Trailer Review #10: Boneco realmente do Mal?

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Logo após o sucesso de Invocação do Mal e o lançamento do primeiro Annabelle, começaram a surgir notícias sobre um novo filme envolvendo um boneco maldito. Pelo menos, o trailer deixava a entender que se tratava de um derivado do mal enfrentado pelo casal Warren, um caça-níqueis, uma produção oportunista como a franquia Robert the Doll. Seria apenas uma versão masculina da boneca dos bilhetes ou aquele brinquedo pálido poderia se assemelhar ao padrinho Chucky?

Felizmente, o grande plot twist do primeiro filme – e que não foi muito bem digerido pelo público – é o fato de não existir elementos sobrenaturais na produção, pois o garoto que inspirou o boneco ainda vivia na casa e era ele que movimentava o brinquedo pela casa (algo que remete ao slasher Black Christmas). Ainda assim, apesar de não ter sido tão bem aceito (o primeiro filme da Annabelle também teve seus detratores), Boneco do Mal terá sua continuação em 2020, com direção novamente de William Brent Bell (de Filha do Mal).

Se o primeiro tinha a presença marcante de Lauren Cohan, nos holofotes graças a seu papel em The Walking Dead, este segundo conta com a namoradinha da América dos anos 90, Katie Holmes (reconhecida por Dawson´s Creek, e pela franquia Batman, de Christopher Nolan). Ela interpreta Lisa, uma mãe que se muda com a família para a Mansão Heelshire, provavelmente por um valor bem acessível por esconder a tragédia que deve ter sido notícia no país inteiro, e resolve aceitar a presença do boneco como novo membro.

O trailer começa mostrando a velha brincadeira do “esconde-esconde” entre Lisa e o filho Jude (Christopher Convery, que lembra vagamente o rosto do boneco), somente para ela e o público levarem um susto – quando jumpscares já acontecem no trailer, não é um bom sinal. No diálogo dos pais, introduzindo o marido Sean (Owain Yeoman), nota-se que um velho brinquedo do garoto foi destruído, antes mesmo de chegarem à nova casa.

Na cena seguinte, há a justificativa para a família ter se mudado, como sugestão da psicóloga Dra. Lawrence (Anjali Jay) numa perspectiva de atenuar as ações violentas do garoto. Ou seja, o menino já era perturbado ANTES de se mudar para a casa onde aconteceu a tragédia. Com sinais de esquizofrenia (ou assombrações), o garoto ouve vozes que o conduzem à mata próxima para o local exato onde estaria enterrado o boneco, com a risadinha do jovem revelando suas futuras intenções cruéis.

A família adota o brinquedo, e a mãe até o restaura, provavelmente pensando em não contrariar o garoto. Jude apresenta-o com seu nome verdadeiro e ainda traz dez regras de boa convivência, algo que também aconteceu no primeiro, destacando a última: “Brahms tem que estar com Jude para sempre“. Logo, a mãe começa a perceber mudanças de posicionamento do brinquedo e até faz um teste (susto bobo) para ver se ele está vivo.

A partir de um minuto e vinte e três segundos, o boneco traz o primeiro sinal de que pode estar vivo, mexendo os olhos. Aterrorizada a mãe faz o que devia ter feito muito antes: resolve pesquisar o passado da casa e do boneco, descobrindo as tragédias anteriores, o que deve mostrar algumas que não foram conhecidas no filme original – o trailer anuncia no final que o passado de Brahms será descoberto.

Brahms dá mais sinais sobrenaturais, e Lisa sugere que ele seja retirado do garoto, uma vez que ele o está influenciando de tal modo que até está fazendo-o se vestir como o boneco, como se assumisse sua personalidade. O trailer adianta uma provável morte “acidental“, e aqueles cortes rápidos com várias cenas, incluindo as que mostram o esconderijo do vilão do primeiro filme até o susto final.

Mesmo com o movimento dos olhos, vozes e a cena da boca escancarada, liberando insetos, ainda há chances de que o filme não traga elementos sobrenaturais. Se pensar que essas cenas podem ser apenas pesadelos de Lisa (só ela parecer ver os movimentos) ou até pistas de que a mãe é o mal que incomoda a família e não o filho, até faria sentido. Até porque se houver um direcionamento sobrenatural, com a possessão do boneco e do garoto, Boneco do Mal 2, também escrito por Stacey Menear, acaba vindo com a proposta de corrigir o primeiro ou agradar aos que esperavam algo como Annabelle. E se for isso, será uma escolha bem ruim.

Filmes com bonecos macabros, amaldiçoados, possuídos e assassinos há aos montes por aí. Boneco do Mal veio na contramão desses clichês ao explorar um mistério em torno de um brinquedo usado por um jovem/rapaz para se comunicar com o mundo exterior. Por essa razão, torço para que o roteiro traga uma nova surpresa, sem que precise agradar aos fãs dos Chuckies da vida. Caso contrário, podem aguardar um futuro crossover entre a boneca do Museu dos Warrens e Brahms, num apocalipse que poderia ter vindo da mente de uma criança.

 

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

3 thoughts on “Trailer Review #10: Boneco realmente do Mal?

  • 30/01/2020 em 12:42
    Permalink

    O primeiro já foi PÉSSIMO, não tenho esperança quanto a esse ser melhor…

    Resposta
  • 15/01/2020 em 22:25
    Permalink

    Nem precisava ela reconstruir o verdadeiro Brahms sobreviveu e reconstruiu o boneco

    Acredito que ele abandonou de propósito

    Resposta

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