The Seed (2021)

4.3
(6)

The Seed
Original:The Seed
Ano:2021•País:UK
Direção:Sam Walker
Roteiro:Sam Walker
Produção:Kathleen Debrincat, Chris Hardman, Matt Hookings, James Norrie
Elenco:Lucy Martin, Sophie Vavasseur, Chelsea Edge, Anthony Edridge, Jamie Wittebrood

O início de uma invasão alienígena sob o prisma de três garotas de características distintas. Deidre (Lucy Martin, da série Vikings) é moldada pelas redes sociais, que respira celular e injeta internet como vitrine de sua vida fútil, suas roupas curtas, brincos, unhas grandes e pintadas e maquiagem exagerada; Heather (Sophie Vavasseur, a Angie de Resident Evil 2: Apocalipse) é a mais família, preocupada com a preservação da casa isolada de seu pai, mas que também aprecia contatos virtuais e encontros; enquanto Charlotte (Chelsea Edge) é a nerd que não se importa com aparência, não tem instagram e ainda possui celular de poucos recursos. As amigas viajam à tal casa, localizada no deserto de Mojave, na Califórnia, para assistir a uma agendada chuva de meteoros, já evidenciando nas conversas iniciais boa parte de suas personalidades.

Curtindo piscina e maconha, Charlotte e Heather até que se importam com o fenômeno, ao passo que Deidre só está preocupada em postar a respeito, fazer uma live e mostrar para seus seguidores o que está testemunhando. Sem conexão, a sensação de isolamento se amplia quando um dos meteoros cai na piscina. Inicialmente aparentando ser apenas uma pedra fedorenta, logo se revela como uma criatura parecida com uma tartaruga sem casco – elas encontram similaridades em seu visual com o de um urso, um tatu e até uma hiena, numa piada que se repete até o espectador não aguentar mais. Pensando em se livrar da coisa de outro mundo, pedem ajuda ao garoto Brett (Jamie Wittebrood), que aparece no local para cuidar do jardim, fugindo assim que o monstrinho começa a se mover.

Além de chorar, o bichinho – feito com efeitos práticos, felizmente – passa a influenciar psicologicamente as garotas, numa sedução que envolve uma orgia de carne, corpos fundidos, gosma preta, tentáculos, até culminar numa mudança gradual de comportamento. Deidre e Heather assumem uma postura de curtição e prazer, incomodando Charlotte ao ponto de fazê-la buscar informações na vizinha Edna (Shirley Pisani), uma senhora que parece saber muito sobre o evento dos meteoros mas não terá tempo de contar. A nerd terá que encontrar meios de descobrir o que está acontecendo para tentar evitar o que pode levar a Terra à sua completa destruição pelos seres extraterrestres.

Dirigido e roteirizado por Sam Walker, em sua estreia, The Seed é mais um dos filmes de pouco destaque em exibição no streaming Shudder. Perde boa parte de sua narrativa na caracterização das jovens, ainda que os cinco primeiros minutos já tenham feito isso adequadamente. Tenta nos convencer que os milhares seguidores da frívola Deidre terão interesse em sua live sobre pontos luminosos que atravessam o céu, ao invés de vê-la em algum restaurante caro ou experimentando roupas de verão. Sem muito ao que recorrer, o enredo, ambientado quase que inteiramente em um único cenário, preocupa-se em atrair a atenção para as chatices de Deidre, para as preocupações de Heather e a lentidão de Charlotte, que, embora seja a “quase virgem” do longa, age de maneira estúpida por diversas vezes, dificultando a identificação e se afastando de seu estereótipo. Talvez a convivência no local já faria o alienígena decidir voltar para seu planeta, tendo como conhecimento esses exemplares humanos.

Depois que a ameaça se apresenta, não fica claro como os aliens conseguirão dominar o planeta. Seduzirão todas as mulheres pela proliferação da espécie? Como irão enfrentar as armas de fogo, se aparentemente não possuem recursos tecnológicos como uma nave ou pistolas de laser? Se The Seed desenvolvesse sua ideia como sátira ao estilo, brincando até mesmo com conceitos que serviram de inspiração, como Invasores de Corpos e ET – O Extraterrestre, poderia se tornar mais aceitável, mas não é o que acontece. Ele não sai do lugar, não chega a lugar algum e ainda traz um duplo final – quando a câmera mostrar um corpo estendido na terra e começar a se afastar para cima, pare de assistir ao filme. O epílogo convencional não acrescenta absolutamente nada ao longa.

Há nojeiras diversas, olhos vazando gosma preta, vômitos e um monstrinho simpático, porém não são o suficiente para valer uma recomendação. Contudo, ver ou não, é você quem decide.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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