4.1
(8)

Jurassic World: Domínio
Original:Jurassic World Dominion
Ano:2022•País:EUA, Malta
Direção:Colin Trevorrow
Roteiro:Colin Trevorrow, Emily Carmichael
Produção:Patrick Crowley, Frank Marshall
Elenco:Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Laura Dern, Sam Neill, Jeff Goldblum, DeWanda Wise, Mamoudou Athie, Isabella Sermon, Campbell Scott, BD Wong, Omar Sy, Justice Smith, Daniella Pineda, Scott Haze

Desde que o primeiro Tiranossauro Rex atravessou uma cerca eletrificada, durante uma chuva torrencial na Ilha Nublar, o cinema fantástico nunca mais foi o mesmo. Não havia mais limites para a (re)criação de animais gigantes e predadores vorazes, bastando apenas o desenvolvimento de conceitos que pudessem estabelecer o choque entre épocas, justificando os esforços criativos do autor Michael Crichton e sua obra máxima. Os capítulos seguintes já não mais deixaram boquiabertos os espectadores, principalmente quando a fórmula da luta pela sobrevivência em uma floresta passou a se repetir, independente dos personagens e da proposta. O Mundo Perdido, de 1997, teve sua primeira metade ambientada na mata para depois fazer uma alusão a King Kong e à vinda do dinossauro mais conhecido para a América do Norte. Jurassic Park III nem se preocupou em ousar: diversificou nos exemplares, dando vida aos pterossauros, e colocou um grupo de humanos – pasmem! – novamente numa mata, usando árvores para se proteger.

Com o percalço criativo do terceiro filme, começaria a despontar a ideia de um reboot. Um novo parque – Jurassic World -, desta vez em funcionamento, teria problemas estruturais na contenção de suas criaturas, depois que um monstro híbrido de vários exemplares fora concebido. Mas a ideia era a mesma: uma ilha (de volta a Nublar), pessoas lutando pela vida na mata e instalações do parque. A menção a John Hammond (Richard Attenborough), milionário que desenvolveu o primeiro evento, e a presença de Dr. Henry Wu (BD Wong), que participou do primeiro e dos novos filmes, são basicamente o elo das trilogias. Jurassic World: Reino Ameaçado, além de envolver os novos aventureiros, Owen Grady (Chris Pratt) e Claire Dearing (Bryce Dallas Howard), dispôs de uma pontinha de Ian Malcolm (Jeff Goldblum), que atuou no original e na primeira continuação. A primeira metade mais uma vez se passa em ambiente florestal até conduzir as ações para os Estados Unidos na mansão de Benjamin Lockwood (James Cromwell). O final propõe uma mescla de dinossauros e humanos na sociedade, e deixa as expectativas para o filme que irá encerrar o universo iniciado com o toque de Midas de Steven Spielberg.

Quando as notícias sobre Jurassic World Domínio já indicavam o retorno dos três personagens principais do primeiro filme – além de Ian Malcolm, estariam novamente em cena Alan Grant (Sam Neill) e Ellie Sattler (Laura Dern) – em ação com os da segunda trilogia, houve uma esperança de que a franquia se encerraria de maneira perfeita. É a metáfora dos dinossauros (Ian, Alan e Ellie, representando o passado) convivendo com a humanidade (representada por Owen e Claire), bastando apenas justificar o encontro, assim como criar novas cenas de tensão e luta pela sobrevivência. O longa de Colin Trevorrow (de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, 2015), desenvolvido a partir do roteiro do próprio em parceria de Emily Carmichael, faz um esforço grandioso para unir tudo o que fez sucesso em toda a franquia, mas acaba novamente indo para a floresta, criando situações inverossímeis e facilitações, ignorando seu próprio subtítulo.

