Grande Tubarão Branco (2021)

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Grande Tubarão Branco
Original:Great White
Ano:2021•País:Austrália
Direção:Martin Wilson
Roteiro:Michael Boughen
Produção:Pam Collis, Neal Kingston, Michael Robertson
Elenco:Katrina Bowden, Aaron Jakubenko, Kimie Tsukakoshi, Tim Kano, Te Kohe Tuhaka, Jason Wilder

Mais de quarenta anos se passaram desde que o mar se estabeleceu como ambiente de caça para gigantescas mandíbulas na Sétima Arte. E ainda assim, mesmo com o desgaste da fórmula pelas inúmeras produções do estilo, há quem queira apresentar narrativas com abordagens similares. E pior é que nem se pode dizer que o cenário é diferente como acontece em muitos slashers e filmes sobre casas assombradas; é simplesmente o imenso mar, o palco da voracidade descontrolada de tubarões. Apesar disso, lá estamos novamente, com a expectativa de acompanhar algumas doses de entretenimentos e corpos destroçados. Great White, de
Martin Wilson, é mais um exemplar comum, que explora a cartilha sem nem se esforçar para criar algo diferente.

O ex-biólogo marinho Charlie (Aaron Jakubenko), sobrevivente de um ataque de tubarão que o deixou com uma cicatriz na perna, tem uma parceria de negócio com a namorada Kaz (Katrina Bowden, de Piranha 2, Todo Mundo em Pânico 5 e Nurse: A Enfermeira Assassina), na condução através de um bimotor de turistas por ilhas afrodisíacas e recifes. Juntamente com o cozinheiro Benny (Te Kohe Tuhaka, de Amor e Monstros, 2020), eles aceitam a proposta do casal Michele (Kimie Tsukakoshi) e Joji (Tim Kano), que querem visitar o famoso Recife do Inferno, que tem uma antiga história de sobrevivência envolvendo um parente deles. Ao encontrarem um corpo na praia, eles resolvem buscar pelo barco da vítima no meio do oceano, para depois perceberem que a ameaça voraz continua por perto.

Como é de se imaginar, o roteiro de Michael Boughen faz a lição de casa. Traz um ataque sem grandes novidades no prólogo e deixa os cinco personagens presos a uma situação mais confortável que a do casal de Mar Aberto, sobre um bote inflável, enquanto resistem aos ataques de tubarões. O longa talvez surpreenda por mostrar que o único personagem lúcido é o mais intragável da aventura: embora reclamão e ciumento por notar o flerte de Benny a Michele, Joji é o único que acredita que a missão de resgate no momento é arriscada; ele está pagando pela excursão e tem direito de exigir que retornem para um lugar seguro antes de sair para buscar a embarcação perdida. É claro que depois ele exagera e condena uma pessoa à morte, mas não deixa de ter uma atitude inicialmente curiosa.

Embora os inimigos sejam os tubarões, eles quase nem atacam. Na verdade, duas de suas ações acontecem pela estupidez dos personagens, que, ou cochilam e perdem um dos remos ou brigam por razões bobas. E para piorar, o enredo segue o processo de exclusão dos menos importantes, cria um heroísmo desnecessário na tentativa de dar emoção ao conteúdo e nem sequer apresenta ataques que valham realmente a pena. Os efeitos, quando não digitais, são simples e não surpreendem; as interpretações são razoáveis, à exceção a de Te Kohe Tuhaka, que passa boa parte do filme com uma cara debochada; e o final, além de óbvio, nem sequer tem um clímax adequado.

Nem mesmo os fãs de filmes desse estilo irão se empolgar com Great White, que está chegando agora na Netflix. É a típica produção facilmente esquecível, sem profundidade e que não desperta o menor interesse.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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