Warlock 2: O Armageddon (1993)

3.7
(7)

Warlock 2: O Armageddon
Original:Warlock: The Armageddon
Ano:1993•País:EUA
Direção:Anthony Hickox
Roteiro:Kevin Rock, Sam Bernard
Produção:Peter Abrams, Robert L. Levy
Elenco:Julian Sands, Chris Young, Paula Marshall, Joanna Pacula, Steve Kahan, R.G. Armstrong, Charles Hallahan, Bruce Glover, Craig Hurley, Davis Gaines, Rebecca Street, Dawn Ann Billings, Zach Galligan, Wren T. Brown

Mesmo depois de ter relutado para fazer Warlock – O Demônio, por não ter interesse em fazer um outro papel de vilão e só aceitando por se tratar de uma comédia de terror, eis que Julian Sands aceita atuar em Warlock 2: O Armageddon. E é estranho porque o ator estava em ascensão tendo participado de Aracnofobia (1990), de Frank Marshall, Mistérios e Paixões (1991), de David Cronenberg, e em um de seus papéis mais lembrados, atuando como o Dr. Nick de Encaixotando Helena (1993), de Jennifer Lynch, e o roteiro de Kevin Rock e Sam Bernard, ao contrário de David Twohy, não tem espaço para alívios cômicos. De todo modo, o bruxo retorna em uma continuação completamente sem relação com o original, sem sequer se lembrar que havia tentando juntar as partes do Grande Grimório.

Desta vez, ele foi trazido de volta para juntar seis runas mágicas, capazes de trazer Satã à Terra. Não se sabe porque foi escolhido novamente para uma missão de reunir coisas – talvez seja um dos melhores montadores de quebra-cabeças do inferno -, se falhou na outra oportunidade. De todo modo, o prólogo acontece no passado, durante um ritual dos druidas com as tais runas, fazendo uso da Luz para impedir a vinda de Satanás através do corpo de uma mulher. Um grupo de cristãos aparece para estragar a festa, e as pedras são espalhadas – ao invés de jogar no mar ou levar para outro continente, eles optam por deixar em lugares próximos nos Estados Unidos.

No presente, durante um eclipse lunar, Warlock renasce no corpo de Amanda Sloan (Dawn Ann Billings), que se preparava para um encontro usando uma das pedras como enfeite. Ele retorna como um feto repleto de entranhas, assassina o cão Obelix e usa a própria “mãe” para entrar em contato com Satã, que lhe passa a missão de encontrar as outras cinco runas em apenas seis dias. Usando a pele da moça como um mapa, Warlock se orienta sobre os locais, sem saber que a sua chegada foi prevista por descendentes dos druidas: Will Travis (Steve Kahan, o Capitão Murphy da franquia Máquina Mortífera), Franks (R.G. Armstrong, de Colheita Maldita e Predador) e Ethan Larson (Charles Hallahan, de O Enigma de Outro Mundo), além de Kate (Rebecca Street).

Will pretende treinar seu filho Kenny (Chris Young) a ser um guerreiro druida, mas para isso ele precisa renascer. Seu pai o mata para depois trazê-lo de volta à vida, com poderes, sem saber que sua namorada Samantha (Paula Marshall, do recente Maligno), filha do reverendo Ted (Bruce Glover, de A Noite do Espantalho), também tem descendência e poderes. Diferente do filme anterior em que os heróis corriam atrás de Warlock para impedir que ele consiga as partes do livro, neste, eles simplesmente se preparam para confrontar o vilão por já estarem com duas pedras. Não explica se as runas têm alguma ordem de captura, pois o tempo todo eles estão se preparando para uma luta que acontecerá no último dia do prazo; se Warlock fosse procurá-los primeiramente, Kenny e Samantha não estariam preparados para o confronto.

Outro questionamento que você pode fazer envolve o tal prazo dos seis dias. Se Warlock só tem esse prazo para conseguir seus intentos e ainda irá procurá-los no último momento, por que eles simplesmente não foram embora de avião para dificultar a busca ao invés de lutar? Quando tal dúvida é trazida à tona, Will diz que “não adianta fugir pois ele vai atrás“. Mesmo assim. Se eles tivessem se preparado para o confronto e cada um fugisse para um lado, dificilmente daria tempo de reunir as pedras. Mas os personagens não apenas ficam aguardando o bruxo, como também se preparam para um confronto exatamente no local onde fora feito o ritual no começo filme. Isto é, se a batalha for perdida, Warlock não terá trabalho nem de viajar.

Em Warlock: O Demônio, ele assassina uma criança não batizada para ter o poder de voar. Aqui, ele começa o filme andando de táxi e até dirige (!!!) para depois sair flutuando, sem explicações. No começo, diz que as pedras devem ser entregues por livre vontade daqueles que as possuem, mas no final Warlock já começa a arrancar as pedras das pessoas, incluindo daqueles que se negam a entregá-las. Usa seus feitiços para atender pedidos de maneira trágica para aqueles que possuem as pedras, talvez servindo de inspiração para O Mestre dos Desejos: o rapaz diz que quer algo novo para a coleção de arte, Warlock o transforma em uma obra ao estilo Picasso; a moça diz que quer ver seus poderes e voar, ele a leva para o céu e a larga ali de cima.

Para confrontar os velhos druidas, Warlock faz de seus dedos uma arma e dispara contra eles. Quando vai enfrentar os jovens, ele opta por outras ações, ao invés simplesmente atirar neles. Já que tinha essa capacidade, poderia ter feito desde o começo, sem precisar combatê-los. O roteiro também inclui uma adaga que é possivelmente a única arma contra Warlock. A arma está de posse de Ethan, que a roubou para ir atrás do vilão antes que ele cumpra a missão – alguém consciente no grupo. O vilão o mata no elevador – Warlock não podia simplesmente voar até o andar que procura? -, e leva a arma com ele até o confronto no final, permitindo que os jovens a usem para eliminá-lo. Por que não enterrou, sumiu com essa adaga – você também poderia se perguntar.

Inferior ao primeiro, Warlock 2 vale como resgate da época do VHS e dos filmes que eram exibidos na madrugada, com um pouco menos de empolgação. Os efeitos especiais estão ultrapassados, e a direção de Anthony Hickox (de Waxwork e Hellraiser III) não é tão eficiente quanto a de Steve Miner, mas o longa cumpre seu papel de divertir. Foi a última participação de Julian Sands na franquia, sendo substituído depois por Bruce Payne em Warlock 3: O Fim da Inocência, de 1999. Mas sua identificação com o personagem seria absoluta, tanto que depois seria o rosto que inspiraria uma HQ, lançada em 2009. E Julian Sands continuaria fazendo vilões e aparecendo em filmes bons (Despedida em Las Vegas), medianos (Romasanta) e fracos (Um Vulto na Escuridão), além de séries de TV e filmes menores.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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