serra Elétrica (74) e Eaten Alive (76).

Com os direitos sobre as 400 páginas de A Hora do Vampiro, a Warner Bros. planejava a realização de um filme, roteirizado por Robert Getchell e sob o comando de Larry Cohen. Apesar do interesse de vários realizadores, King sentia uma dificuldade no desenvolvimento do roteiro. Assim, a produtora passou o projeto para a área de televisão com a possibilidade de transformá-lo numa minissérie, desta vez escrita por Paul Monash, já experiente com o formato. Pela CBS-TV, teve a exibição oficial de sua primeira parte, dois episódios, no dia 17 de novembro de 1979, conquistando boas críticas e uma posição futura entre as melhores produções de vampiros de todos os tempos.

E as justificativas pela boa aceitação se devem à atmosfera de uma cidade pequena que começa a sucumbir a uma ameaça sobrenatural. O escritor Ben Mears (David Soul) retorna à sua cidade natal, Salem´s Lot (uma abreviação dos nativos a Jerusalem´s Lot), com um interesse particular na Mansão Marsten, localizada no alto de uma colina, próxima à placa que indica pouco mais de 2000 mil habitantes. Apesar do interesse, ele é avisado pelo dono da imobiliária local, Larry Crockett (Fred Willard), e sua secretária, Bonnie Sawyer (Julie Cobb), que a casa já foi comprada pelo recém-chegado Richard Straker (James Mason), que, juntamente com seu sócio, Kurt Barlow, planeja abrir uma loja de antiguidades na região.

Mears se estabelece na pensão de Eva Miller (Marie Windsor) e logo conhece a bela Susan Norton (Bonnie Bedelia), que tinha um relacionamento conturbado com o agressivo Ned Tebbets (Barney McFadden). Ela é filha do Dr. Bill Norton (Ed Flanders), um dos primeiros a notar estranhos sintomas entre os moradores da cidade: fraqueza e anemia. O terror começa a se desenvolver quando Straker traz ao local uma imensa caixa vinda da Europa e que esconde um vampiro ancião, o tal sócio do misterioso homem. Crianças começam a desaparecer, como Ralphie Glick (Ronnie Scribner), oferecido ao monstro, até culminar na famosa cena – e considerada uma das mais assustadoras de todos os tempos – em que ele visita flutuando pela janela, envolta em neblina, seu irmão Danny (Brad Savage). Logo o mal irá se espalhar pelo vilarejo, alcançando o coveiro Mike Ryerson (Geoffrey Lewis) e Ned, na prisão, na primeira aparição do terrível vampiro.

Como uma besta horrenda, de pele azulada e acinzentada e imensos dentes, remetendo obviamente a Nosferatu, o mudo Barlow tem uma caracterização aterradora, aparecendo aos poucos nos mais de 180 minutos da minissérie. Hooper acerta ao escondê-lo nas trevas, entre sombras e as mãos em garra. Os demais vampiros, com os olhos iluminados, também dão o tom de terror à produção, com destaque para a cena que envolve o retorno de uma mulher no necrotério. Eles são fracos à luz do sol, e se sentem ameaçados pela cruz, tendo em Straker sua defesa durante o dia.

Ainda que Ben Mears seja o foco da produção pelo interesse na mansão que foi palco de seu pesadelo infantil, similar ao de King, é impossível ignorar o jovem Mark Petrie (Lance Kerwin). Fã assumido de terror, com pôsteres no quarto de O Lobisomem (41) e Frankenstein (31), entre máscaras e bonecos, ele representa o interesse por vingança, depois da perda dos pais no ataque da criatura. Ele se une a Mears no combate aos vampiros, na invasão ao centro do Mal, permitindo referências à diversas produções vampíricas posteriores, como A Hora do Espanto, de 1985.

O sucesso de Os Vampiros de Salem´s Lot foi uma grande influência ao vampirismo no cinema, nas décadas seguintes. Embora datada, a minissérie serviu de inspiração para outros sugadores, além da fraca continuação, lançada em 1987, e da refilmagem de 2004. Ela foi lançada em DVD no Brasil pela Versátil Filmes, permitindo que você possa acessar esse cult vampírico e assombrar seus próprios pesadelos, mesmo depois de crescido.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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