Cascavel
Original:Rattlesnake
Ano:2019•País:EUA Direção:Zak Hilditch Roteiro:Zak Hilditch Produção:oss M. Dinerstein Elenco:Carmen Ejogo, Theo Rossi, Emma Greenwell, Apollonia Pratt, Debrianna Mansini, Bruce Davis, Rio Alexander, Spencer Mabrey, Josh Kemble, Alexandra Nell, Sean Dillingham, Joy Jacobson, Jenna Doolittle, Tim Stafford |
Um conto de horror que deveria se limitar a apenas mostrar o que é necessário para a construção de uma narrativa curta, sem se alongar superficialmente para alcançar uma metragem maior. Cascavel propõe questionamentos piegas e amplamente explorados pelo cinema sobre o que uma mãe seria capaz de fazer para salvar a vida da filha, mas transfere essas possibilidades para um thriller que toca no dedo do pé de Hitchcock e faz um monólogo canastrão com Stephen King. O resultado só poderia ser medíocre, ainda mais quando o roteiro, também do diretor Zak Hilditch, facilita o desatar do nó da protagonista ao invés de apresentar situações mais próximas de um desafio real.
O desafio é proposto na viagem que Katrina Ridgeway (Carmen Ejogo) está fazendo pelo deserto em companhia da filha Clara (Apollonia Pratt), até ser interrompida pelo pneu furado. Enquanto faz a troca, sob um calor intenso de um céu isento de nuvens, a pequena se afasta um pouco apenas para ser picada por uma cascavel. Desesperada, a mãe busca ajuda em um trailer, que não estava ali antes, local em que encontra uma misteriosa mulher (Debrianna Mansini), disposta a ajudá-la para depois apresentar a nota fiscal. Ela troca o pneu e quando retorna ao veículo, a estranha desapareceu e a filha está bem, sem sinais da picada na perna.
Katrina leva a filha ao hospital mais próximo, apenas para constatar que não há sinal algum do ataque. Enquanto aguarda outros exames, ela é abordada por um homem (Bruce Davis), com aspecto de advogado, e que veio ali para fomentar a dívida: como a vida de Clara foi salva ela tem até o fim dos últimos raios solares para matar alguma pessoa como pagamento. Ou nas palavras do sujeito bem vestido, que depois desaparece a la Mestre dos Magos: “uma alma por outra alma.” Assim, com essa proposta inicial, o roteiro já responde uma das questões mais importantes que a filosofia há séculos tenta explicar: animais não têm alma, essa é uma característica humana.
Depois que ela tem uma visão rápida da filha em estado crítico, Katrina começa a acreditar que realmente precisa cumprir a missão. Mas, diferente de Christine Brown, em Arraste-me para o Inferno, o caminho a percorrer é mais fácil pelas soluções despontam a cada curva. Logo de súbito ela vê a possibilidade de acelerar a partida de um senhor moribundo no hospital, e depois, mesmo não conhecendo ninguém na cidade, já encontra um alvo fácil, pela perspectiva da vítima ser uma pessoa ruim, alguém que talvez mereça morrer – como uma justificativa desnecessária para as ações da protagonista. Imagina o quão legal seria se a garota tivesse que chegar ao ponto de escolher uma pessoa na rua, sem que saiba a sua verdadeira natureza!
Além das ajudas recebidas pelo roteirista – aliás, ela só encontra dificuldades para comprar uma arma, mas também vê a resposta logo depois -, algumas ideias surtem desconexas. Por exemplo, por que Katrina, em dado momento, arrisca tudo para efetuar um sequestro, com mil possibilidades de dar errado, ao invés de simplesmente concluir o ato ali mesmo, uma vez que ela será identificada de qualquer forma? A resposta para tal absurdo, que contraria a filosofia da mãe que faria qualquer coisa, é trazer novamente a cascavel para o filme, para o animal ganhar uma importância um pouco maior. Essa trama básica poderia render outros caminhos, se a vítima necessariamente fosse uma pessoa que tenha feito também um pacto anteriormente, deixando no ar que o dia de Katrina poderia chegar a qualquer momento.
Entretanto, nem tudo pode ser considerado negativo em Cascavel. Além da direção fazer um bom trabalho, é preciso enaltecer algumas ideias como a de envolver assombrações que foram vítimas de pactos similares como cobradores das ações de Katrina. Isto é, ela não simplesmente irá matar uma pessoa, mas condená-la a perambular pela cidade como uma sentinela, observando outros pactos no convencimento de ações parecidas. Aparecem muitas vezes como silhuetas distantes, almas errantes perdidas no deserto, amaldiçoadas a servirem de ferramenta para os propósitos do pacto. Toda essa construção fotográfica, sinistra e bem conceitual, lembra os bons enredos de Stephen King, mas, assim como muitos dos trabalhos do Mestre, também há equívocos em algumas decisões, esticadas de sequências desnecessárias e no seu final.
Sem ter muito o que mostrar, Zak coloca seus personagens para conversar e traz um triplo final para Cascavel. Enquanto o infernauta fica na perspectiva de que a trama deveria se encerrar em alguns momentos, até mesmo com a sugestão de que ela pudesse ter errado em sua interpretação (o que seria genial), o roteiro opta pela falta de ousadia e arrasta por cenas que poderiam ficar apenas na imaginação do público, deixando a narrativa mais dinâmica e intensa. Sem o suspense adequado, resta apenas um filme que desponta questionamentos sobre o que você faria se estiver no lugar de Katrina!
Achei o filme apenas bom!?
achei péssimo! 10 bons minutos iniciais e nada mais
Carmen Ejogo não convence em nenhum momento!