The Revenge of Robert the Doll (2018)

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The Revenge of Robert the Doll
Original:The Revenge of Robert the Doll
Ano:2018•País:UK
Direção:Andrew Jones
Roteiro:Andrew Jones
Produção:Lee Bane, Rebecca Graham, Robert Graham, Andrew Jones, Jonathan Willis
Elenco:Lee Bane, Harriet Rees, Judith Haley, Eloise Juryeff, Gareth Lawrence, David Imper, Nicholas Anscombe, Derek Nelson, Darren Swain, Lee Mark Jones, Wes Ritter

O que mais incomoda nos filmes de Andrew Jones não é a direção fraca, o elenco canastrão ou os terríveis efeitos especiais, mas o esdrúxulo roteiro. Pelo menos é o que se pode dizer da franquia envolvendo o boneco Robert, inspirado no verdadeiro e também em Chucky e Annabelle. Ao tentar dar uma importância narrativa maior ao seu enredo – quase de maneira irritantemente didática – Jones simplesmente deixa de lado o argumento principal. Tenha como exemplo o quarto filme do boneco, The Revenge of Robert the Doll (também intitulado The Legend of Robert the Doll), de 2018, que trazia o seguinte texto como sinopse: “O infame boneco assassino Robert tem uma batalha com os capangas de Hitler a bordo de um trem na Alemanha nazista.” Com base nesse argumento e lembrando que o filme anterior, Robert and the Toymaker, terminou com o criador de brinquedos, Amos Blackwood (Lee Bane), sendo morto por um nazista e logo depois trazido de volta pelos bonecos Isabelle e Otto, através do ritual de ressurreição, e, por fim, embarcando em um trem rumo a Nuremberg, imaginava-se que o quarto exemplar traria ações exatamente no ponto em que o terceiro se encerrou. Ledo engano. O prólogo tem basicamente 40 minutos de duração, em uma produção que não ultrapassa os 80, ou seja, o espectador só embarcará no trem e verá o boneco em ação na metade do filme!

Até lá, o enredo começa em 1939 – o anterior se passa em 41 (!!) -, durante o período nazista. O coronel alemão Heinrich Von Braun (Nicholas Anscombe) chega à residência de Joseph Von Hammersmark (David Imper), em Bavária, para comprar o livro que ele escreveu durante as pesquisas realizadas no Egito e Tibet. Após um teste com um boneco, que volta à vida e não aparece mais em cena, fica combinado que o pesquisador receberá metade do dinheiro e depois a outra parte, com a entrega do item. Assim que o coronel se despede, Joseph demonstra ser um marido extremamente violento, agredindo mais uma vez Eva (Eloise Juryeff). Durante a madrugada, ela foge, levando consigo o livro maldito – sabe-se lá por qual razão.

Com o carro do marido, ela resolve dar carona (!!) para um homem com o veículo quebrado na estrada. Frederick Voller (o das caras e bocas exageradas, Gareth Lawrence) logo se revela um bandido também em fuga, e pede que ela o leve para uma cidade distante. No caminho, são parados por soldados nazistas, apenas para o homem atirar nos dois – e permitir que o espectador ria da nuvenzinha de sangue digital. Logo mais, com os dois pneus furados, buscam abrigo numa casa próxima, onde reside o solitário e aparentemente amigável Jonas (Morgan Thomas). Durante o jantar, acontecerá um enfrentamento e Frederick acabará morto, e o estranho se revelará um soldado nazista para o inferno de Eva, que acaba morta sem ter conhecido um homem sequer de confiança em toda a sua jornada amorosa. Toda essa sequência, descrita nesses dois parágrafos, se passa na primeira metade do filme, em quarenta longos minutos. Por vezes, você irá se perguntar se está vendo o filme certo…

As ações se mudam para 1941, com o soldado resumindo o filme anterior em poucas falas. Ele pede para uma pessoa misteriosa embarcar disfarçado no trem que conduz Amos; ao mesmo tempo, um outro homem misterioso é contratado para também entrar no trem com o intuito de proteger o livro e Amos. Esta passa a ser brincadeira do roteiro de Andrew ao esconder quem pode estar ajudando ou indo com o propósito de matar o “Gepeto“. Amos está no trem, com seus três bonecos vivos, e sendo atormentado pelo fantasma de Esther (Harriet Rees), a menina morta no filme anterior. Sim, é isso mesmo que você está lendo aqui. Ela conta que algo do passado de Amos o está atormentando, e ela representa exatamente esse incômodo psicológico.

Se a enrolação do começo já não fosse o suficiente, Jones resolve mostrar Amos mais jovem (Lee Bane, sem a maquiagem horrenda) e o seu único casamento. Seguindo a história da “maldição da chorona” (é ver para crer), ele conta que teve dois filhos com a esposa Mary (Josephine Partridge), mas estava tão preocupado com os bonecos que a deixara de lado, permitindo a aproximação de um amante. Quando a esposa ameaça se separar para ficar com o rapaz, ele se recusa pelo fato dela ter dois filhos. Mary, então, afoga os dois filhos no rio para, enfim, ficar com o amor de sua vida, e este desiste dela – possivelmente levando-a também ao suicídio, algo que não fica claro. Amos, abalado pela perda dos dois filhos, numa lamentável cena, abraça as crianças mortas, que se esforçam para não rir, e grita em desespero.

E o maldito boneco? – você deve estar se perguntando. Após toda essa enrolação, eles atormentam alguns passageiros antes de ajudar Amos a descobrir quem está ao seu lado e quem está ali para matá-lo. São poucas mortes, nada que seja bem feito ou envolva alguma ação curiosa dos bonecos. E, como aconteceu no filme anterior, Robert novamente chega a utilizar uma arma de fogo para assassinar um nazista, além da tradicional faquinha colada na mão. Os efeitos são realmente péssimos, assim como a atuação de todos os envolvidos, principalmente a de Gareth Lawrence e Derek Nelson, que exibiam uma carranca malvada para intensificar o grau de maldade. Por outro lado, pode-se elogiar o elenco feminino, incluindo a sofredora Eloise Juryeff.

Ao final, The Revenge of Robert the Doll estabelece uma conexão com o primeiro filme, Robert the doll, ao trazer de volta a personagem que o levará para a família. Contudo, embora tenha encerrado o ciclo, o boneco volta para uma quinta aparição agora em 2019, com Robert Reborn. Se alguém imagina que a quinta produção mostrará algum pesadelo na atualidade, pode esquecer. O longa é ambientado em 1951, na União Soviética, com o brinquedo a bordo de um avião para confrontar os soldados de Stalin (!!)… isso se não houver uma longa introdução antes do voo.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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