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A Tumba da Múmia
Original:The Mummy's Tomb
Ano:1942•País:EUA
Direção:Harold Young
Roteiro:Neil P. Varnick, Griffin Jay, Henry Sucher
Produção:
Elenco:Lon Chaney Jr., Dick Foran, John Hubbard, Elyse Knox, George Zucco, Wallace Ford, Turhan Bey, Virginia Brissac, Mary Gordon, Paul E. Burns, Frank Reicher

“A lua está alta no céu novamente, Kharis; há morte no ar da noite. Seu trabalho começa.” (Mehemet Bey)

O sucesso modesto de A Mão da Múmia empolgou a Universal Pictures a fazer uma continuação, despertando mais uma vez a maldição de Kharis com a perspectiva de uma vingança sobrenatural. Para conquistar ainda mais interesse, o estúdio aproveitou do fato de Lon Chaney Jr. ter renovado seu contrato e já o escalou para o papel do monstro de trapos. Assim, Tom Tyler aparece apenas no longo prólogo, que resume o filme anterior inteiro, e dá lugar ao ator popular na época e que já havia sido a Criatura de Frankenstein e principalmente o Lobisomem, entre outros papéis em gêneros diversos.

Harold Young já tinha vários trabalhos como diretor quando aceitou assumir o comando de A Tumba da Múmia (The Mummy’s Tomb, 1942). Reconhecido pela função de editor de diversas produções entre as décadas de 1920 e 1930, Young esteve à vontade para dirigir esse média-metragem – o filme tem apenas 60 minutos – sem muito esforço, a partir de utilização de imagens do filme anterior, além de Frankenstein e A Noiva de Frankenstein, e cenários já vistos em outras produções. Traz ainda o retorno de três personagens vistos no anterior: o Prof. Stephen A. Banning (Dick Foran), Babe Hanson (Wallace Ford) e uma participação curta de Andoheb (George Zucco).

Com esses retornos e resgates do longa anterior, o enredo pode ser considerado bastante simples, mesmo tendo sido escrito a quatro mãos por Griffin Jay e Henry Sucher, a partir de um argumento desenvolvido por Neil P. Varnick. Começa trinta anos depois dos eventos de A Mão da Múmia – ou seja, algo em torno de 1970, embora, à exceção da maquiagem, não tenha nada que indique uma ideia futurista -, com o professor Stephen contando à família sobre suas aventuras no Egito na busca pela tumba de Ananka e o confronto com Kharis, que seguia as orientações do mestre Andoheb.

Andoheb: Agora jure pelos deuses sagrados do Egito, que você nunca descansará até que o último membro remanescente da família Banning seja destruído.
Mehemet Bey: Eu juro!

Após seu relato, no qual informa da morte de sua esposa Marta (Peggy Moran), com quem se envolveu no filme anterior, a narrativa parte novamente para o Egito, onde Andoheb, embora baleado em A Mão da Múmia, sobreviveu e está diante do que deveriam ser seus últimos suspiros – até o filme seguinte, óbvio – para passar as instruções do comando de Kharis a Mehemet Bey (Turhan Bey) – três folhas de tana mantêm a Múmia viva; nove, fazem com que ela se movimente, em um ritual que deve seguir o ciclo da Lua Cheia – e também pedir que ele use a criatura para se vingar dos Banning. Bey leva a tumba para os EUA e a esconde no cemitério de Mapleton, assumindo a função de zelador local.

Com a iluminação da lua, ele prepara as nove folhas e pede que ela mate o primeiro Banning. Kharis atravessa o cemitério, sob a testemunha de um casal de namorados, e é vista por moradores que só lembram de sua “sombra” passando, e estrangula Stephen, retornando para seu descanso. Não se sabe por que ela só pode matar uma pessoa por noite, sendo que ela podia ter feito o serviço completo de uma só vez. O xerife (Cliff Clark), que ignorou o telefonema de um morador, tenta identificar o criminoso pelos rastros deixados e se aproxima de Babe, mais sério do que sua versão de trinta anos antes, depois que este acredita na continuidade da maldição. Ele estará na lista de compromissos mortais de Kharis, assim como a irmã de Stephen, Jane Banning (Mary Gordon), o filho Dr. John Banning (John Hubbard) e sua futura esposa, Isobel Evans.

Os planos de Bey serão atrapalhados pela investigação de John, ao entrar em contato com o especialista Prof. Norman (Frank Reicher) sobre marcas acinzentadas no pescoço das vítimas, e também pelo fato dele se apaixonar por Isobel e resolver sequestrá-la, somente para termos mais uma cena clássica da Universal, com o monstro carregando a moça indefesa. Logo o xerife se unirá aos cidadãos para organizar uma caça à múmia, similar (vide a mesma cena) à que acontece em Frankenstein e a continuação, com os “aldeões” carregando tochas para perseguir o vilão sobrenatural.

Para apreciação completa do filme, deve-se deixar de lado diversas falhas, como situações mal explicadas (por que Andoheb precisou esperar 30 anos para realizar sua vingança? Por que a Segunda Guerra Mundial ainda está ocorrendo mesmo depois de trinta anos?) e alguns efeitos toscos, como o da casa em chamas tendo personagens muito próximos. O tom ingênuo de um triângulo amoroso forçado (John x Bey e Isobel), além da própria solução encontrada para o destino do mestre de Kharis. Por outro lado, a caracterização de Lon Chaney Jr. está muito boa, em mais um ótimo trabalho com a assinatura de Jack P. Pierce – assim como seu andar lento, na construção de mais uma múmia assustadora do gênero. A atmosfera que envolve sua caminhada por um cemitério é macabra e assustadoramente interessante, sem momentos de humor.

Se A Mão da Múmia é prejudicada pelos enredo engraçadinho, este é pela condição oportunista. A reutilização de cenas e ambientações deixa o filme com aspecto de narrativa reciclada, mas merece uma avaliação melhor pela presença significativa de Lon Chaney Jr., literalmente um monstro da Universal Pictures.

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