Predador
Original:Predator
Ano:1987•País:EUA, México Direção:John McTiernan Roteiro:Jim Thomas, John Thomas Produção:John Davis, Lawrence Gordon, Joel Silver Elenco:Arnold Schwarzenegger, Carl Weathers, Kevin Peter Hall, Elpidia Carrillo, Bill Duke, Jesse Ventura, Sonny Landham, Richard Chaves, R.G. Armstrong, Shane Black |
Quando a tênue divisão dos gêneros ficção científica e horror foi absolutamente destruída – há quem aponte para os clássicos Alien, o Oitavo Passageiro (1979) e Enigma de Outro Mundo (1982) -, foram desenvolvidas produções interessantes que traziam invasões alienígenas e até missões espaciais em que o Medo era o principal condutor das experiências. Assim, essa quebra de gêneros e subgêneros também permitiu a mescla com outros estilos, exemplificado na combinação de ficção científica com western (vide Westworld) e scifi com aventura e/ou guerra. São inúmeros os exemplos que até dificultam uma genealogia exata dessas misturas, mas sabe-se apenas que elas são bem-vindas quando envolvem entretenimento e possibilidades curiosas. Predador nasceu de uma piada bem digerida, desenvolvendo um inimigo que desafiaria as fronteiras do cinema e se tornaria um dos ícones da aclamada galeria dos monstros contemporâneos.
Essa anedota surgiu com o lançamento de Rocky IV, em 1985, quando houve quem dissesse que não existiria um oponente humano capaz de vencer Rocky Balboa. Quem sabe um de outro mundo? Foi a partir dessa brincadeira que os irmãos Jim e John Thomas escreveram o roteiro de um projeto inicialmente chamado de Hunter ou The Hunters para a 20th Century Fox, conforme informou o até então provável diretor Geoff Murphy em uma entrevista na época. Era imaginado desde o princípio que Arnold Schwarzenegger seria o protagonista, mas havia o desejo que o predador fosse interpretado pelo astro Jean-Claude Van Damme. Este desistiu devido a dificuldade do uso dos trajes, enquanto a cadeira de diretor foi passada para John McTiernan, que havia feito Delírios Mortais (1986) e já se interessava pela realização de Duro de Matar (1988).
A intenção dos roteiristas iniciantes era fazer um Comando para Matar (1985) com uma criatura sobrenatural, e realmente chegaram bem perto disso. A primeira metade do longa envolve apenas um grupo de soldados numa aparente missão de resgate, alternando vez ou outra pela visão térmica de um observador atento. Comandados pelo experiente Dutch (Schwarzenegger), o esquadrão de elite está numa floresta na América Central com o objetivo de salvar um oficial, mantido como refém por guerrilheiros. Acompanhados pelo agente da CIA Dillon (Carl Weathers, o Apollo Creed da franquia Rocky), que tem intenções diferentes do que foi proposto inicialmente, e Dutch, há Mac (Bill Duke, de Comando para Matar, 1985), o coração da equipe, visto sempre se barbeando e proferindo poesias para a Lua; Billy (Sonny Landham, que teve uma ponta em Poltergeist: O Fenômeno, 1982), que conhece a selva e é o mais eficaz na procura de rastros e trilhas; Blain (Jesse Ventura, um conhecido lutador de luta-livre que faria no mesmo ano O Sobrevivente, também com Schwarzenegger), o mais agressivo, não poupando na violência e no exagero; Poncho (Richard Chaves, de A Testemunha, 1985), o racional e consciente; e Hawkins (Shane Black, que se tornaria o diretor do novo O Predador, 2018), o piadista do grupo, que conta suas piadas e depois as explica para fazer graça.
Assim que são deixados na mata e começam a traçar o perímetro, eles encontram um helicóptero abatido e o corpo de um velho conhecido de Dutch, Green Berets, com quem realizou tarefas no Fort Bragg. Eles chegam a um acampamento de guerrilheiros, com o estranho envolvimento da inteligência soviética, e matam todos os inimigos, à exceção de uma garota mexicana, Anna (Elpidia Carrillo, presente também na continuação Predador 2 – A Caçada Continua, 1990), levada com o grupo para adquirir informações. Quando descobrem a traição de Dillon, que aponta a verdadeiro propósito da missão, Dutch e os demais seguem para o local de extração. Mas, e o predador? Ele está presente o tempo todo, estudando os soldados e deixando rastros de corpos sem pele, pendurados em árvores.
Não é visualizado pelos demais nem pelo espectador, fazendo uso de seu recurso de camuflagem – uma ideia muito bem desenvolvida no enredo, uma vez que essa é a principal defesa de soldados em conflitos -, mas resolve agir quando Anna tenta fugir e é perseguida por Hawkins, a primeira vítima do alienígena. “El Diablo cazador de hombres” e “El cazador trofeo de los hombres“, como Anna diz que uma mulher o chamava em seu vilarejo, continua à espreita, atacando cada membro da equipe no segundo ato, agindo como um “fantasma“, violento e inteligente. As armadilhas desenvolvidas e os enfrentamentos, como na briga de Mac com um porco-selvagem, parecem não ser capazes de vencer esse vilão voraz, que utiliza uma arma de laser, com três sinais vermelhos, e garras de metal, para eliminar os inimigos. Após mais de uma hora de perseguição e busca por um meio de escapar dali, Dutch assume as rédeas para combater o ser alienígena. O conflito entre os dois funciona como um filme isolado, uma batalha sangrenta e selvagem, em que a sobrevivência exigirá inteligência e camuflagem, armadilhas e muita coragem.
