4.5
(12)

As Almas que Dançam no Escuro
Original:
Ano:2021•País:Brasil
Direção:Marcos DeBrito
Roteiro:Marcos DeBrito
Produção:Encripta e DeBrito Produções
Elenco:Paulo Vespúcio Garcia, Elisa Telles, Francisco Gaspar, Gabriel Muglia, Allan Pellegrino

O que somos capazes de fazer para buscar a verdade? E se a verdade nos for ofertada em um pacto com um preço extremamente alto, é melhor viver nas sombras da mentira ou encarar as consequências da nossa busca?

Essas questões são centrais em As Almas Que Dançam no Escuro, longa-metragem nacional que é uma adaptação do livro Palavras Interrompidas, de Marcos DeBrito, autor este que também toma frente da direção do projeto assim como o fez anteriormente no longa Condado Macabro.

Aqui acompanhamos Carlos (Paulo Vespúcio) sendo chamado no IML para reconhecer o corpo de uma jovem garota que foi encontrada na praia e que pode ser Fernanda (Elisa Telles), sua filha. Em meio ao choque da situação, de imediato ele não a reconhece, pois seus cabelos estão de outra cor e em seu corpo há uma tatuagem que ele nunca tinha visto.

Depois de aceitar que é Fernanda que está morta em sua frente, Carlos passa a buscar um culpado, mesmo que o relato inicial da legista não tenha apontado na direção de homicídio. Começa então a jornada de um pai que fará até mesmo um pacto com o demônio para vingar a memória de sua filha e encontrar um culpado, porém devemos estar cientes que todo pacto tem seu preço e muitas vezes ele pode ser mais alto que o imaginado.

Sempre fui um grande entusiasta de obras nacionais, seja na literatura ou na cinematografia, e já tinha conhecido o trabalho do Marcos DeBrito pelo excelente livro A Casa dos Pesadelos, assim como já tinha visto e gostado muito do slasher abrasileirado Condado Macabro. Aqui temos uma obra que é bem diferente das duas que citei acima, por iniciar sua estrutura no que parece ser de imediato um filme de investigação policial, levando-nos pelos olhos de Carlos de uma pista a outra para entender as mudanças de Fernanda e resolver o mistério por trás de seu fim trágico. Na metade da investigação conhecemos um bar chamado Clube Inferno, que seria uma espécie de refúgio encontrado por Fernanda nos seus últimos dias e é lá que a estrutura deixa o realismo para abrir a porta para o fantástico ao nos apresentar o proprietário do local, que não é nomeado mas tem muitos nomes, se você bem me entende. Aqui, a figura diabólica, muito bem representada por Francisco Gaspar, oferece as respostas procuradas por Carlos em troca de um pacto que não revelarei mais detalhes. O que posso dizer é que me causou estranheza entender essa proposta onírica dentro da policial, mas até que no decorrer do filme a senti necessária. O que me deixou mais incomodado veio por uma terceira abordagem, que foi a literária.

Os diálogos escolhidos para nos contar essa trama muitas vezes parece ser uma descrição direta do livro de onde ela foi adaptada. Isso aparece muito nos monólogos reflexivos de Carlos e mais ainda nas conversações religiosas que ele tem com seu cunhado que é padre (Alan Pellegrino). O texto prosaico dito pela figura demoníaca até que é atraente, mas nos atores reais, isso não encaixa tão bem.

Dá para ver esse paralelo numa cena onde Carlos conversa com um delegado, após ser detido. A figura policial tem uma fluidez discursiva por falar como qualquer pessoa comum do dia a dia, já o protagonista o contrasta com falas meio deslocadas. Num momento onde o policial pergunta se sua filha tinha mais de um parceiro sexual, ele não se ofende ou se revolta (o que era esperado) mas responde de modo calmo: Minha filha não era dessas, a mãe dela era muito religiosa.

Senti falta também de ver mais sobre a Fernanda. Aqui a vemos pouco em cena, até mesmo em flashbacks e nesse ponto o título original do livro é bem cabível, pois senti que as palavras da vítima foram interrompidas em detrimento da trama central de vingança.

Mesmo fazendo esses apontamentos, posso dizer que esse filme e toda a trama que o tece são muito criativos e impactantes. O seu final metafórico e sombrio foi um deleite que me fez o indicar imediatamente para vários amigos, e o conselho que posso dar a você é que o assista o mais rápido possível.

Saliento que ele está participando do Fantaspoa 2022 estando disponível no catálogo da Darkflix gratuitamente até dia 01/05/2022 e que o critiquei também no canal CRIPTECA no Youtube.

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1 comentário

  1. Obrigado pela critica. vou conferir pois gostei de o condado macabro
    custa nada dar uma chance

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