Mareld
Original:Mareld
Ano:2019•País:Suécia Direção:Ove Valeskog Roteiro:Ove Valeskog Produção:Ove Valeskog, Viktor Åkerblom Elenco:Hanna Oldenburg, Viktor Åkerblom, Moa Malan, Matti Boustedt, Malin Barr, Linnea Pihl |
Sator Arepo Tenet Opera Rotas
Realizadores de um filme de terror se envolvendo em um próprio já não é novidade, principalmente no estilo found footage. É uma meta-linguagem que sempre funciona e que rendeu produções bem interessantes ao brincar com a confusão entre realidade e ficção. O sueco Mareld, disponível no catálogo do CineFantasy 10 até dia 20 de setembro, não está e nem figurará entre os destaques dessa narrativa, embora tenha explorado o conceito de uma maneira bem curiosa. No enredo “real“, uma equipe de produção viaja até a ilha Draugadrotten para filmar um thriller de mistério a partir das lendas que envolvem o local. As filmagens acompanham a relação entre cinco amigos, desde a partida de barco até alcançar o ambiente místico, com pequenas interrupções para a gravação de um documentário sobre o filme.
Além dessa narrativa que acompanha o contexto da realização do longa, há também a que mostra o próprio filme que estão fazendo – muito mais interessante do que a real. Neste, há o grupo de personagens: Sonny (Matti Boustedt), marido de Thérèse (Malin Barr) e contrário ao fundamentalismo, além do casal Nina (Hanna Oldenburg) e Gustav (Viktor Åkerblom) e a fotógrafa Maria (Moa Malan). Durante a viagem, eles contam a lenda de um espírito inquieto (Maere) que assombra a ilha: era uma moça que acendia fogueiras no local para atrair marinheiros para matá-los, e que acabou sendo vítima de sua própria armadilha. Após encontrarem um espaço usado para rituais de sacrifício na disposição de pedras, a tal assombração começa a influenciá-los, com uma certa atração em Nina, e que poderá culminar em uma possessão, quando esta começar a desconfiar de uma possível traição.
Infelizmente essa trama fictícia não é a que irá ameaçar a equipe de filmagens. Enquanto filmam uma cena, eles são interrompidos por um militar que diz que a ilha é usada para exercícios navais e que devem sair dali imediatamente. Mas, é só uma camuflagem para o que realmente acontece ali. Assim, se você assistir a Mareld imaginando que a lenda se tornará real para os realizadores, esqueça. São dois filmes diferentes, sendo que o considerado real acontece de maneira “found footage” sem a justificativa necessária para que a câmera fique ligada o tempo todo. Com um desfecho acelerado e inverossímil, o que resta no longa de Ove Valeskog é acompanhar o filme dentro do filme, na expectativa que a assombração possa vir a ser uma ameaça e que promova alguns bons sustos.
Entretanto, não é o que acontece. A tal Maere não é assim tão agressiva quanto se imagina, mesmo quando o grupo resolve trazer à tona o clichê de uma sessão espírita. Aparece como uma sombra, um reflexo no mar, ou simplesmente altera o comportamento de Nina, mas em efeitos fracos e aparentemente amadores, como se quisesse deixar claro que se trata de uma produção independente. Sim, mas quem fez a edição? Como foram feitas determinadas tomadas aéreas, se não possuem helicóptero ou guindaste?
Por fim, Mareld se complica em flashfowards à exaustão, antecipando cenas que mais tarde serão repetidas quando a narrativa alcançar o momento. Servem apenas para trazer mais confusão para o público que, cansado dessas idas e vindas, cortes e continuações da filmagens, chega ao consenso que tanto 0 filme que a equipe está fazendo é ruim quanto o contexto que irá envolver a produção dele.