Chucky - 2ª Temporada
Original:Chucky - Season Two
Ano:2022•País:EUA Direção:Don Mancini, Jeff Renfroe, Samir Rehem, Leslie Libman, John Hyams Roteiro:Don Mancini, Mallory Westfall, Nick Zigler, Rachael Paradis, Alex Delyle, Kim Garland, Isabella Gutierrez, Amanda Blanchard Produção:Nick Antosca, David Kirschner, Don Mancini Elenco:Brad Dourif, Jennifer Tilly, Zackary Arthur, Teo Briones, Alyvia Alyn Lind, Björgvin Arnarson, Devon Sawa, Fiona Dourif, Lachlan Watson |
Com os altos e baixos de toda a franquia do Brinquedo Assassino, a grande verdade é que transformar Chucky em uma série de TV – após o pequeno desempenho dos últimos filmes que nem mesmo estrearam no cinema – era uma ideia de risco. Mas um risco que foi muito bem calculado. Com o comando criativo total nas mãos de Don Mancini, a primeira temporada de Chucky é um verdadeiro acontecimento, num estilo legacy sequel que traz não apenas uma nova história, mas inacreditavelmente aproveitava todo o lore da franquia sem deixar praticamente uma vírgula para trás. Com o sucesso, não era de se admirar que Chucky teria uma segunda temporada. Mas agora, a série de TV volta com uma proposta de continuação mais contida e com um ritmo um pouco diferente, onde de momentos entediantes e irritantes para os protagonistas, ela também varia em total genialidade e divertimento quando vai para o não óbvio.
Começando quase onde terminou, a segunda temporada de Chucky inicia mostrando a vida dos três novos protagonistas, os sobreviventes da onda de violência e fúria do Brinquedo Assassino. Jake e Devon precisam se separar pelas circunstâncias de terem se tornado órfãos, mas seguem num romance compromissado, onde a saudade um pelo outro só aumenta, enquanto Lexi entra numa onda de drogas para tentar superar o trauma causado pelo boneco, a pressão exercida por sua egocêntrica mãe e a necessidade de proteger sua pequena irmã ainda mais traumatizada. Tudo muda quando, após o Halloween, os três se veem reunidos novamente, pelas artimanhas de um Chucky que faz parte do grupo dos últimos bonecos com pedaços da alma de Charles Lee Ray. Um acidente com vítima fatal se desenrola, os três levam a culpa e, por intervenção da terapeuta da primeira temporada, são obrigados a cumprir detenção no mesmo internato católico onde Charles passou a infância, para logicamente serem atentados novamente por outros bonecos Good Guys.
E é aqui que a graça da cabeça maluca de Don Mancini começa, enquanto, bem, outras partes enfraquecem.
Se na primeira temporada Mancini se esforça em transformar a violência de Chucky numa figura de linguagem que convergia com os sentimentos da adolescência vividos por seu trio de protagonistas, mas principalmente Jake, agora ele usará o rígido ambiente católico para jovens desajustados como um palco de sátiras religiosas num humor ácido inquestionável em sua forma de funcionar, com direito a freira vendo Jesus em um Chucky, crucificação de outro boneco saradão, um Good Guy com lavagem cerebral sendo batizado, um exorcismo sem nenhum sentido e tantas outras loucuras que o texto de Mancini deliciosamente sabe nos dar de maneira tão refinada.
O problema – e provavelmente o maior de todos – está no trio protagonista. Se soubemos nos importar e gostar de Jake, Devon e Lexi na primeira temporada, com direito a esse final boy gay tão carismático, o mesmo não acontece aqui na segunda. O trio está realmente difícil de empatia com o que foi escrito para todos, variando entre cenas cansativas e repetitivas, onde Jake e Devon têm problemas de relacionamento que nunca se resolvem, enquanto Lexi apresenta a tradicional e batida jornada de um personagem drogado, com queda, superação e ascensão óbvios. Não ajuda em nada a nova e irritante personagem adolescente Nadine, enquanto o Padre Bryce (hilariamente interpretado por Devon Sawa), tenta se manter relevante, mas ganha destaque mesmo apenas nos últimos momentos da temporada.
Porém, com o trio de jovens protagonistas não dando muito certo como da primeira vez, o palco da segunda temporada de Chucky ficou monopolizado pelo estonteante brilho de Jennifer Tilly como ela mesma e Tiffany, dessa vez acompanhada da melhor novidade da série, o retorno de seus filhos Glen e Glenda.
They/Them
O quarto episódio de Chucky é provavelmente uma das coisas mais geniais feitas para a franquia. Com Jennifer Tilly isolada em sua mansão enquanto mantém a mais azarada de todas as personagens da história da franquia em cativeiro, a agora desmembrada Nica, o aniversário de 18 anos de Glen e Glenda abre espaço para uma comemoração peculiar, onde sai o boneco Chucky e entra um mistério de assassinato caótico, divertido e repleto de reviravoltas.
