There’s Something Wrong with the Children
Original:There’s Something Wrong with the Children
Ano:2023•País:EUA Direção:Roxanne Benjamin Roteiro:T. J. Cimfel, David White Produção:Jason Blum, Paige Pemberton, Lauren Downey, Jeremy Gold, Paul B. Uddo, Josh Reinhold, Chris McCumber Elenco:Zach Gilford, Alisha Wainwright, Amanda Crew, Carlos Santos, Briella Guiza, David Mattle |
Se tem algo que produções como O Iluminado, O Chamado, A Entidade e Colheita Maldita nos ensinaram é que crianças são assustadoras. Nunca dá pra saber o que realmente se passa na cabeça de uma criança, então a imprevisibilidade das ações dos pequenos é algo que assusta até os mais corajosos. Um dos oito filmes previstos no acordo entre a Blumhouse e a emissora EPIX, There’s Something Wrong with the Children aborda o tipo mais assustador de criança: o filho dos outros.
Dirigido por Roxanne Benjamin com roteiro de T. J. Cimfel e David White, o longa nos apresenta dois casais em uma viagem ao campo. Ellie (Amanda Crew) e Thomas (Carlos Santos) são o típico par que se casaram e tiveram filhos muito jovens, e sofrem com o marasmo da vida conjugal, enquanto Margaret (Alisha Mainwright) e Ben (Zach Gilford) são a dupla que gosta de crianças, mas ainda não se sentem prontos para abdicar da vida a dois. Em um passeio pela floresta, eles se deparam com um grande poço, aparentemente sem fundo, que parece hipnotizar os filhos de Ellie e Thomas, Lucy (Briella Guiza) e Spencer (David Mattle). No mesmo dia, Ben e Margaret se oferecem para cuidar dos garotos e dar uma folga pros pais, sem saber que havia algo de errado com eles…
Não vou mentir que o conceito de “filho dos outros” já me apavora mais que muita assombração por aí. Digamos que o filho de um amigo durma na sua casa de forma totalmente inofensiva. E que na manhã seguinte ele simplesmente… desapareça? De repente, você é responsável pelo desaparecimento de uma criança e seu melhor amigo virou seu pior inimigo. É exatamente isso que ocorre com o pobre Ben, que ao acordar descobre que as crianças sumiram. Pior, quando ele finalmente as encontra, eles começam a agir de forma… estranha. E de quem é a culpa?
O filme constrói bem a tensão decorrente de uma situação aparentemente corriqueira no primeiro ato, mas fica apenas nisso. No segundo ato em diante, as coisas degringolam de maneira crítica, em uma sequência de más decisões que extrapolam os limites da suspensão de descrença. Chega um determinado momento que tudo que você pensa é “colega, é só ficar longe dessas crianças”. Pra piorar, a decisão cretina de tentar gerar dúvida se aqueles fatos são reais ou fruto da doença mental de um personagem soa totalmente desconexo, sem relação nenhuma com o rumo que o filme toma no último ato.
Atenção para spoilers no próximo parágrafo
Esse, então, é uma bagunça. Tudo bem que nem tudo precisa ser mastigado em tela, mas o underexplaining também merece ser criticado. Nunca chegamos a descobrir o que acontece no tal poço, por que alguns personagens são hipnotizados e outros não, e qual seria a aparência do monstro em formato de louva-a-deus. Em vez disso, ficamos com um garoto que, aparentemente, pratica a ofidioglossia (alô Harry Potter). A cena final com o carro simplesmente não me convence, meramente porque não existe justificativa para o personagem em questão ter demorado TANTO para entrar no veículo.
Fim dos spoilers
There’s Something Wrong with the Children começa bem, com uma proposta que aparentemente tenta fugir do clichê, mas nos dois terços finais não se decide por qual rumo seguir e acaba não indo a lugar algum. Apesar de alguns nomes de peso, ninguém atua particularmente bem, e o resultado é bem esquecível.
Que merda, meu irmão acordou do coma pra desligar a TV