Além do interessante aspecto da criatura, travestida por Kevin Peter Hall, com uma máscara respiratória que esconde uma aparência monstruosa, os efeitos especiais são muito bem realizados, graças à equipe orientada pelo mestre Stan Winston (o mesmo de Aliens, o Resgate, 1986) – tanto que o longa recebeu uma indicação ao Oscar por Efeitos Visuais, perdendo para Viagem Insólita. O alienígena utiliza uma tecnologia curiosa que envolve armas como uma lança e diversos acessórios para tratar de ferimentos. Ele é forte e ágil, evidenciando a característica que seria mantida com o personagem de caçar troféus – lê-se crânios – para uma galeria pessoal. Com o tempo e os filmes, mais detalhes de sua personalidade guerreira serão apresentadas para torná-la mais rica e uma importante referência dentre os alienígenas mais marcantes do cinema.
Predador dividiu opiniões na época. Nem toda a crítica aceitou muito bem sua concepção exagerada e a mistura de gêneros, assim como os velhos clichês de sobrevivência na floresta e filmes de monstros. McTiernan sempre assumiu que trata seus trabalhos com inspiração no que há de melhor. Então, além dos evidentes Platoon (1986) e Apocalypse Now (1979), lembrados no ritual de combate, incluindo a fuga pela água, e até na chegada dos helicópteros ao som de “Long Tall Sally“, de Little Richard, há também pitadas de Monstro do Ártico (1951) no conceito de utilização de um inimigo solitário como desafiador de um grupo. Vale menção também a seleção de diálogos espertos, alguns típicos da filmografia de ator austríaco (“Fique grudado aí“, depois de atirar uma faca no inimigo) e outros com base em produções de guerra (“Você está sangrando!“, “Não tenho tempo para sangrar!“), o que permite sentir a presença do produtor Joel Silver, também como um observador atento, camuflado em referências.
Em meio a uma aventura divertida, com uma trilha excepcional de Alan Silvestri, que se tornaria marca da franquia, é claro que despontam algumas falhas no enredo que são facilmente percebidas. Não explica como Dutch conseguiu diversas facas para preparar uma armadilha contra o predador, nem a sua fuga de uma explosão com aspecto atômico. Também não há preocupação em desenvolver os personagens, colocando-os de imediato em tiroteios e destruições, o que dificulta a preocupação do público quanto ao destino que lhes reserva. Ignorando suas falhas e se atendo apenas à crítica política ao governo Reagan no espelho de uma carnificina, além do combate ao monstro, o que resta é um filmaço sempre lembrado dentro dos gêneros Ficção Científica, Guerra e Horror, tanto que dele surgiram crias, uma delas já em 1990.
Clássico nota 10 isso e anos 80 puro não se faz mais filme como esses só filhinho de super herói politicamente correto
“Critica ao Governo Reagan”. A esquerdinha caviar criada com leite de pera pela a mamãe como sempre tentando lacrar. O Governo Reagan foi um dos mais prósperos do USA no século XX. Bom deve ser os corruptos, desonestos e vis governos da esquerda latinoamericana.
Próximo comentário com a palavra “lacrar” vou apagar sem dó. Que gente chata, puta merda.
Um dos filmes que mais aterrorizaram a minha infância, eu não tinha medo do Jason, nem do Fred Krueger, meu medo era o Predador.
Marcelo!
Parabéns pelo site e sucesso! Só um adendo na questão das facas, que infelizmente desde a época do lançamento do filme no cinema os ‘críticos’ falam e escrevem esse detalhe, mas é só prestar atenção que ele tem apenas uma faca, e com essa faca ele faz várias pontas em pedaços de madeira para fazer uma armadilha a moda indígena. No mais é um dos melhores filmes da década de 80 e como citou o infernauta acima o Arnold em plena forma, uma pena que depois de mais alguns filmes enveredou pela política, mas é o Arnold e ele tem bastante crédito rsrsrs!!! Abraço!
Filme excelente,clássico !!!
Clássico absoluto !!!!
Filme fantástico.
Schwarzenegger em sua melhor forma, McTiernan botando para quebrar e isso tudo bem apimentado com uma trilha sonora do Alan Silvestri. O que esperar mais de um épico filme de violência dos anos 80?
Predador é clássico inquestionável do segmento. Testosterona pura.
Para aqueles que estão empolgados com uma versão repaginada desse clássico, prefiro rever mais uma versa trupe do maj Dutch nas selvas da América Central.
Boa matéria… Predador realmente é um filmaço, e que não me canso de assistir de tempos em tempos. Tenho até uma tattoo, hehe. Boas perspectivas para esse 2018.