Pânico na Floresta 5 (2012)

3.8
(8)

Pânico na Floresta 5
Original:Wrong Turn 5: Bloodlines
Ano:2012•País:EUA, Bulgária
Direção:Declan O'Brien
Roteiro:Declan O'Brien
Produção:Jeffery Beach, Phillip J. Roth
Elenco:Doug Bradley, Camilla Arfwedson, Simon Ginty, Roxanne McKee, Paul Luebke, Oliver Hoare, Kyle Redmond-Jones, Amy Lennox, Duncan Wisbey

Os canibais da West Virginia se unem a Pinhead, o líder dos cenobitas da franquia Hellraiser, para ameaçar a paz de uma cidade do interior. Claro que não se trata de um crossover, mas é curioso ver Doug Bradley participando de um Wrong Turn 5, chamando os irmãos Hillicker de filhos, mesmo não tendo relação sanguínea alguma. Tal acréscimo honroso ao quinto filme desperta o interesse dos fãs de horror em assisti-lo, embora o ator tenha em seu currículo muitas escolhas erradas – um legítimo Wrong Turn -, como a participação em Hellraiser 7 e 8, entre outras bagaceiras. Aqui ele age como uma mente pensante entre os canibais, se diz responsável por tirá-los do sanatório, e também dá uma machadada certeira em uma jovem incauta no começo do filme.

Lançado por aqui com o surpreendente título Pânico na Floresta 5, depois de toda a bagunça de títulos anteriores, o longa tem a direção e roteiro de Declan O’Brien, o mesmo das partes 3 e 4, e dá indícios de que seus acontecimentos ainda são em 2003, devido ao retorno dos três vilões do filme original: One Eye (Radoslav Parvanov) e Saw Tooth (George Karlukovski), mortos no primeiro filme, e Three Finger (Borislav Iliev, que fez o mesmo papel em Floresta do Mal: O Caminho da Morte), vitimado no terceiro. Não traz a relação entre Maynard (Bradley) e os canibais, como eles se conheceram, e principalmente por que eles o deixaram vivo, sendo que qualquer outra pessoa que cruzou o caminho do trio não sobreviveu.

O filme começa com os dizeres sobre o tradicional festival Homem da Montanha, iniciado no Halloween de 1817 – apesar dessa comemoração só se iniciar na América no século seguinte. O evento “comemora” um massacre cometido por caipiras contra os cidadãos de Fairlake, que, de acordo com os relatos, teria se encerrado com corpos sendo devorados e o desaparecimento de todos os moradores da cidade. Apesar desse episódio trágico, todo ano o festival é realizado no Halloween, com as pessoas saindo às ruas, vestidas como caipiras e pessoas do campo, muitas com máscaras deformadas. Se isso não é uma maneira preconceituosa de lidar com o episódio, o que seria então?

Cinco amigos – Billy (Simon Ginty), Cruz (Amy Lennox), Lita (Roxanne McKee), Gus (Paul Luebke) e Julian (Oliver Hoare) – vão ao local para as celebrações, com uma jornalista dizendo que a festa é mais importante e com mais receptividade que o Lollapalooza (!!). O veículo dos jovens bate em uma árvore depois de quase atropelar Maynard, que fere um dos rapazes com uma faca, e atrai a atenção da polícia, através da xerife Angela (Camilla Arfwedson), que conduz todos à delegacia, principalmente quando encontra drogas no carro. Billy assume a posse dos entorpecentes, liberando os amigos, enquanto Maynard é mantido encarcerado até a manhã seguinte, quando está prevista a chegada dos federais.

Apesar de toda a grandiosidade do evento, logo as pessoas da cidade desaparecem, inexplicavelmente, e o ambiente se mostra adequado para os canibais, que iniciam uma ação de resgate. Como Assalto à 13ª DP, incluindo a ideia de deixar dois presos com armas para proteger o local, Angela terá uma noite complicada para resistir às investidas dos inimigos, ainda mais com atitudes estúpidas dos personagens, como se arriscar nas ruas para um confronto direto. Aos poucos, Cruz e Gus acabam tendo problemas, restando apenas os esforços de Lita, Billy e Julian para tentar sobreviver ao terror proposto pelos canibais da montanha e à pressão psicológica de Maynard, agindo como Hannibal Lecter em O Silêncio dos Inocentes.

Mais uma vez, a diversão é garantida pelas mortes violentas, como a de Cruz, obrigada a comer suas próprias entranhas como fizera o Antropófago, de Joe D’Amato. Three Finger e seus irmãos agem com inteligência e parecem se multiplicar na cidade, podendo acompanhar um carro de polícia em fuga ao mesmo tempo em que cercam os demais nas esquinas escuras. São ajudados pelas conveniências do roteiro, que parecem agir pelo sucesso dos vilões até nas improbabilidades. Você imagina, por exemplo, os canibais tendo a paciência de enterrar um rapaz, deixando apenas sua cabeça para fora em um campo de futebol para ter a diversão de utilizar um trator, sendo que poderiam eliminá-lo de maneira mais prática. E eles são criativos ao nunca matar alguém da mesma forma, e ainda sabem criar armadilhas e explosivos, provavelmente sob a orientação de seu “pai“.

Inferior ao anterior até por não surpreender, e tudo acontecer como já se imagina, Pânico na Floresta 5 explora seus canibais, mais uma vez com o olhar atento sobre os corpos femininos, mas é desnecessário, com acréscimos que não fazem muito sentido à franquia. Mesmo sem muitos méritos, promoveu a realização ainda de uma sexta parte, dois anos depois.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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