3.9
(8)

Servant - 1ª Temporada
Original:Servant - First Season
Ano:2019/2020•País:EUA
Direção:M. Night Shyamalan, Nimród Antal, Alexis Ostrander, Daniel Sackheim, Lisa Brühlmann, John Dahl
Roteiro:Tony Basgallop, Nina Braddock
Produção:Larissa Michel
Elenco:Lauren Ambrose, Toby Kebbell, Nell Tiger Free, Rupert Grint, Molly Griggs, Alison Elliott, S.J. SonJerrika Hinton, Tony Revolori,

Os produtos que levam o nome de M. Night Shyamalan, seja na direção, roteiro ou produção, são envoltos em intrigantes mistérios. Nunca trazem todas as respostas que o público procura, salpicando informações durante todo o seu conteúdo. Se já era comum esse ritmo surpreendente em seus longas – O Sexto Sentido, Sinais, A Vila, Corpo Fechado, Fim dos Tempos, Fragmentado, Vidro… -, em um produto para a TV, dividido em episódios, essa condição se ampliou de maneira ainda mais lenta e curiosa. Era de se imaginar que Servant levaria o espectador a reflexões e provocações, ao mesmo tempo que fosse capaz de impressionar, principalmente pela proposta, quando fossem disponibilizados mais detalhes, imagens e materiais de divulgação.

Foi no começo de 2018 que a Apple Inc. anunciou sua realização, com a perspectiva de dez episódios de trinta minutos. Criada por Tony Basgallop, a série despertou o interesse de Shyamalan como produtor executivo (e diretor de alguns episódios) ao lado de Ashwin Rajan, Jason Blumenthal, Todd Black e Steve Tisch, com a associação das companhias Blinding Edge Pictures, Escape Artists e Dolphin Black Productions. Filmada em 2019, a série teve sua première em 22 de novembro, já com um anúncio de uma segunda temporada. Em dezembro de 2020, antes da estreia da segunda (aconteceu em 15 de janeiro), uma terceira já fazia parte dos planos da Apple, mostrando a confiança pelo produto. Em entrevista, Shyamalan chegou a dizer que a intenção desde o começo era realizar seis temporadas, mas que provavelmente irá resultar em adequados 40 episódios.

Contudo, será que existe material para tantos episódios e temporadas? A resposta é simples: quando você acompanha a trama, percebe que se trata de uma história cheia de incitar porquês, que irá fazê-lo realmente questionar o que está acontecendo. E ainda pode-se dizer que a força da série está em suas mudanças narrativas: assim que o espectador imagina que já sabe do que se trata, surge uma surpresa e muda as perspectivas; quem você imaginava que seria “a pessoa estranha” parece ser a mais sensata, assim como a “mais sensata” se transforma numa figura estranha. E o termo “servant“, que pode ser traduzido como “servo(a), criado(a)“, começa a ter outros significados à medida em que a temporada se afunila.

Se você nunca buscou muitas informações sobre a série – não sabia nem da existência -, vou contar basicamente do que se trata. Não se preocupe com spoilers porque não tem a menor possibilidade de que esta análise estrague as surpresas de Servant, até porque os mistério vão além de qualquer exposição. No enredo, seis semanas após a morte de um recém-nascido, os pais, a apresentadora Dorothy Turner (Lauren Ambrose) e o chef Sean Turner (Toby Kebbell), contratam uma babá. Devido ao trauma da perda, seguindo as recomendações da terapeuta Natalie Gorman (Jerrika Hinton), Sean compra um daqueles bonecos que são muito parecidos com bebês de verdade, para que a aceitação da perda de sua esposa aconteça gradualmente.

