Dezesseis Facadas
Original:Totally Killer
Ano:2023•País:EUA Direção:Nahnatchka Khan Roteiro:David M. Matalon, Jen D’Angelo, Sasha Perl-Raver Produção:Jasom Blum, Nahnatchka Khan, Greg Gilreath, Brian Leslie Parker, Jeremy Gold, Kyle Chalmers, Chris McCumber, Chris Dickie Elenco:Kiernan Shipka, Julie Bowen, Lochlyn Munro, Olivia Holt, Troy Leigh-Anne, Kelcey Mawema, Kimberly Huie, Charlie Gillespie, Liana Liberato, Stephi Chin-Salvo, Anna Diaz |
Quando vi que o mais recente lançamento do Prime Video se tratava de outro terrir homenageando os anos 80, não pude deixar de revirar os olhos. Não me entendam mal, adoro um bom slasher e sempre me divirto identificando algum easter egg sobre Clube dos Cinco ou Exterminador do Futuro, mas o que poderia ser abordado em um horror cômico saudosista que já não tivéssemos visto em produções como Stranger Things, It e Rua do Medo?
Estrelado por Kiernan Shipka (O Mundo Sombrio de Sabrina), o longa retrata o caso do Sweet Sixteen Killer, um assassino mascarado que esfaqueou três adolescentes no ano de 1987 e se tornou uma lenda na pequena cidade de Vernon. Trinta e cinco anos depois, alguém com a mesma máscara tira a vida de Pam Hughes (Julie Bowen, nossa eterna Claire Dunphy), mãe da jovem Jamie (Shipka), que também passa a ser perseguida. Ao tentar evitar a morte certa, Jamie acaba ativando acidentalmente uma máquina do tempo, voltando trinta e cinco anos no tempo, na exata noite dos ataques originais. Conseguirá ela desmascarar o vilão e impedir a morte de sua mãe no presente?
Adianto que Dezesseis Facadas me divertiu bastante. Todo o hype dos projetos atuais ambientados nos anos 80 é construído principalmente pela sensação de estranheza gerada por um período tão rico que se tornou cult. Cabelos. Roupas. Filmes. Costumes. Expressões. Os eigthies são de fato muito interessantes. A grande sacada do longa dirigido por Nahnatchka Khan é transportar a nossa visão crítica de 2023 para dentro do ano de 1987. E como fazer isso? Ora, usando o nosso próprio DeLorean em forma de máquina de fotos instantâneas (recurso já utilizado na comédia When We Met, justiça seja feita)!
O choque de gerações produz muitas cenas simplesmente hilárias, como por exemplo camisas com frases ofensivas e mascotes claramente racistas. Nesse sentido, o personagem Randy (Jeremy Monn-Djasgnar) é um verdadeiro compilado de expressões problemáticas. As homenagens não se restringem aos costumes da época, abraçando também alguns clássicos do cinema de horror, como Halloween e Pânico. O ponto negativo fica por conta de algumas atuações, principalmente da protagonista Kiernan Shipka, que não possui a expressividade necessária para a personagem. Senti falta de uma participação maior da queridíssima Julie Bowen, que rouba a cena nos poucos minutos que aparece.
Dezesseis Facadas é um filme leve, despretensioso e brutalmente divertido. Precisa de certo grau de suspensão de descrença? Evidentemente, até porque pra superar uma adolescente criando uma máquina do tempo utilizando uma cabine fotográfica, tem que ir com a cabeça aberta. Se você não se importar com isso (e não se importar em ver o 538205° filme da Liana Liberato adulta interpretando uma adolescente), vai encontrar aqui um bom entretenimento. O filme está disponível no Prime Video.
Dezesseis facadas inspiradas na violência do “Halloween” de Rob Zombie. A diretora Nahnatchka Khan chegou para traumatizar pessoas e não entendi muito bem se havia essa necessidade, mas tudo bem. Mesmo não havendo muitas, as mortes que aparecem são realistas e geram bastante desconforto por serem bem cruas. A última vez que eu vi esse nível de violência num slasher (e quando digo “violência” não estou falando apenas de gore) foi em “Halloween: O Início” (2007) e “Halloween 2” (2009), ambos massacrados pela crítica, mas inegavelmente filmes que entraram pra minha lista dos mais violentos já feitos, principalmente pelo lado psicológico e o impacto causado com a crueza nas mortes.
Mas voltando para o que realmente interessa (a base), a questão aqui é o roteiro. Escrito por três cabeças – David Matalon, Sasha Perl-Raver e Jen D’Angelo – “Totally Killer” (no título original) é totalmente fragmentado de ideias. Daria tranquilamente para estendê-lo em uma série devido a esse ritmo que eles imprimiram, mas como estamos falando de um longa metragem, isso acabou atrapalhando um pouco a experiência e me fazendo “empurrar com a barriga” pra conseguir vê-lo até o fim.
A começar que não sou muito fã de filmes com viagem no tempo. Não que eu tenha algo contra esse lado da ficção, é que no fundo eu sei que pra isso ser utilizado de forma eficaz é necessário de uma estrutura muito boa, com um motivo no mínimo plausível que se encaixe dentro da fantasia (não vou nem considerar o sci-fi aqui). E desde “A Morte Te Dá Parabéns 2” criei uma certa aversão com máquinas do tempo.
Mas sem paradigmas que me impeçam de ter ao menos uma diversão, vou analisar esse filme com o que ele se propõe: a ser um nonsense. Algo que, inclusive, está em alta entre os filmes de horror. Porém, em “Dezesseis Facadas” um dos elementos dessa nova onda de produções “horror/comédia” acabou sendo deixado de lado: o humor. O filme se arrasta em questões que estão ali apenas para se tornarem aleatórias, preenchendo seu tempo até que finalmente cheguemos ao momento de descobrir quem é o assassino por trás de mais uma máscara (e seus motivos secretos).
Tudo isso ao mesmo tempo em que se levanta questões bem interessantes sobre passado-presente, algo já bem utilizado em várias séries e filmes atuais, e que por um momento nos faz até esquecer que estamos vendo um slasher (em que seu lado cômico havia ficado de fora há muito tempo). O que salva o filme é a presença da ótima Kiernan Shipka como personagem central, que consegue entrar no estúdio de edição e salvar o roteiro que se encontrava capengando, sem conseguir chegar a lugar algum. O importante é que no fim, essa volta ao passado nos faz passar um tempo com algo que ao menos chegou a algum lugar: o fim. “Dezesseis Facadas” acaba conseguindo entregar (com um único filme) algo bem superior ao que vimos na trilogia “Rua do Medo” (Netflix) por exemplo, e só por isso já é algo válido para se termos um parâmetro quântico.
Esse choque de geração é chatíssimo demais, ou você faz uma produção totalmente voltada pra essa época com personagens que só vivem nela, ou você esquece, já que para a galera sensível de hoje, tudo ali é racismo, eito, fobia…
Meu, é muito chato você ver uma protagonista que a cada 10 palavras fala que algo dos anos 80 é ofensivo, chato pra caramba.
Mas a ideia do filme é justamente essa, fazer um paralelo cômico entre uma geração que não reclamava de nada e uma que reclama de tudo.
Um ótimo terrir é A Morte Te Dá Parabéns, personagem carismática e várias cenas engraçadas, Dezesseis Facadas poderia ser melhor se não fosse a protagonista militando a cada dois segundos.
A única coisa que tenho que elogiar esse filme é a identidade do assassino e o plot twist envolvendo ele, fora isso é um filme fraquíssimo que tinha um excelente potencial.