Black Mirror – 6ª Temporada (2023)

4.8
(5)

Black Mirror - 6ª Temporada
Original:Black Mirror - Season 6
Ano:2023•País:EUA, UK
Direção:Ally Pankiw, Sam Miller, John Crowley, Uta Briesewitz, Toby Haynes
Roteiro:Charlie Brooker, Bisha K. Ali
Produção:Joel Stokes, Alison Marlow, Dan Winch, Georgina Lowe, Richard Webb
Elenco:Annie Murphy, Salma Hayek, Michael Cera, Himesh Patel, Avi Nash, Wunmi Mosaku, Samuel Blenkin, Myha'la Herrold, Daniel Portman, John Hannah, Monica Dolan, Gregor Firth, Ellie White, Aaron Paul, Josh Hartnett, Kate Mara, Auden Thornton, Rory Culkin, Daniel Bell, Billie Sturrock Kewish, Zazie Beetz, Clara Rugaard, Danny Ramirez, Robbie Tann, James P. Rees, David Rysdahl, Anjana Vasan, Paapa Essiedu, Katherine Rose Morley, David Shields, Nicholas Burns

Finalmente estreia na Netflix uma nova temporada de Black Mirror! Para quem (como eu) é fã do seriado, essa é uma ótima notícia. Para o leitor que nunca ouviu falar (se ainda existir algum) trata-se um fenômeno pop criado por Charlie Brooker, inicialmente para o Channel 4 inglês e depois transferida para a gigante do streaming.

São contos de ficção científica, suspense, terror, comédia… cuja roupagem tecnológica serve para contar histórias sobre, nada mais e nada menos, pessoas. O grande barato é que a alegria e as dores das relações humanas são expostas ora de forma terna, ora cínica, ora desiludida, ora esperançosa… a condição humana é o vetor e força motriz das histórias, tendo como embrulho (quase sempre) algo relacionado à tecnologia.

Essa nova leva de cinco episódios deixa de lado a fraquíssima quinta temporada, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!

Ainda não está no nível dos melhores episódios produzidos no passado, mas todos são dignos (à exceção do quarto), e o resultado final dessa nova temporada é animador, mostrando que a série não perdeu brilho e nem deixou de ser criativa.

Li algumas críticas bastante duras que considero injustas, visto que o salto qualitativo, em comparação com a temporada anterior, é mais que evidente. Além disso, Black Mirror consegue manter um alto nível em comparação às séries com pegada fantástica produzidas aos borbotões atualmente. Brooker mostra que não perdeu a verve e talento para expor com detalhes e discutir com elegância a sociedade moderna.

Vejam abaixo uma breve análise de cada segmento.

Joan é Péssima

O episódio de abertura (junto com o terceiro) é o que mais se adequa à proposta inicial da série. Muito bem realizado, engraçado, mas ao mesmo tempo aflitivo, acompanhamos Joan (Annie Murphy), uma mulher que tem uma vida relativamente normal (até banal em certo sentido) e que vê sua rotina ser retratada como uma série de um serviço de streaming.

Usando e abusando da metalinguagem, Joan é interpretada no seriado retratado por uma hilariante Salma Hayek, que, entre outras coisas, exagera no tom, tornando Joan muito mais detestável que a original.

Um episódio que pondera sobre os limites da exposição, o uso da tecnologia de captura de imagens e do direito à preservação da nossa intimidade. Ao final, fica a pergunta: se Joan é péssima, todos nós não somos também?

Loch Henry

Considero esse o melhor episódio da temporada. Um casal de jovens cineastas vai até uma pacata vila escocesa para gravar um documentário sobre a natureza. Contudo, a cidade guarda um segredo horrível no passado e os jovens decidem mudar o tema do filme. Assim, eles vão se debruçar sobre a história de um psicopata que fez várias vítimas e foi morto quando o caso veio à tona.

Voltado para o gênero true crime, a história tem um ótimo plot twist e os atores estão maravilhosos. É uma história triste, sem heróis nem recompensas. O final dói na alma e no coração.

Beyond the Sea

Ambientado na década de 60, dois astronautas (Aaron Paul e Josh Hartnett) saem numa viagem espacial e deixam suas famílias na Terra. Uma tragédia irá mudar a relação de todos. Não deixe que contem a você nada além disso. O legal é descobrir aos poucos o que rola, num dos episódios mais impactantes da temporada.

A história poderia trilhar por diversos caminhos, mas Booker decidiu seguir pelo mais traumático. Episódio envolvente e o desfecho mostra de forma aterradora até onde pode chegar a maldade do ser humano quando não tem mais nada a perder.

Mazey Day

O mais fraco da temporada. Esse segmento destoa por completo da boa qualidade geral da temporada. Uma tentativa mal feita de crítica aos paparazzi, cujo produto final não se sustenta. Mazey Day (Clara Rugaard) é uma estrela de Hollywood, que, durante as filmagens de seu novo longa, numa noite de folga, atropela uma pessoa. Vemos esse corte e depois acompanhamos uma paparazzi (Zazie Beetz, uma boa atriz perdida) que se vê diante da possiblidade de ganhar um bom dinheiro para fotografar Mazey Day, desaparecida da mídia logo após o acidente.

Curto, sanguinolento e copiado descaradamente de um filme clássico dos anos 80. Difícil de entender qual motivo levou os envolvidos a dar o sinal verde para esse episódio.

Demônio 79

A temporada retoma o prumo com este simpático conto de terror. O leitor mais antenado irá perceber várias referências, mas, como tudo foi tão bem feito, é difícil não gostar e simpatizar com o resultado. No final da década de 70, uma vendedora pacata traz à vida um demônio que informa o seguinte: ela deverá cometer três assassinatos para impedir que o mundo acabe.

Não tem nada de tecnologia abarcado ao episódio, mas é importante reconhecer quando uma história é bem contada, mesmo reciclando ideias já utilizadas anteriormente. Além disso, por incrível que pareça, esse foi o demônio mais simpático já concebido nas telas e a dupla formada com a vendedora é formidável.

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Ricardo Gazolla

Formado em Direito e trabalhando no setor privado, apaixonado por cinema desde a infância quando assistiu Os Goonies (1985) na tela grande. Sua predileção pelo horror começou um pouco depois ao conhecer em VHS A Hora do Pesadelo (1984), Renascido do Inferno (1987) e A morte do demônio (1981). Desde então o cinema se tornou um hobby, um vício socialmente aceito, um objeto de estudo, um prazer público e, agora, no site Boca do Inferno, uma forma de comunicação com as pessoas.

One thought on “Black Mirror – 6ª Temporada (2023)

  • 16/07/2023 em 18:09
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    Tbm curti pra caramba essa nova temporada. Episódios muito legais. Porém o quarto e quinto tem cara de além da imaginação, ao invés de Black mirror,mas eu tbm curti.
    Fora que tbm amo além da imaginação ❤️

    Resposta

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