4.4
(10)

Convite Maldito
Original:The Invitation
Ano:2022•País:EUA, Hungria
Direção:Jessica M. Thompson
Roteiro:Blair Butler
Produção:Emile Gladstone
Elenco:Nathalie Emmanuel, Thomas Doherty, Sean Pertwee, Hugh Skinner, Carol Ann Crawford, Alana Boden, Stephanie Corneliussen, Tian Chaudhry, Courtney Taylor, Scott Alexander Young, Virág Bárány

Para um proveito melhor – ou simplesmente satisfatório – do longa de Jessica M. Thompson, a principal sugestão é saber o mínimo possível. O trailer até que não é o grande vilão dessa possibilidade, assim como cartazes, imagens promocionais ou até mesmo o título nacional. Na verdade, o ideal seria nem se atentar aos nomes dos personagens e até mesmo o lugar principal que envolve a produção. Uma atenção um pouco maior e você já saberá todas as cartas do jogo. O problema de conhecimento prévio está no fato que ele é o principal mérito da obra, uma vez que todas as demais características são reencontros com clichês e ideias já vistas antes. Se você for um pouco mais exigente e não se empolgar com as “surpresas“, tem grandes chances de se decepcionar.

Convite Maldito (The Invitation) começou a ser pensado em 2019, a partir da aprovação do argumento de Blair Butler. Quando ainda era apenas um conceito, Sam Raimi e Robert Tapert, através de sua Ghost House Pictures, estavam em vias de produzi-lo. Deixaram o projeto, na época intitulado The Bride, antes de 2020, ficando a produção sob a tutela de Emile Gladstone. Depois de rodado em Budapeste, na Hungria, mudaram para o nome atual, e passaram a trabalhar na divulgação dele. O filme chegou aos cinemas nos EUA no final de agosto, pela Sony Pictures Releasing, conquistando nas estreias mundiais o total até o momento de U$32 milhões – para o custo final de U$10 milhões -, o que pode ser considerado um sucesso, dentro de sua proposta simples.

A trama se passa inicialmente em Nova York, onde a jovem artista Evelyn “Evie” Jackson (Nathalie Emmanuel) ganha a vida como freelancer, ouvindo sempre os conselhos de sua amiga Grace (Courtney Taylor). É ela que sugere que Evie faça um teste de DNA e identifique parentescos, aparecendo a informação de que ela tem um primo no Reino Unido chamado Oliver Alexander (Hugh Skinner). Após um encontro com o rapaz, ela é convidada para uma festa de casamento, oportunidade perfeita para ela conhecer seus parentes distantes. Evie parte para Whitby, na Abadia de New Carfax, onde conhece o dono da mansão, Walter De Ville (Thomas Doherty), e a governanta Sra. Swift (Carol Ann Crawford), que desde a chegada dela demonstra desconforto.

Evie inicialmente está empolgada pelas mudanças, pela grandiosidade do lugar, além de já demonstrar um certo interesse por De Ville. Só lhe causam estranhamento as atitudes do mordomo Field (Sean Pertwee, de O Enigma do Horizonte), determinadas visões que anda tendo, as ilustres damas que compõem a família, como Lucy (Alana Boden) e Viktoria (Stephanie Corneliussen), e o sumiço das moças que foram contratadas para trabalhar na casa. Ao mesmo tempo em que é vista com muito carinho pelos convidados e outros frequentadores da mansão, principalmente De Ville, Evie começa a perceber que sua presença ali não foi acaso e que ela tem uma ligação muito profunda com os Alexanders.

A ideia principal do enredo de Butler é flertar com uma obra clássica, mostrando-a com uma visão moderna por outro prisma. É preciso enaltecer a criatividade da proposta, uma vez que todas as histórias que se relacionam com o texto original se espelham nos mesmos personagens. Também valem pontos a composição da protagonista, interpretada pela belíssima Nathalie Emmanuel, de Maze Runner: A Cura Mortal, passando de uma jovem curiosa pelas novidades para uma pessoa temerosa, ainda que tais mudanças sejam clichês. Elogios devem ser dados à direção acertada de Jessica M. Thompson, principalmente nos ambientes escuros, dando-lhes aspectos sombrios, e sabendo para onde direcionar suas câmeras.

Contudo, a obra peca pelas facilidades do roteiro. Evie recebe a ajuda surpreendente de três pessoas em seu embate final, precisando desses apoios para conseguir se livrar de boa parte das ameaças. Além disso, parte do elenco de apoio desaparece no último ato, e os ataques que a personagem sofre são pincelados permitindo sua reação. O grande vilão não se mostra tão ameaçador, não justificando sua força representativa e ainda permitindo que o infernauta se pergunte: por que ninguém teve a mesma reação de Evie antes?

Com uma boa produção, Convite Maldito deve ser recomendado como uma obra curiosa dentro de seu subgênero, deixando, no final, uma proposta de continuidade para a imaginação do espectador.

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