O Estranho Thomas
Original:Odd Thomas
Ano:2013•País:EUA, UK Direção:Stephen Sommers Roteiro:Stephen Sommers, Dean R. Koontz Produção:John Baldecchi, Howard Kaplan, Stephen Sommers Elenco:Anton Yelchin, Ashley Sommers, Leonor Varela, Matthew Page, Casey Messer, Barney Lanning, Nico Tortorella, Kyle McKeever, Willem Dafoe, Addison Timlin |
Estranhamente, eu demorei muito para ver a adaptação de Odd Thomas. Seja pelo nome pouco animador de Stephen Sommers no comando ou pela prematura e estranha morte do ator Anton Yelchin, em 2016, é bem da verdade que eu ignorei as críticas positivas e apenas filtrei suas falhas para deixá-lo guardado em algum lugar como uma oportuna falta de opção. Mesmo quando o filme chegou a Netflix e eu o deixei reservado na minha lista, ao lado de produções de horror da Argentina e documentários, as aventuras do rapaz que vê pessoas mortas realmente não me interessavam. Eis que chegou finalmente o dia! Depois que o filme que pretendia ver em DVD apresentou sérias falhas no áudio, e incomodado pela situação e sonolento, resolvi dar uma oportunidade ao trabalho de Dean R. Koontz.
Conhecia seu nome de outros roteiros estranhos: Geração Proteus (1977), Watchers – O Limite do Terror (1988) e Fantasmas (1998). Sabia que ele havia feito uma série de livros com o personagem Odd Thomas, e ele era uma referência em sua produção literária, com fãs apaixonados e loucos por vê-lo em cena. A escolha de Anton Yelchin foi bem aceita, assim como Willem Dafoe, no papel de um agente, e da carismática Addison Timlin, a namorada do herói. Apesar das boas expectativas, o longa teve passagem por diversos festivais em 2013, uma estreia discreta em alguns cinemas até seu lançamento em DVD. Por alguma estranha razão, não fez sucesso o suficiente para iniciar uma franquia, e o interesse de Hollywood se esfriou intensamente. Será que eu fiz bem em demorar tanto para vê-lo? Vejamos…
Numa pequena e sonolenta cidade californiana vive o jovem Odd Thomas (Yelchin), tendo que lidar com sua capacidade de ver o que ninguém mais consegue e o olhar de repulsa dos demais cidadãos. “Eu vejo pessoas mortas, mas, por alguma razão divina, eu faço alguma coisa a respeito.” Ele é como o garotinho que conversava com Bruce Willis em O Sexto Sentido (1999), porém, costuma ajudar os fantasmas a resolver seus crimes. Para exemplificar, ele recebe a visita de Penny Kallisto ( Ashley Sommers), e ela – silenciosamente como todas as assombrações que o visitam – o conduz até seu assassino, Harlo Landerson (Matthew Page). Perseguição pela cidade, com a câmera de Sommers insistindo em desacelerar em algumas situações, uma briga numa festa resulta na confissão e prisão do estuprador, contrariando os desejos do chefe de polícia Wyatt Porter (Dafoe), que preferia que ele deixasse o trabalho para a lei.
Além de ajudar os mortos, Odd trabalha num restaurante e mantém uma boa relação com a bela Stormy (Timlin), que conhece os poderes do namorado e tenta ajudá-lo com o conforto que ele precisa, principalmente quando o rapaz vê algo além de assombrações perdidas: os bodachs são criaturas espectrais que farejam a morte e anunciam a eminência de uma tragédia. Ao notar um número excessivo de exemplares ao redor de um homem na cidade, Odd usa suas habilidades psíquicas para segui-lo até sua morada, onde ele mantém fichas de famosos assassinos em série, levando o jovem a acreditar que algo imenso está prestes a acontecer na cidade.
Odd é constantemente atormentado por visões e sonhos, assim como sua colega de trabalho, Viola (Gugu Mbatha-Raw), que teme que algo ruim possa acontecer com ela. Em sua narrativa, ele chega a dizer que as tragédias são inevitáveis, mas ele tenta de todas as maneiras abrandá-las, salvando algumas pessoas para evitar algo maior. Embora os bodachs sejam invisíveis – e gostam de manter essa discrição -, eles conseguem possuir aquelas pessoas que lhe servem no propósito de conseguir mais vítimas. Se elas perceberem que você consegue vê-las, sua vida está em risco.
Como em sua trajetória cinematográfica, Sommers explora o humor e os efeitos especiais exagerados, que sempre incluem a boca escancarada dos monstros. O orçamento, na casa dos U$27 milhões, é bem abaixo do que ele costumava usar nas franquias da Múmia e no terrível Van Helsing: O Caçador de Monstros (2004), e ele tenta criar uma aventura sobrenatural ao estilo Os Espíritos, de Peter Jackson, com doses de romantismo num mundo de assombrações. Consegue até certo ponto, uma vez que o filme diverte sem ir além de suas possibilidades, sem ousar mais do que o necessário. Em certos momentos, como o da sequência no shopping e “o coração de metal“, lembra um filme de herói, seduzindo o espectador para episódios ainda mais intensos.
O Estranho Thomas é realmente um dos melhores trabalhos de Sommers – e isso, por si só, já soa estranho. Não me arrependo por ter esperado tanto tempo para vê-lo, pois haveria uma grande chance que eu ficasse ansioso por uma continuação e lamentasse ainda mais a perda do jovem ator. Vale a investida, se ignorar os trabalhos anteriores do diretor – à exceção de Tentáculos – e tiver consciência de que você estranhamente pode gostar dele.
Achei esse filme perfeito e teria muita margem para continuações e até um seriado, triste por pela morte do ator e pelos problemas com a distribuição do filme que acabaram com essa oportunidade. Ótimo filme.
Li o livro um tempo atrás e o Odd se tornou um dos meus personagens favoritos da literatura. Ele é um herói puro e simples, no mais básico e romantizado uso do termo. Ele é um cara bom. Ele chega a ser bidimensional de tão simples e honesto que é. E o Yelchin foi a escolha mais perfeita possível pro papel, não tinha nenhum outro ator que pudesse colocar essa bidimensionalidade encantadora na tela.
E eu não consegui terminar de ver o filme. Ele é tão literalmente idêntico ao livro que acho que não se deram ao trabalho de escrever um roteiro pra ele. Isso faz alguns anos, já. Vou dar uma segunda chance ao filme. E seguir adiante na série de livros.
Os livros do Koontz são divertidos, ele é um cara que se empolga com a própria obra, já li uns 3 ou 4 trabalhos dele. Ele é um Stephen King pobre. E isso é um elogio.