Diário de um Vampiro (1997)

3.5
(6)

Diário de um Vampiro
Original:Vampire Journals
Ano:1997•País:Romênia, EUA
Direção:Ted Nicolaou
Roteiro:Ted Nicolaou
Produção:Oana Paunescu, Vlad Paunescu
Elenco:Jonathon Morris, David Gunn, Kirsten Cerre, Starr Andreeff, Ilinca Goia, Constantin Barbulescu, Mihai Niculescu, Dan Condurache

Depois da realização dos três filmes da franquia SubspeciesSubspecies: A Geração Vamp, Subspecies 2: A Maldição Continua e Volúpia Sangrenta -, Ted Nicolaou resolveu que seria o momento de dar um descanso ao vampiro Radu, explorando outros prismas da mitologia. Aproveitando o acesso facilitado para as filmagens na Romênia, havia a intenção do estúdio Full Moon, hospedado na região, de fazer mais um filme de vampiros, talvez um recomeço para explorar a ambientação folclórica e os arredores. Assim, Diário de um Vampiro (Vampire Journals, 1997) nada mais é que um spin-off, com vaga menção ao universo Subspecies, mas que não tem fôlego suficiente para funcionar nem mesmo como produção independente.

Se a franquia Subspecies deixava a entender que existiam poucos vampiros na ativa e que Radu, seu pai Vladislav e Stefan eram os únicos que habitavam a Romênia – depois, poderia incluir Michelle como uma serva do líder das criaturas da noite -, Diário de um Vampiro mostra que não. Aliás, quase não há humanos entre os personagens, e os conflitos entre seres da mesma espécie é o que representa sua principal proposta. Narrado pelo vampiro Zachary (David Gunn, que depois faria apenas O Convento e uma pontinha em Carta para a Morte), ele conta que sua amada Rebecca (Rodica Lupu) fora transformada em vampiro por Ash (Jonathon Morris), obrigando-o a degolá-la.

Zachary então está numa jornada de caça a Ash e toda a sua linhagem como vingança. Ao notar o interesse do Mestre pela musicista Sofia (Kirsten Cerre), ele se aproxima da garota, mas não consegue impedi-la de aceitar o convite da humana Iris (Starr Andreeff) para fazer um conserto na boate-cassino Club Muse. Depois da apresentação, testemunhada por outros vampiros, como Cassandra (Ilinca Goia, de Drácula 3: O Legado Final), que almeja se tornar a preferida de seu mestre, e Dimitri (Mihai Dinvale, com outro papel em Subspecies IV), Sofia é mordida por Ash e inicia o processo de transformação, que incluirá posteriormente se alimentar de seu mestre e de humanos. Quando descobre um meio de entrar no local, Zachary está disposto a perpetuar sua vingança, eliminando Ash e salvando Sofia, com o apoio da espada de um caçador de vampiros chamado Laerte. Mas, para tal, precisa combater os poderes de controle do vilão em confrontos também contra seus seguidores para, quem sabe, sair do local.

Entre os vários problemas de Diário de um Vampiro, não dá para ignorar seu ritmo. Com um estilo meio novelesco, quase teatral, os vampiros circulam de um cômodo a outro, sem que muita coisa aconteça. O próprio Zachary se mostra enfadonho, distante do que se espera de um herói, mesmo amaldiçoado. Ted Nicolaou insere uma sub-trama envolvendo o advogado Walter (Mihai Niculescu) e seu contato Anton (Dan Condurache), mas que não se justifica além de apresentar mais vítimas, cabeças degoladas e a fúria do Mestre. O diretor estabelece uma relação com a franquia ao mencionar brevemente Radu, por ele ter auxiliado na reforma do prédio, e também no passeio das sombras; no filme seguinte, é informado que Radu transformou Ash, mas não explica como ele passou ao cargo de Mestre – é algo depois da pós-graduação vampírica?

Por que essa cara de quem chupou sangue e não gostou?

A trama se arrasta em repetições. Por diversas vezes, Ash entra no quarto de Sofia para convencê-la a ser sua escrava, obtendo êxito pelo cansaço. Já Zachary revela suas intenções ao vampiro, tenta usar sua espada, mas é impedido. Ao invés de matá-lo, Ash o mantém vivo e ainda cria uma situação-novela ao mostrar para Sofia uma grande revelação: “Oh, Zachary também tem interesse por sangue“. E ela nem tinha notado pelo seu semblante tomado em alvor, pelos caninos avantajados. Em dado momento, o herói resolve se alimentar de uma moça dorminhoca; ele puxa o braço dela e tapa seus olhos informando que “não irá machucá-la“. Como se morder o braço fossem apenas cócegas…

Mais uma vez com a disposição de moças nuas e uma atmosfera de neblina até mesmo em ambientes fechados, Diário de um Vampiro claramente demonstra inspiração em Entrevista com o Vampiro. Além de contar com vampiros charmosos em conflito, faz da personagem Sofia uma versão adulta de Claudia. Mas sem o mesmo carisma, sem o mesmo contexto interessante, sem atuações que mereçam destaque. Lançado direto em vídeo, Diário de um Vampiro é a produção menos empolgante dentre os vampiros de Ted Nicolaou. E desta vez nem mesmo a ambientação romena salva o filme de sua condição descartável e incômoda.

Em tempo: há uma cena rápida em que aparece uma tal vampira Serena (Floriela Grappini) como a responsável pela transformação de Zachary. A personagem não aparece mais no filme, mas terá importância em Subspecies IV, no confronto com o maléfico Radu.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

One thought on “Diário de um Vampiro (1997)

  • 16/08/2022 em 02:09
    Permalink

    E pensar q qd era adolescente achei o filme a coisa mais linda 🤦🏻‍♀️

    Resposta

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