Subspecies 4: Despertar dos Vampiros (1998)

3.7
(7)

Subspecies 4: Despertar dos Vampiros
Original:Subspecies: The Awakening
Ano:1998•País:EUA, Romênia
Direção:Ted Nicolaou
Roteiro:Ted Nicolaou
Produção:Kirk Edward Hansen, Vlad Paunescu
Elenco:Anders Hove, Denice Duff, Jonathon Morris, Ioana Abur, Floriela Grappini, Ion Haiduc

O poderoso Mestre dos Vampiros Radu (Anders Hove) está de volta no quarto e último – até então – filme da franquia Subspecies, lançado no Brasil como Despertar dos Vampiros (Subspecies: The Awakening, 1998). Na verdade, pode-se dizer que é o quinto, se considerar o spinoff Diário de um Vampiro (Vampire Journals, 1997), que trazia vampiros do mesmo universo, com citação a Radu e referências à mitologia apresentada. Todas as produções foram dirigidas e roteirizadas por Ted Nicolaou, também responsável por alguns filmes da cinessérie Puppet Master, e produzidas pela Full Moon, de Charles Band. E a ambientação sempre concentrada na Romênia, principalmente em Bucareste, com passagens por imensos castelos góticos, ruínas e corredores escuros, além de citações à lendária Transilvânia.

Como alguns integrantes do elenco não quiseram retornar, o roteiro tratou de dar um jeito estranho para o sumiço, matando todos no começo da produção, com um suposto acidente de carro. Não houve ataque de monstros ou qualquer influência sobrenatural, simplesmente o veículo é encontrado capotado na estrada com os corpos do embaixador Mel (Kevin Spirtas), da irmã Rebecca (Melanie Shatner) e de uma outra moça que não lembro quem é. Michelle (Denice Duff), que estava em um saco preto no porta-malas como proteção contra os raios solares, é encontrada pela médica que passava pelo local, Ana Lazar (Ioana Abur). Ao tentar abrir o saco e notar que a garota está viva, a doutora opta por deixá-la fechada (!!) e a conduz às instalações onde trabalha para análise pelo excêntrico Dr. Nicolescu (Mihai Dinvale, que esteve em Diário de um Vampiro em outro papel).

Enquanto isso, Radu, que jazia em chamas em uma árvore, tem seu corpo caído em contato com um lago – que nem existia no filme anterior -, recupera-se e alcança a Pedra de Sangue, somente para tomar algumas gotas e suportar os raios solares até um local fechado. Despertado, o vampiro espera a chegada da noite e permite que sua sombra vagueie até Bucareste – passeio melhor do que Uber -, em um castelo, onde residem dois vampiros, ambos do spinoff: Ash (Jonathon Morris), que não teria razões para estar vivo depois de – sem trocadilhos – virar cinzas, e Serena (Floriela Grappini), que teve uma pequena ponta como a responsável pela transformação do herói.

Outro que retorna para esta continuação como alívio cômico é o tenente Marin (Ion Haiduc). Vampirizado, ele tem algumas participações que não acrescentam muito à produção, desaparecendo antes mesmo que alguém note. Radu, então, mesmo com o elixir que lhe dá forças, vai insistir em ir atrás de Michelle, enquanto esta passará por experimentos do cientista louco Dr. Nicolescu, também um vampiro, mas que descobriu uma forma de andar à luz do dia. Com o olhar esbugalhado, remetendo a Marty Feldman como Igor em Jovem Frankenstein (Young Frankenstein, 1974), ele tem a intenção de reverter o vampirismo de Michelle em processos de transfusão, algo que abandona na primeira aparição de Radu. Seu personagem deixa a dúvida se quer ajudar, vingar-se de Radu ou simplesmente ter acesso à Pedra de Sangue.

Michelle também está confusa. Ela, que tantas vezes ajudou a matar Radu, desta vez age para ajudá-lo, somente para depois voltar a querer eliminá-lo. Já Radu não se decide sobre seus próximos passos, mesmo tendo conseguido tudo o que precisa, insistindo na tentativa de transformação da garota. E Ash, que demonstrara ser um vampiro ameaçador no filme anterior, agora atua como um qualquer, sem grande importância. Quem se destaca realmente é Serena, que passa a ter um protagonismo no combate a Radu, entregando a Ana a chave de acesso à tumba do vilão, com a identificação errônea do ano 1875, sendo que muitos dos acontecimentos passados apontavam para situações anteriores. Só para constar, uma personagem de Diário de um Vampiro chega a mencionar que conhece Ash há dois séculos e meio, sendo que ele foi apontado como vítima de Radu. Vai entender essa bagunça narrativa!

Todos esses personagens que não se definem fazem parte do roteiro confuso de Ted Nicolaou. Até mesmo a espada do caçador Laerte, que estava com o vampiro Zachary, volta a aparecer aqui como um instrumento que serve para matar vampiros. Ana é instruída a eliminar Radu com uma estaca no peito, cabeça cortada e contato com os raios solares, sendo que tudo isso já havia sido feito nos filmes anteriores e mesmo assim o inimigo sobrenatural retornou – pelo menos deram um descanso para os mini-demônios vermelhos em stop-motion. Portanto, não existe uma regra que seja suficiente para matar Radu, pois qualquer enredo pode justificar seu retorno a qualquer momento, algo que já está sendo cogitado no filme Subspecies V: Blood Rise, que encontra-se há muito tempo em pré-produção.

Com um começo com efeitos de transposição de imagens que poderia incomodar quem sofre de epilepsia, Subspecies chega ao seu final, como nas produções anteriores, sem um grande desfecho. É realmente uma boa franquia de terror atmosférico, com vampiros animalescos, que babam sangue e voam com suas sombras, mas que perdeu seu rumo a partir do terceiro. Teria sido melhor se encerrasse ali, com a fuga dos heróis após um último confronto com a bruxa e Radu, mas acabou ampliando seus horizontes desnecessariamente. Vale a pena conhecer os vampiros de Ted Nicolaou pelas tosquices e efeitos risíveis, consciente de que, não importando o que aconteça, eles podem voltar.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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