No enredo, Owen e Claire desenvolvem ações de resgate de dinossauros, perdidos em habitats ou mantidos em cativeiro. Eles residem distante da sociedade desde que resolveram adotar Maisie Lockwood (Isabella Sermon), a garotinha-clone, e temem que ela seja utilizada para pesquisas genéticas se descoberta. E é exatamente o que procuram os laboratórios da empresa Biosyn, do rico Lewis Dodgson (Campbell Scott), que ainda tem interesse no filhote do velociraptor Blue, enquanto desenvolve gafanhotos gigantes em suas instalações. A cientista ambiental Ellie, desconfiada da relação entre as mutações com o laboratório, pede ajuda ao amigo Alan para uma visita ao local, aproveitando a parceria que as instalações já têm com Ian Malcolm.

Depois que Maisie e Beta, o filhote, são sequestrados por caçadores, Owen e Claire partem numa missão de resgate, iniciando por Malta, onde há um mercado negro de dinossauros e rinhas, que resultará em sequências eletrizantes de perseguição pelas ruas apenas pela justificativa de explorar as criaturas em situação urbana. Terão que confrontar a aparentemente terrível Soyona (Dichen Lachman) e se unirão com a piloto Kayla (DeWanda Wise), que eu imaginei que pudesse ser a filha de Ian mostrada em O Mundo Perdido. Também quis que Ramsay Cole (Mamoudou Athie, de Arquivo 81), braço direito de Lewis, fosse Darius, de Acampamento Jurássico, mas seria exigir muito. Assim que entendem para onde foi Maisie, Owen e Claire partem para o laboratório, não sem antes terem problemas aéreos e – adivinhem? – na floresta próxima. O último ato, somente, colocará os dois núcleos em ação funcionando como um fan service de toda a franquia.

Quem esperava que Jurassic World: Domínio partisse para algo como O Planeta dos Macacos, com as criaturas basicamente dominando o planeta e justificando porque não conviveram com os humanos, pode se decepcionar. Ainda que tenha algumas cenas em cidades e relatos de causos envolvendo o “novo mundo“, ao final ela retorna às origens de fato, com acontecimentos em um espaço isolado, com Ellie tendo novamente que reiniciar o sistema das instalações da empresa, e o famigerado confronto entre dinossauros. Estes são deixados de lado pela trama de resgate e insetos gigantes, mas pelo menos não resolveram apresentar dinossauros que não existiram, como Domino Rex, embora tenham dado um espaço para exemplares não vistos como o giganotossauro (dito no filme que se trata do maior carnívoro existente, embora haja estudos que falem do espinossauro), o pyroraptor (que percorre Malta atrás de Owen e Claire), o das garras therizinosaurus (apesar de herbívoro, traz uma cena de tensão no gelo), o voador quetzalcoatlus (substituindo os pterossauros) e o simpático dimetrodon. Alguns destes apresentados com penas, numa referência à teoria de que os animais da época eram cobertos assim.

Entre novos e velhos conhecidos (o Tiranossauro Rex sempre dá um jeito de aparecer), cenas de ação, fuga e redenção – principalmente a de Henry Wu -, Jurassic World: Domínio diverte em sua longa extensão. Sem ousadia, a impressão que passa é de que ainda podem existir novos filmes com os dinossauros de Crichton, talvez em spin offs, produções de ação que podem explorar o universo das criaturas convivendo com os humanos, sem os personagens já vistos. Para quem é fã como eu e que rangeu os dentes com a tremida da água do copo, antecipando a presença de um predador voraz, qualquer outro passeio pelo mundo perdido dos monstros gigantes será bem-vindo, mesmo que seja para buscar abrigo em uma árvore para fugir de um velociraptor.

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3 Comentários

  1. Dessa franquia o único que prestou mesmo foi o primeiro (perfeito aliás), as sequências ou são ruins ou no máximo medianas

  2. Não tenho mais paciência para isso. Na minha opinião o primeiro filme é espetacular, o segundo, muito bom e o resto é cansativo demais.

  3. Era fã deste universo jurássico mas confesso ter perdido o tesão com esses filmes reboot dos dinos. Sala de cinema está a 20 minutos de casa e as chamadas do filme nas mídias despertou apenas bocejos em mim. Uma pena…

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