Ponto Vermelho (2021)

3.9
(7)

Ponto Vermelho
Original:Red Dot
Ano:2021•País:Suécia
Direção:Alain Darborg
Roteiro:Alain Darborg, Per Dickson
Produção:Niklas Larsson, Anna Odenhall
Elenco:Nanna Blondell, Johannes Kuhnke, Anastasios Soulis, Thomas Hanzon, Kalled Mustonen, Anna Azcárate, Melvin Solin

A última cena de Ponto Vermelho faz você entender de maneira surpreendente o que seria o verdadeiro significado do título. Até lá você será conduzido por um thriller sueco simples, pouco inspirado, em um cenário bastante eficiente por proporcionar desespero e incertezas. Dirigido por Alain Darborg, a partir de um roteiro de sua autoria com Per Dickson, o principal motor propulsor do longa é apresentar possibilidades que possam justificar a perseguição sofrida pelo casal de protagonistas, a partir dos acontecimentos iniciais, envolvendo até racismo e vingança pessoal, e até enganar o espectador com tais pistas, sendo que a razão verdadeira está além do que fora narrado, mas que só será conhecida no último ato.

No enredo, David (Anastasios Soulis) acaba de pedir sua namorada Nadja (Nanna Blondell) em casamento, com o apoio de uma rádio local e um banheiro sujo. Tempos depois, o relacionamento está em crise, ainda mais pelo fato de David, um engenheiro bem empregado, não se dedicar às funções domésticas, como o conserto da máquina de lavar, optando pelo videogame. Como estudante de medicina, Nadja está aos poucos percebendo que talvez a união matrimonial não seja o melhor caminho para pessoas tão diferentes. Eis que o rapaz, em uma tentativa de reerguer a relação, propõe uma viagem de aproximação no norte da Suécia, onde poderão esquiar, dormir em barracas silenciosas e ainda visualizar a aurora boreal.

Apesar da aparente tranquilidade do passeio, o casal se estranha com dois irmãos caçadores. Ao buscar orientação no hotel, sentem olhares julgadores e principalmente racistas; e Nadja resolve se vingar dos supostos inimigos que aparentemente riscaram o veículo deles, fazendo o mesmo. Com o incômodo armado, partem para o cenário branco, e o aconchego do ambiente romântico, com o cão Boris a tiracolo. Eis que a noite solitária é incomodada por um ponto vermelho observado na barraca, como uma iluminação proveniente de uma provável mira a laser. O que poderia ser apenas uma brincadeira de alguns moleques da região se transforma em um horror quando começam os disparos.

Acuados, eles buscam abrigo não apenas pelo medo de serem atingidos pelo estranho, mas pelo frio intenso. Tentar imaginar o que motivou essa perseguição é o principal desafio da dupla, embora seja preciso olhar para si mesmo para encontrar a resposta. São pequenas as pistas apresentadas pelo roteiro, como a visão de uma pessoa observando à distância que remete a algo ocorrido no passado e alguns diálogos que causam estranheza no espectador. Contudo, quando a verdade vem à tona, traz uma sensação dúbia no público em relação à torcida pelo destino daquele casal simpático em busca de reconciliação.

É claro que para aceitar a proposta é preciso relevar as coincidências do roteiro. Os poucos personagens que aparecem em cena se cruzam em diversos momentos, mesmos os mais improváveis: se o casal pede ajuda pelo rádio, a pessoa que irá ajudar é conhecida; se um deles cruzar com alguém nas colinas geladas, você já o terá visto anteriormente; e a procura pela ajuda em uma casa na região os conduzirá a outro rosto de antes. E a própria conclusão não é hábil o suficiente para justificar tais facilidades do enredo, o que diminui bastante o resultado final. Ainda assim, pode levemente entreter pela proposta claustrofóbica, pela sensação de insegurança e pelo final surpreendente.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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