O episódio acaba girando em torno das tentativas de Tilly esconder Nica possuída pelo Chucky “original” dos convidados que, a princípio, parecem aleatórios, mas cada um com sua particularidade, até que o “mordomo” morre e todos são suspeitos. É um teatro de loucuras, onde Tilly dá um show de atuação no seu desespero por ver cada vez mais a situação desmoronando, com direito à participação de sua irmã Meg Tilly em confronto constante. Mas são Glen e Glenda que roubam de verdade a cena.
Talvez porque O Filho de Chucky, por mais que seja considerado um clássico cult queer hoje, foi um baita filme injustiçado na época. Detonado pela crítica e público, além de boicotado desde sua concepção de roteiro pelo estúdio, a obra foi a responsável por quase enterrar a franquia. E na série de TV, o lore segue sendo aproveitado e valorizado, com os irmãos com a alma dividida em dois corpos sendo personagens não binários, repletos de mistérios, receios e dúvidas sobre seus passados, ainda que sempre tendo coragem e atitude para encarar todos que possam responder suas questões, seja a enlouquecida mãe Jennifer, ou o psicótico pai no corpo de Nica, sempre mantendo total afetividade um pelo outro.
Com Glen e Glenda (ambos interpretados magistralmente por Lachlan Watson), Don Mancini volta a abordar elementos queer pouco explorados ainda na TV, principalmente a não binariedade, o respeito às decisões pessoais de identificação de gênero e até o uso de pronome neutro, algo definitivamente mais fácil nos EUA do que no Brasil em termos linguísticos, mas ainda difícil de ser aceito por cabeças fechadas em qualquer lugar.
Quando a partir do episódio 5 a temporada parte para a ideia de unir os dois núcleos, cada um com seus objetivos, uma verdadeira espiral de caos começa, com acontecimentos e reviravoltas absurdas, com direito a retorno de personagens até então considerados mortos, a definitiva e insana morte de outros e um final simplesmente apoteótico, numa Nova York chupada diretamente de Blade Runner, tudo isso, claro, a partir de um bom banho de sangue de Chucky, que mais que matar, sabe fazer isso com estilo e graciosidade.
A série termina com alguns ganchos para uma terceira temporada, ainda que nos perguntemos o que ainda cabe em Chucky. Mas o fato é que essa pergunta já foi feita diversas vezes e Don Mancini soube nos responder em todas. Confiar e deixar nas mãos dele então segue sendo uma obrigação nossa como fãs.
Seria melhor assistir o filme do Pelé
Assisti à segunda temporada com expectativa de ver a série amadurecer, porém, não curti o que fizeram na série, colocando Jesus como inimigo. Ele não é nosso inimigo, nem em séries, nem na vida real. A cena do garoto rasgando as páginas da Bíblia, gente! Achei forçado e desnecessário. Acho legal a inclusão, mas quando perdem a compostura, já perderam o moral.
Eu particularmente desagrado-me muito com temas incômodos, como LGBT, não binariedade e outros dessa linha apresentados em uma obra de uma personagem que amo desde a infância. Vejam bem, não estou xingando e nem ofendendo ninguém, para não dar margem de meu comentário ser deletado, mas é preciso considerar que tais temas, embora possam ser apreciados ou mesmo relevados por algumas pessoas, geram desconforto em muitas outras, por serem héteros, cristão ou por terem filhos com os quais desejam assistir ao programa em questão futuramente. Creio que seria muito bom se o Mancini fosse mais profissional e não misturasse a preferência sexual dele com as obras nas quais trabalha. Esta é apenas a minha opinião, respeitosa e educadamente expressa.
“Preferência sexual” não existe, Ramon. Melhor assistir com os filhos a desmembramentos do que a duas pessoas de mesma ORIENTAÇÃO SEXUAL sendo felizes juntas, né? Cês não fazem sentido nenhum, puta merda.
Não foi preciso responde-lo com arrogância. Ele apenas deu apenas a opinião dele e eu concordo com ela, se vocês querem que todo mundo respeite a opinião desses grupos então porque a nossa opinião não pode ser igualmente respeitada?
Preconceito não é opinião, amado. E seu preconceito será silenciado sempre, sempre, SEMPRE nesse site.
Quanta covardia, deletaram o meu comentário e o do colega apenas por termos dado a nossa opinião sobre determinado assunto. Esse é o mundo terrível e covarde em que vivemos agora, se a mídia diz que algo está certo você tem que engolir e concordar do contrário tu é cancelado, bloqueado, excluído e mal visto. O livro 1984 nunca esteve tão atual quanto agora.
João, comentários preconceituosos seus são frequentes por aqui e eu apago, ok? No caso aqui você e o colega tiraram as cuecas pela cabeça por causa de pronomes neutros. Nós não damos espaço pra esse tipo de comentário, tá? Comentários seus que não tenham esse teor sempre são aprovados, sejam críticas ou elogios. Agora, preconceito, não. E se pra você isso é covardia, muito que bem, é a sua opinião. Um abraço.