O primeiro “ahn?” do espectador acontece quando a jovem babá, Leanne (Nell Tiger Free), chega à moradia, com suas esquisitices religiosas – como o de colocar amuletos estranhos sobre o berço -, e agir como se o falso bebê realmente estivesse vivo. Quando a mãe está distante, ela fica ninando o boneco, Sean chega a questionar: “Pode parar de interpretar. Ela não está aqui.“, o que causa um estranhamento em Leanne, pois para ela se trata de um bebê de verdade. Sentiu o drama? O problema se amplia quando em dado momento o boneco parece ganhar vida, como se tivesse sido substituído por um bebê de verdade. Será que foram os encantos da babá? Será que o bebê sempre esteve vivo e o pai é que via como um boneco? Se foi substituído, de quem seria aquele bebê?

Para ajudá-lo a colocar os pés no chão, Sean pede ajuda do irmão de Dorothy, Julian Pearce (Rupert Grint, mais conhecido como o garoto ruivo Ron Weasley, da franquia Harry Potter), que resolve investigar o passado de Leanne. E a cada aproximação de suas origens, novos questionamentos surgem para perturbar Sean, Julian, Natalie e o espectador. O que realmente está acontecendo? Quem é aquele senhor estranho, nervoso e inquieto, que veio visitar a babá dizendo ser o tio George (Boris McGiver)? E Servant vai muito além dessas provocações, ainda mais com os dois últimos episódios da temporada, capazes de levá-lo a uma vontade imensa pela continuidade, com um atmosfera que me remeteu a Atividade Paranormal 4.

Além do enredo muito bem construído, os roteiros de Basgallop são de uma qualidade incrível. Constrói-se uma sensação de insegurança, enquanto traz metáforas sobre a profissão de Sean e até com os episódios que se iniciam com a chegada de veículos (você só entende esse foco no nono episódio). Tudo acaba adquirindo uma importância que você talvez só descubra nas reflexões sobre os episódios finais. Vale menção também a fotografia, por vezes escura, a direção – e aqui inclui a movimentação e orientações de câmera da direção de Shyamalan – que coloca o espectador como um morador curioso da residência e, claro, as atuações, com destaque impressionante para Lauren Ambrose, como uma mãe perturbada, que às vezes fica paralisada como se tivesse sobre um choque de realidade. Porém, os demais também estão bem, como a babá estranha vivida por Nell Tiger Free (de Game of Thrones) e Toby Kebbell, que foi Koba em Planeta dos Macacos: A Guerra e assumiu o rei gorila em Kong: A Ilha da Caveira.

Com o fim da temporada – e já está em exibição a segunda -, novos mistérios se dispõem para quem aprecia histórias sinistras e enredos intrigantes. Quais serão os novos rumos da série Servant, e como irá se manter com toda essa intensidade por mais temporadas? É o que pretendo descobrir até o final da série (já me considero um servo da trama), e recomendo que você faça o mesmo.

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3 Comentários

  1. Enredo muito intrigante, você pensa em várias possibilidades, mas até o momento não tem muitas respostas e fica na expectativa. Achei no mínimo incômoda e “fora do normal” (algo é normal naquela família? Hehehe) a atitude de um dos protagonistas, mas de outro modo, a trama não prosseguiria. Mesmo com episódios curtos, achei que teve alguns momentos que pareceram um pouco que eram para preencher o tempo e que diminuíram o ritmo, mas gostei da série.
    A segunda temporada está me parecendo um pouco lenta e está tomando um rumo diferente do mistério original, não gostei muito disso, mas ainda falta metade, vamos ver como será. Só me desanima a perspectiva de temporadas anuais, com episódios semanais, preciso saber o fim desse mistério, hehehehe.

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      Também estou curioso! Mas ainda não comecei a segunda temporada porque gosto de ter à disposição TODOS os episódios. A Netflix me ensinou a maratonar….hahaha

      1. Fez bem, Marcelo. Eu maratonei a primeira temporada e fiz a besteira de assistir à segunda conforme os episódios são disponibilizados. Realmente, desaprendemos a acompanhar séries como era antigamente, hehehehe.

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