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The Purge – 2ª Temporada (2018)
Original:The Purge - Season Two
Ano:2019•País:EUA
Direção:Tara Nicole Weyr, Tim Andrew, Darren Grant, Jessica Lowrey, Patrick Lussier, Jen McGowan, Jaime Reynoso, GigiSaul Guerrero, Christoph Schrewe
Roteiro:James DeMonaco, Jeremy Robbins, Nick Zigler, Krystal Houghton Ziv, Nina Fiore, John Herrera, James Roland, Lindsey Villarreal, Desta Tedros Reff
Produção:Alissa M. Kantrow, Blaine Williams, Desta Tedros Reff
Elenco:Derek Luke, Max Martini, Paola Nuñez, Joel Allen, Rochelle Aytes, Connor Trinneer, Dermot Mulroney, Chelle Ramos, Charlotte Schweiger, Jaren Mitchell, Jonathan Medina

A promissora franquia sobre “a noite de crime” teve a segunda temporada de sua versão para as telinhas em 2019, com exibição pelo canal USA Network a partir de 15 de outubro, e agora já disponível na Amazon Prime. Após quatro filmes (Uma Noite de Crime, Uma Noite de Crime: Anarquia, 12 Horas para Sobreviver: O Ano da Eleição e A Primeira Noite de Crime) e a primeira temporada, o tema se mostrou fortalecido o suficiente para uma continuidade – principalmente com o avanço dos números da violência na América do Norte -, bastando apenas saber o que seria abordado no novo produto: uma continuação direta ou novos personagens em uma situação extrema?

Desenvolvida por James DeMonaco, a primeira temporada basicamente ignorou os filmes, mantendo apenas a essência da tal noite que permite assassinatos durante 12 horas. Com um bom dinamismo e personagens que depois se encontrariam no desfecho, o enredo trazia como novidade o culto religioso que promovia sacrifícios para alcançar a dádiva, a Feira da Carne, com um show de violência e mortes sangrentas, e também jogos de sobrevivência. Poderia explorar ainda mais esses eventos, além de mostrar os sobreviventes na proximidade de uma noite de expurgo, mas os realizadores optaram por um caminho mais interessante e seguro, que levou a nova temporada a um patamar que complementa tudo o que já fora mostrado, traz curiosidades e ainda estabelece um diálogo muito interessante com o primeiro filme.

A proposta de The Purge é mostrar as consequências das noites de expurgo no período entre elas. Seria muito repetitivo explorar mais bizarrices do evento e fazer com que ele dure diversos episódios, intercalado apenas por flashbacks que justifiquem as ações. Assim, a série já começa nas horas finais de uma Noite de Crime, com um grupo de ex-policiais, liderados por Ryan (Max Martini), durante o assalto a um banco, tendo problemas com a gangue dos chacais e a proximidade do término das 12 horas. Quando parece que o plano vai findar da maneira certa, por questão de segundos, Tommy (Jonathan Medina) é visto pelos “olhos do céu” além do limite. Os tais olhos são as múltiplas câmeras monitoradas pela “The New Founding Fathers of America” (NFFA), uma divisão que acompanha o expurgo atento a qualquer uso de armas ilegais – que remete a UCT, da série 24 Horas.

É nesse escritório de observadores que trabalha Esme Carmona (Paola Nuñez), responsável pela condenação de Tommy, e que nota o assassinato de uma pessoa importante para ela, mudando suas ações para infringir o principal preceito do órgão: nunca se envolver, ou como dizem, “o que acontece na noite de crime fica na noite de crime” (em em Las Vegas também). Essa investigação, que contará com o olhar atento da jovem Vivian (Charlotte Schweiger) e do seu chefe Curtis (Connor Trinneer), poderá trazer uma nova forma de enxergar a NFFA, com a perspectiva de que possam estar silenciando aqueles que são contrários a ela.

Há também, até então num conto isolado, um casal, o médico Marcus (Derek Luke) e sua companheira Michelle (Rochelle Aytes), que, depois de serem atacados na Noite de Crime, intriga o rapaz a questionar as razões disso, ainda mais quando descobre que sua cabeça está a prêmio num leilão virtual. E há dois amigos, Ben (Joel Allen) e Turner (Matt Shively), que saem para fotografar a ponte dos suicidas, até se meterem com um louco. Abandonado pelo parceiro, Ben precisa agir com violência para sobreviver, o que poderá mudar suas atitudes, seu comportamento, e ainda despertar seus instintos agressivos.

Logo a tal Noite termina e o que se segue nos episódios seguintes envolvem todas as consequências apresentadas: os assaltantes com um plano para neutralizar um voo, que carrega a principal quantia em dinheiro da cidade; Esme na busca por uma resposta ao assassinato que testemunhou; Marcus na sua investigação pessoal para descobrir quem encomendou sua morte; e Ben buscando meios de externar sua vontade insana de ferir, matar pessoas, o que traz um debate ao tema principal da temporada: será que a Noite de Crime é um realmente desafogo para a violência ou ela liberta o que há de mais perverso nos seres humanos?

Nessas buscas pessoais cada personagem passará por grandes mudanças psicológicas, lembrando de acontecimentos anteriores que serviram para construir seu modo de enxergar a sociedade. Embora se passe na “entre safra” das noites, a série mantém a atenção do infernauta pela violência que continua a ser cometida, tendo como ponto máximo o jovem Ben, que aos poucos, passa a desenvolver um lado “serial killer“, não hesitando em continuar matando aqueles que o incomodam. Através dele, o público conhece uma loja que vende armas para serem usadas na Noite, e também um matadouro onde as pessoas podem conter sua violência interior até o próximo evento.

Além desses enredos interessantes, dispostos em episódios sempre movimentados e surpreendentes, há também muitas curiosidades mórbidas sobre A Noite de Crime. Cada capítulo é iniciado com um “mini-conto“, com uma cena isolada mas que traz alguma trívia sobre a série. Por exemplo, a primeira que aparece mostra o teste para a locução que é utilizada nas transmissões de TV; há também um programa infantil tentando explicar às crianças o que seria a tal noite (sendo testemunhado pelo pequeno Ben) e um que mostra um teste de segurança, com a presença ilustre de Ethan Hawke, do primeiro filme. Contudo, a melhor fica para a cena que se passa no Brasil, no Rio de Janeiro, com Erik Marmo fazendo o papel de um agente de viagens que tenta vender o pacote Dirty Harry (hahaha) para duas jovens, Juliana (Luisa Moraes) e Fernanda (Paula Lafayette Perera), com um desfecho bem engraçado. Não sei se foi feita alguma cena em cada país onde a série foi exibida, mas a ideia foi muito bem desenvolvida.

Com um bom elenco e boas cenas de tensão – ainda que perca um pouco da força narrativa no último episódio, quando se cria uma expectativa imensa sobre o núcleo do Marcus e se resolve de maneira boba -, a segunda temporada de The Purge é muito melhor que a primeira, e ainda complementa os filmes. Traz mais questionamentos sobre o uso da violência para resolver conflitos pessoais e o quanto um trauma pode trazer consequências psicológicas intensas para alterar comportamentos e modo de lidar com uma sociedade preconceituosa e agressiva. Agora é aguardar o próximo filme, previsto para este ano e que deverá ser o encerramento da franquia.

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1 comentário

  1. Ansioso pela 3° temporada. A franquia de filmes é ótima.

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