Pânico na Neve / Pânico na Floresta 4
Original:Wrong Turn 4: Bloody Beginnings
Ano:2011•País:EUA, Alemanha, Canadá Direção:Declan O'Brien Roteiro:Declan O'Brien Produção:Kim Todd Elenco:Sean Skene, Blane Cypurda, Dan Skene, Tristan Carlucci, Scott Johnson, BJ Verot, Jenny Pudavick, Tenika Davis, Kaitlyn Leeb, Terra Vnesa, Victor Zinck Jr., Dean Armstrong, Ali Tataryn, Samantha Kendrick, Arne MacPherson, Kristen Harris |
Você pode não acreditar, mas o quarto filme da franquia Wrong Turn foi lançado no Brasil como Pânico na Neve. Não tem relação com esquiadores presos em um teleférico como serviu de título para um filme homônimo, lançado no mesmo ano. Simplesmente, é mais uma representação absurda dos maus tratos que os filmes de terror recebem quando são lançados no Brasil. Aliás, toda a bagunça de títulos mal traduzidos reflete de maneira absoluta nessa franquia: o primeiro filme, lançado em 2003, pela PlayArte, veio com o nome Pânico na Floresta. Dirigido por Rob Schmidt, o filme mostrou jovens tendo que enfrentar canibais deformados nas florestas da West Virginia. O encontro deles acontece devido a um acidente de carro ocasionado por uma escolha errada de um motorista para fugir do trânsito, o que justifica o título original. Em 2007, um outro filme, Timber Falls, com perseguição na mata, foi lançado, e a distribuidora PlayArte quis aproveitar o sucesso do primeiro e o nomeou de Pânico na Floresta 2.
Eles não imaginavam que um Wrong Turn 2 seria lançado no mesmo ano. Como já tinha o tal Pânico na Floresta 2, a Fox resolveu lançá-lo com o péssimo título Floresta do Mal. Porém, em 2009, um novo Wrong Turn foi feito, motivando a distribuidora a lhe dar o nome de Floresta do Mal: Caminho da Morte. E como nomear um quarto filme, se ele nem sequer envolve floresta, ambientado em sua totalidade em um hospital psiquiátrico? Nem mesmo um Pânico na Floresta 4 poderia ser o adequado, apesar de facilitar a identificação e catalogação da franquia. Assim, Pânico na Neve foi como escolheram lançar o filme, impossibilitando qualquer associação com os anteriores.
Aliás, a única relação realmente está na presença do vilão-referência Three Finger. Ele apareceu nos longas anteriores, mas acabou sendo morto no final do terceiro, ainda que nos créditos tenham deixado uma sugestão de que há mais canibais na região. Desse modo, Wrong Turn 4 vem com a proposta de mostrar uma prequel, prelúdio ou pré-continuação, como queira chamar. Traz relatos anteriores aos três filmes, com pistas do surgimento da família deformada, inicialmente aprisionada em uma instituição mental. O filme começa em 1974, provavelmente em referência aO Massacre da Serra Elétrica original, no sanatório Glenville, local onde residem Three Finger (Blane Cypurda), Saw Tooth (BJ Verot) e One Eye (Tristan Carlucci), três crianças encontradas na mata e que passaram a ser conhecidas como os irmãos Hillicker.
Sofrendo de analgesia congênita, uma doença que não permite que sintam dor, eles seriam deformados pela relação incestuosa de seus pais, e tais apelidos são consequências de seus atos – ignorando a tal fábrica mostrada no segundo filme: o Three Finger teria comido seus dedos; o One Eye arrancou um dos olhos com um garfo e o Saw Tooth tem os dentes serrados e pontiagudos. Depois que roubam a presilha de uma médica, eles conseguem abrir as celas, liberar os demais enfermos e transformar o sanatório em um pandemônio, torturando médicos e desenvolvendo armadilhas até exageradas pela aparência cognitiva do grupo. A música clássica na sequência é um toque macabro do inferno mostrado no local, como representação de atos insanos. Anos depois, em 2003, como referência ao longa original, nove estudantes universitários pretendem andar de trenó na neve para encontrar o amigo Porter (Dave Harms) numa cabana.
Kenia (Jenny Pudavick), Jenna (Terra Vnesa), Vincent (Sean Skene), Sara (Tenika Davis), Bridget (Kaitlyn Leeb), Kyle (Victor Zinck Jr.), Claire (Samantha Kendrick), Daniel (Dean Armstrong) e Lauren (Ali Tataryn). Esse vasto elenco é basicamente a formatura dos três canibais, permitindo que experimentem maneiras de torturar e devorar suas presas antes de retornar à floresta. Depois que exploram o ambiente e fazem as tradicionais festas jovens, com drogas e bebidas, os canibais felizmente chegam para animar o lugar, eliminando um a um, começando pelo próprio Porter, depois Vincent, que resolve passear durante a madrugada. Quando Jenna flagra os irmãos cortando a carne de uma vítima, o terror realmente começa.
Claire é decapitada com arame farpado, e Lauren resolve descer a montanha de esqui para pedir ajuda. Os sobreviventes se abrigam no escritório do Dr. Ryan (Arne MacPherson), mutilado no começo, e aos poucos caem diante dos inimigos agressivos. Em dado momento, numa ação conjunta – e estranhamente inteligente -, os jovens conseguem prender novamente os canibais em uma cela, sendo observados por Kyle, que preferia – e faz sentido – vê-los mortos. Kenia não permite que eles sejam queimados vivos, o que faria Evan (Kevin Zegers), Francine (Lindy Booth), Carly (Emmanuelle Chriqui), Scott (Jeremy Sisto) e tantos outros terem um futuro tranquilo. É claro que eles irão escapar, aproveitando a soneca de Kyle, e é ainda mais claro que o grupo irá pagar caro por isso.
Wrong Turn 4 não é um filme ruim. Diverte como um slasher sangrento e claustrofóbico, ainda que tenha suas limitações criativas. Envolto em clichês e personagens banais, maquiagem tosca, ainda assim consegue ser uma produção superior ao terceiro filme sobre os prisioneiros na mata. Há bons momentos, e até alguns personagens aparentemente inteligentes, como Daniel, que se mostra receoso em várias ações, desde atravessar uma nevasca com trenó abandonando os carros até a vistoria do local, mas, ao final, revela-se uma vítima comum e que possui uma das mortes mais violentas de toda a franquia, tendo partes de seu corpo lentamente devoradas enquanto grita de dor a cada naco de carne retirado.
Como não estabelece a ligação entre o que ocorre no final com o começo de Pânico na Floresta, alguém achou que precisaria de mais continuações, e foram feitos ainda mais dois outros filmes, tornando Wrong Turn uma cinessérie mais resistente que os canibais. Pena que não sofremos de analgesia congênita.
Rapaz, Marcelo. Sempre preciso em suas análises. Esse é o típico filme bagaçeira que eu gosto. A ideia de prelúdio é bastante clichê, mas nada nesse filme tentou realmente se levar a sério e por isso que eu gosto dele, desde os personagens estereotipados, o excesso de nudez e as mortes excessivamente violentas. Com um pouco de boa vontade dá até para encontrar bons momentos, situações e até mesmo uma precária lógica interna. Com certeza vale a pena para os fãs do gênero. Abraço, Boca do Inferno!
Olá, bom dia primeiramente.
Fiquei com dúvidas na hora em que você envolveu nome de outros personagens do filme de “Pânico na Floresta 3” sendo que não era o Evans que iria queimar os canibais.