The Walking Dead: Dead City – 1ª Temporada (2023)

5
(5)

The Walking Dead: Dead City - 1ª Temporada
Original:The Walking Dead: Dead City - Season One
Ano:2023•País:EUA
Direção:Kevin Dowling, Gandja Monteiro, Loren Yaconelli
Roteiro:Eli Jorne, Keith Staskiewicz, Brenna Kouf
Produção:Llewellyn Wells
Elenco:Jeffrey Dean Morgan, Lauren Cohan, Gaius Charles, Mahina Napoleon, Zeljko Ivanek, Logan Kim, Jonathan Higginbotham, Karina Ortiz, Pallavi Sastry

The Walking Dead terminou, mas está longe de acabar. Parece um paradoxo, mas é a melhor maneira de definir esse universo interminável – lê-se: fonte de renda dos envolvidos. Enquanto a sexta temporada da série estava prestes a ter início e apresentava pela primeira vez Morgan Jones (Lennie James), surgia o primeiro derivado, Fear the Walking Dead, que ironicamente seria “a casa” desse personagem. As duas séries caminhavam juntas como mortos em busca da carne do espectador, quando foi feita uma terceira produção solo, World Beyond, que teve a vida curta de apenas duas temporadas. E agora, com o sepultamento oficial da série-mãe, depois da antologia Tales of the Walking Dead, é lançado um novo spin-off, The Walking Dead: Dead City, que teve sua première dia 18 de junho e duração de seis episódios – o aperitivo de cada novo produto.

Inicialmente, imaginei que fosse apenas mais um caça-níquel. E é, na verdade. Mas, depois que você se envolve com a jornada dos inimigos mortais Negan (Jeffrey Dean Morgan) e Maggie (Lauren Cohan), você até entende a sua realização. O vilão, do Santuário e do taco de beisebol com arame farpado, Lucille, foi um dos melhores acréscimos de toda a série, assim como a furiosa mãe de Herschel. A improbabilidade de vê-los juntos, quase como parceiros, é o grande motivador de sua realização, ainda mais quando se percebe que Negan traz traços de seu passado violento. Depois que o personagem virou “boa-praça“, ajudando os sobreviventes da série original, muito de sua imponência se perdeu. E é por isso que se torna necessário acompanhar The Walking Dead: Dead City. E nem é preciso ter visto os demais produtos para poder apreciá-la.

Com o showrunner de Eli Jorne, a série é ambientada em Manhattan, agora uma ilha isolada com suas próprias leis. Diferente de Pânico 6, que abordou Nova York embora tenha sido filmado no Canadá, a trama aqui deixa clara a sua localização até mesmo no excelente cartaz que faz alusão a Fuga de Nova York, de John Carpenter. É nesse cenário que está a desesperada Maggie depois que seu filho (Logan Kim) é sequestrado pelo Croata (Zeljko Ivanek), um ex-Salvador e que fazia parte da gangue de Negan e seus seguidores, chamados “burazis“, e mantido no Madison Square Garden. Ela pede ajuda para seu inimigo, exatamente por ele já conhecê-lo, enquanto este já tinha seus próprios problemas ao ser perseguido pelo “xerife” Perlie Armstrong (Gaius Charles), e tenta proteger a “muda” adolescente Ginny (Mahina Napoleon).

Na busca pelo garoto sequestrado, a dupla encontra pelo caminho Esther (Eleanor Reissa) e seu grupo de rebeldes contra os burazis, liderados por Tommaso (Jonathan Higginbotham) e sua namorada Amaia (Karina Ortiz). Para ter acesso ao cativeiro e sede do  Croata, Maggie, uma escondida Ginny e os rebeldes atravessam os túneis de metrô da Penn Station, enquanto Negan está por outro caminho, contando com Perlie em sua cola. A passagem pelos túneis escuros promove um dos momentos mais assustadores e interessantes de toda a franquia The Walking Dead, com os sobreviventes escalando corpos, sendo atacados pelos mortos a todo momento, afetados pelo metanol até confrontar uma criatura com a mescla de vários cadáveres. Algo que até os filmes da série Resident Evil não souberam fazer algo similar.

E várias outras boas ideias permeiam a série The Walking Dead: Dead City. Os mortos que são atirados dos prédios, um octogonal de confronto entre as criaturas – algo similar foi visto em Terra dos Mortos, de George A.Romero – e a travessia de tirolesa pelos edifícios. Com efeitos especiais incríveis de maquiagem e digitais e a boa direção de Kevin Dowling, Gandja Monteiro e Loren Yaconelli, esse spin-off se mostrou bastante eficiente, sem enrolação – e a prova de que não é necessário mais que seis episódios por temporada -, e com boas sequências de confrontos e reencontros. Utilizou flashbacks adequadamente, levando o espectador a um retorno aos momentos áureos da série original, e apresentou um final bastante promissor. Se houver ousadia e criatividade, a segunda temporada poderá ser bastante surpreendente.

Agora resta acompanhar as aventuras francesas de Daryl Dixon (Norman Reedus) para saber se todos esses novos capítulos realmente irão valer a pena!

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 5 / 5. Número de votos: 5

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Avatar photo

Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *