Cerdita / Piggy
Original:Cerdita / Piggy
Ano:2022•País:Espanha, França Direção:Carlota Pereda Roteiro:Carlota Pereda Produção:Merry Colomer Elenco:Laura Galán, Richard Holmes, Carmen Machi, Irene Ferreiro, Camille Aguilar, Claudia Salas, José Pastor, Fernando Delgado-Hierro, Julián Valcárcel, Amets Otxoa |
À primeira impressão, Cerdita aka Piggy pode ser imaginado como um filme de vingança, como se a protagonista, Sara (a expressiva Laura Galán), pudesse rivalizar com Jennifer como uma das mais sádicas personagens vingativas do cinema B. E se fosse isso, o infernauta até sentiria uma certa satisfação por vê-la se banhar no sangue daqueles que a maltrataram. No entanto, o longa de Carlota Pereda é muito melhor do que isso, e pode ser enaltecido por ir além da fórmula pré-estabelecida do gênero. Mas há também banho de sangue…
Trabalhando no açougue dos pais, Sara é constantemente perseguida e humilhada pelos jovens da região, principalmente por três garotas, Claudia (Irene Ferreiro), Roci (Camille Aguilar) e Maca (Claudia Salas), que, além das ofensas e da perturbação psicológica, também a agridem fisicamente, como no momento em que é quase afogada e tem as roupas furtadas durante a natação, sendo obrigada a retornar para casa sob um sol escaldante. Nem sequer pode contar com o apoio da mãe (Carmen Machi), que vive forçando-a a fazer uma dieta, ou do pai (Julián Valcárcel), que parece alheio ao que acontece à filha.
No dia em que é deixada para trás com as roupas de banho, Sara descobre que as garotas foram sequestradas por um serial killer (Richard Holmes) atuante na região. Embora saiba quem é o sujeito, a garota opta por não dizer nada à polícia ao mesmo tempo que sente que precisa ajudá-las. Com a pressão das mães e dos amigos das jovens, conscientes que Sara sabe alguma coisa, ela continua sua jornada silenciosa tentando se aproximar do estranho, tomada pela curiosidade e pelo medo. O estranho também demonstra interesse pela garota, tentando trazê-la para mais perto de seu matadouro.
É possível enxergar o estranho como a materialização de um lado obscuro de Sara. Contudo, a proposta não favorece um diálogo com a literatura de Chuck Palahniuk, e apenas expõe situações em que a protagonista funciona como um joguete de sua condição. Ao mesmo tempo em que trata do bullying e de diversas formas de preconceito e da busca pela aceitação na sociedade, Carlota Pereda ainda se sente à vontade para apresentar um thriller de possibilidades, sangrento e divertido. Deve-se atentar à ótima atuação de Laura Galán, que traz em suas expressões faciais o que muitos jovens, vítimas de gozações similares, carregam dentro de si.
Inspirado em um curta da própria Carlota Pereda, lançado em 2018 – e que venceu os prêmios Goya e Forqué -, o longa teve sua première no Festival de Sundance em janeiro, conquistando boas críticas, além de mais 18 indicações e cinco prêmios. É uma trajetória promissora para os envolvidos e que mostra o quanto a sua mensagem principal ainda precisa ser recebida.
Não gostei não… o ficou devendo algo. Morno. Obs. sou fã de vcs
Parece interessante