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(20)

Men
Original:Men
Ano:2022•País:EUA
Direção:Alex Garland
Roteiro:Alex Garland
Produção:Andrew Macdonald, Allon Reich
Elenco:Jessie Buckley, Rory Kinnear, Paapa Essiedu, Gayle Rankin, Sarah Twomey, Zak Rothera-Oxley, Sonoya Mizuno

Um dos filmes mais esperados de 2022, Men tem dividido opiniões mesmo antes de estrear nos cinemas aqui no Brasil. Em seu novo trabalho, o diretor Alex Garland, responsável pelo impecável Ex-Machina (2015) e pelo ótimo Aniquilação (2018), narra um pesado drama doméstico (e político) na forma de um onírico conto bucólico que se transforma em um pesadelo de arrepiar.

Quando Harper, interpretada pela atriz Jessie Buckley, resolve passar uma temporada numa isolada casa de campo nas proximidades de um vilarejo inglês para tentar pôr as ideias em ordem após o fim de um relacionamento traumático, ela não poderia imaginar os contornos surreais em que a atmosfera mágica do campo lhe envolveriam. Sua estadia discreta aos poucos mexe com os habitantes do vilarejo (todos homens), e Harper percebe que o horror do qual achava ter escapado ao sair de seu relacionamento abusivo ainda não havia terminado. E talvez não terminasse.

O grande centro motor de Men é a discussão sobre “masculinidades”, totalmente explícita e carregada pelos símbolos que perpassam todo o filme, de maneira nada sutil. Alex Garland, também responsável pelo roteiro, não recorre a eufemismos ao representar o pensamento patriarcal como um monstro que se retroalimenta (ou se auto reproduz) e se perpetua a partir de uma rede de apoio velada entre os homens.

Mas Men segue por caminhos que parecem testar o espectador, construindo diligentemente, cena a cena, o pesadelo surrealista em que o drama se converte. Intercalando com flashbacks que nos revelam a história pregressa de Harper, a direção nos presenteia com cenas lindas e uma fotografia estonteante que nos envolve durante toda a primeira metade do filme. A sequência que se inicia com o passeio de Harper pela floresta é, sem dúvida, a coisa mais bonita que vi em um filme esse ano, e também uma das mais assustadoras. Um êxtase espiritual para a personagem, que lentamente se transforma em algo semelhante a uma bad trip de ácido, tão forte se tornam certas experiências quando se carrega um trauma na bagagem.

A partir da segunda metade do filme, o “recado” fica mais e mais evidente, com o simbolismo absorvendo toda a estrutura narrativa e transformando o elegante e atmosférico horror inglês em um body horror excessivamente gráfico e absurdamente literal em todas as mensagens que deseja transmitir.

Apesar do andamento lento e da atmosfera surreal que pode confundir o espectador, Men é um filme instigante e o melhor momento de Alex Garland na direção. Ele consegue integrar elementos muitos discrepantes do horror e usar da fantasia para uma (auto) crítica política muito salutar neste momento atual. É um realizador para ficarmos de olho e aguardar com ansiedade seu próximo trabalho.

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Média da classificação 4 / 5. Número de votos: 20

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6 Comentários

  1. cansado de filmes de terror com ideias filosóficas, simbolismos e analogias que depois temos que procurar no google o que diabos o diretor quis passar com o filme.

    1. Pô, só se inteirar mais sobre os assuntos atuais, assim não precisa dar Google em nada para entender os filmes. Até porque, se não tá por dentro dos assuntos sociais, o terror é ser um dos carinhas lá do Eles Vivem… Bota o óculos aí!

      1. Parabéns pela sua resenha. Eu concordo em cada linha escrita por você.
        Entendo o fato do filme estar dividindo opiniões. Estamos num ano com muito debate,muita discussão,muito ao ter que se pensar. Pegar um filme com um conteúdo tão complexo(eu como mulher já vivi situações como a da personagem, em que o patriarcado gosta de culpar sempre a mulher) talvez, não seja o entretenimento que muitos queiram num fim de semana,por exemplo.
        Mas deixo os parabéns ao Garland ,por esse filme primoroso. É um item obrigatório sim,para se debater a toxidade ,aos relacionamentos abusivos.

    2. Acho que o fato de termos filmes mais artísticos e menos redondos não é ruim. Mas não gosto quando o filme é pretensioso. Nesse caso é um amontoado de ideias com uma roupagem de gore excessivo. É o chocar pelo chocar, para justificar um enredo capenga. Ainda metem umas simbologias obscuras, que duas pessoas no mundo conhecem, só pra dizer que é tãããão inteligente. O gore na verdade é uma muleta, se você não comprar o enredo, fica com um gore ai de brinde. Mas o gore é muito bom e as atuações são muito boas, nesse ponto parabéns.

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