Tau
Original:Tau
Ano:2018•País:EUA Direção:Federico D'Alessandro Roteiro:Noga Landau Produção:Russell Ackerman, Terry Dougas, David S. Goyer, Paris Kasidokostas Latsis, John Schoenfelder, Kevin Turen Elenco:Maika Monroe, Ed Skrein, Gary Oldman, Fiston Barek, Ivana Zivkovic, Sharon D. Clarke, Ian Virgo, Paul Leonard Murray, Dragoljub Ljubicic, Irene Chiengue Chiendjo, Greg De Cuir, Danijel Korsa |
Na crítica sobre Macacos Assassinos (2013), comentei que este havia sido um dos pecados do início de carreira da promissora Maika Monroe. Além de bonita e carismática, a atriz começou a se destacar, entre os fãs de horror, quando fez o longa Corrente do Mal (It Follows, 2014), passando pela ficção A 5ª Onda (2016) e aparecendo no blockbuster Independence Day: O Ressurgimento (2016), até se enveredar por outros gêneros, mostrando uma versatilidade interessante. Em 2018, ela está novamente em evidência como a protagonista do thriller scifi Tau, de Federico D’Alessandro, disponibilizado há um tempo na Netflix.
O que chama a atenção no longa, além da presença de Monroe, é um conceito claustrofóbico e aparentemente futurista, bons efeitos especiais e uma excelente produção. Parece inicialmente que se trata de um filme sobre fuga de uma prisão de segurança máxima, como se a personagem principal estivesse numa situação em que precisará se esconder de uma casa inteligente, sendo caçada por máquinas assassinas. Não é o que acontece. Pelo menos não do modo divertido e repleto de tensão, como se poderia imaginar.
No enredo de Noga Landau, Julia (Monroe) leva uma vida bandida, roubando homens que se envolvem com ela na noite. Ela é seguida até em casa e sequestrada. Acorda numa cadeira, presa a um mecanismo que desperta memórias, e depois deixada numa cela, com a boca lacrada, sem direito a alimento, com mais duas pessoas. No segundo dia no ambiente estranho, ela consegue soltar o lacre e descobre um meio de causar uma explosão, e inicia uma tentativa de fuga por um casarão moderno, com conexão entre os cômodos. Ao tentar passar pela porta de saída, um imenso robô, o Tau, é despertado e elimina os outros dois fugitivos, só deixando-a viva a pedido do anfitrião, Alex (Ed Skrein).
Um gênio, reconhecido em publicações, Alex pretende realizar um experimento cognitivo com suas cobaias e permite, com o tempo e alguns acordos, a movimentação de Julia pelo ambiente. A garota, então, passa a tentar descobrir meios de sair dali, estabelecendo diálogos com Tau, a inteligência artificial na voz de Gary Oldman. Talvez, os acordos possam ser um meio de encontrar a saída, desde que ela consiga convencer a casa a deixá-la ter os acessos necessários, aproveitando as saídas diárias do vilão e suas vídeo-conferências.
Quando a trama deixa de ser uma produção de fuga, ao estilo A Fortaleza, e passa a ser apenas um jogo de inteligência na configuração do triângulo Alex, Julia e Tau, o filme perde um pouco de força. Tau apresenta-se, então, como um filme sobre relacionamentos, confidências e troca de informações, numa passagem justificada pela intenção da heroína de ganhar confiança. Algumas das “saídas” apresentadas acabam soando mais artificiais do que inteligentes, como a insistente comunicação da garota com a máquina, mesmo depois que esta perde boa parte de sua memória recente.
Atrapalha também o modo quase robótico de atuar do antagonista. Frio e sempre sério, ainda assim ele não transmite um poder tão absoluto como se imagina, lembrando a todo momento que é possível um enfrentamento, desde que consiga vencer a casa. Já Maika Monroe destila sua simpatia mesmo com o passado ruim de sua personagem, evidenciando uma inteligência que confirma suas ações. Com um pouco mais de trato no roteiro, evitando a quebra de ritmo do segundo ato, o longa levaria mais pontos e seria mais reconhecido tal qual a carreira da bela atriz.