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Brightburn - Filho das Trevas
Original:Brightburn
Ano:2019•País:EUA
Direção:David Yarovesky
Roteiro:Brian Gunn, Mark Gunn
Produção:James Gunn, Kenneth Huang
Elenco:Elizabeth Banks, David Denman, Jackson A. Dunn, Abraham Clinkscales, Christian Finlayson, Jennifer Holland, Emmie Hunter, Matt Jones, Meredith Hagner, Becky Wahlstrom, Terence Rosemore, Gregory Alan Williams

No final da década de 70, quando a Marvel já possuía um universo incrível de personagens e aventuras, foi lançada uma série de HQs bastante divertida e que alimentava a imaginação do leitor. “O que aconteceria se…” (What If, 1977-1984) permitia a liberdade criativa dos autores no desenvolvimento de possibilidades ousadas nos quadrinhos, seja para trazer personagens mortos ou até mesmo para permitir encontros bizarros. A primeira edição, por exemplo, trazia o título curioso: “O que aconteceria se o Homem-Aranha fizesse parte do Quarteto Fantástico?“. Também era comum a mudança dos valores entre heróis e vilões, alternando papéis, e até resultando em eventos catastróficos. Se essa série tivesse sido lançada pela DC, provavelmente Brightburn – Filho das Trevas (Brightburn, 2019) seria, na verdade, uma adaptação de um universo alternativo em que Superman teria uma índole problemática desde a pré-adolescência.

Não é spoiler apresentar essa comparação entre o horror apresentado no filme de David Yarovesky, produzido por James Gunn, com o famoso herói dos quadrinhos e do cinema. Desde a divulgação do primeiro trailer, já era possível perceber que o enredo traria o surgimento de uma criança alienígena, extremamente poderosa. E a trajetória é similar: com dificuldades para ter um filho, Tori (Elizabeth Banks) e Kyle Breyer (David Denman) são surpreendidos pela queda de um objeto nas proximidades de sua casa rural. Durante os créditos, é mostrada a evolução da criança nos dois primeiros anos, sua engatinhada e seus primeiros passos, sem que cause qualquer estranhamento na família. Dez anos depois, com a residência repleta de quadros que honram a capacidade intelectual do jovem Brandon (Jackson A. Dunn), os Breyer estão às vésperas de comemorar o aniversário de doze anos do garoto, já imaginando as mudanças que a puberdade trará em seu corpo e na relação com outros da mesma idade.

No entanto, essa etapa não resulta no crescimento de pelos ou na curiosidade pelo sexo, mas em um diálogo com o artefato que o trouxe ao planeta. Uma língua estranha começa a perturbar Brandon durante o sono, sendo visto como sonâmbulo ou reagindo de maneira estranha. Com uma resistência física fora do normal, ele percebe que possui uma força assustadora, além de outras capacidades que acabarão servindo para machucar ou até matar aqueles que o incomodam. O interesse repentino pela colega de escola Caitlyn (Emmie Hunter) e as mentiras passam a fazer parte de sua rotina, assim como a curiosidade pelo sangue que nunca verteu de seu corpo. Graves consequências afetarão a pequena cidade de Brightburn, assim como a mãe da adolescente, a garçonete Érica (Becky Wahlstrom), os tios Noah (Matt Jones) e Merilee McNichol (Meredith Hagner) e até o xerife Deever (Gregory Alan Williams).

Como não se trata de um filme de herói, não há cenas de ação, coincidências facilitadas pelo roteiro de Brian e Mark Gunn, e nem alívio cômico. Assim, Brightburn trabalha algumas situações de tensão e medo, com o olhar iluminado de Brandon na escuridão, como um observador atento. Ele usa seus poderes, como a visão de calor, a velocidade e a habilidade de voar para eliminar aqueles que tentam denunciá-lo ou revelar sua origem maligna. Mas não são assassinatos tradicionais, como muitas vezes é visto no cinema – ou escondido por câmeras menos ousadas -: aqui, as vítimas demoram para morrer e sofrem com as deformidades do corpo, em cenas gráficas e angustiantes. Chega a ser impossível o espectador se manter com o olhar firme para a tela, diante exatamente da cena que envolve um olho e a retirada de um caco de vidro, de maneira lenta e dolorosa.

São exatamente esses episódios frios e violentos que tornam a experiência de assistir a Brightburn válida. A trama é simples, e a referência original traz basicamente todos os ingredientes conhecidos, e ainda torna o símbolo e a fantasia do garoto-vilão bem populares. É fácil prever algumas mortes, atos de vingança e até mesmo o final, se você já estiver se acostumado com o gênero. Ainda assim vale a pena pela proposta curiosa, o bom elenco – principalmente Banks -, o grafismo das mortes em efeitos bem interessantes e até mesmo pelo epílogo, numa surpreendente participação de Michael Rooker, que contracenou com Elizabeth Banks no divertido Seres Rastejantes. Ao final, transparece algumas possibilidades ainda mais curiosas para produções futuras, levando o público a imaginar outros filmes e o que aconteceria se….

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6 Comentários

  1. O filme prometia muito, mas fiquei decepcionado quando assisti. Como sua origem é inspirada em Superman (e praticamente todo mundo que assistiu o filme sabia disso), poderia ter um foco melhor no desenvolvimento de Brandon e o que o motiva a ser do mal… achei que o ”chamado da nave” foi uma forma bem tosca para justificar a mudança de comportamento do até então comportado adolescente. Para um ser que se sente superior aos humanos, Brandon apresenta algumas preocupações incoerentes com a persona encapuzada, muitas vezes matando somente para que a pessoa não comente suas estranhas atitudes com seus pais ou com a polícia. Na parte gráfica, as mortes (que são poucas até) são interessantes, mas poderiam ser melhor executadas/refinadas… até o voo do personagem parece meio fake. Final bem previsível para um filme manjado, que não explorou bem as possibilidades de desenvolvimento em um universo já conhecido… ficou devendo.

  2. Alerta de spoiler: o filme é uma droga e só vai assustar quem nasceu depois dos anos 2000.
    Acabei de assistir e já esqueci mais da metade.

  3. As cenas das mortes foram bem angustiantes, mas achei que o filme teve algumas falhas.
    ATENÇÃO SPOILERS: se a tia do garoto já desconfiava dele, por que ela não morreu? Poderia muito bem ter mudado a história do final do filme se ela aparecesse para contar sua versão. E por que a policia não apareceu depois que a policial chamou? Também poderia ter sido diferente, a menos que todos tenham morrido na mesma hora que o avião caiu.
    Só meu ponto de vista, se alguém entendeu diferente fique a vontade para comentar.

  4. Como já citaram,Superman já tinha sua contraparte maligna há muito tempo,inclusive também temos Injustice,onde ele fica do mal.

    Eu espero que esse filme decole e crie um novo universo compartilhado,pois a premissa de ver versões sombrias dos heróis da DC,é interessante.

  5. Na verdade a DC tem seu “Superman do mal”, inclusive já há bastante tempo, na figura do Ultraman, em uma terra alternativa.
    E quanto ao filme, achei fraco. Não desenvolve direito a transformação de um garoto até então afável em um assassino psicopata, bem como é fraco em causar tensão, virando apenas um festival de violência gratuita.

    1. Cara em um momento eu pensei que o moleque estava possuído por alguma entidade maligna mas depois não e o moleque fazendo tudo porque ele quer mesmo, muita coisa foi chupado de Superman ainda mais muito vindo da serie Smallville com direito uma Lana genérica, e os créditos do filme esta do mesmo jeito que os créditos da serie, fiquei um pouco decepcionado com o filme.

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