Colheita Maldita 666 – Isaac Está de Volta (1999)

3.3
(4)

Colheita Maldita 666 - Isaac Está de Volta
Original:Children of the Corn 666: Isaac's Return
Ano:1999•País:EUA
Direção:Kari Skogland
Roteiro:Stephen King, Kari Skogland, Tim Sulka
Produção:Bill Berry, Jeff Geoffray, Walter Josten
Elenco:Natalie Ramsey, Gary Bullock, Alix Koromzay, Stacy Keach, John Franklin, Paul Popowich, Sydney Bennett, Nancy Allen

O interesse em torno de um sexto filme da franquia Colheita Maldita poderia envolver a volta de seu filho pródigo. Depois que as partes 4 e 5 se afastaram completamente do texto original, só relacionando crianças maléficas e milharal, a possibilidade de uma continuação direta, incluindo um resgate da cidade maldita de Gatlin, era até animadora. A Dimension Films tinha a disposição para uma nova entrada, mas queria que fosse diferente das anteriores ao mesmo tempo que resgatasse a atmosfera dos primeiros capítulos, contratando para tal Kari Skogland, que dizia não ser fã de terror embora tenha curiosidade com a experiência – ironicamente, depois ela faria episódios de séries como Under the Dome, Penny Dreadful, Fear the Walking Dead, The Walking Dead e NOS4A2. Apesar dos esforços, a volta de Isaac passou longe de ser como se esperava.

Mesmo tendo sido queimado vivo após a possessão no final de Colheita Maldita, Isaac (John Franklin) sobreviveu e está em coma em um hospital de Gatlin. A cidade das crianças do milharal ainda é habitada por alguns moradores insistentes, que não querem deixar o local, apesar de toda a repercussão do caso nos noticiários mostrados em Colheita Maldita 2. Permanecem ali a Xerife Cora (Alix Koromzay), o Dr. Michaels (Stacy Keach), o assistente do hospital, Gabriel (Stacy Keach), os que cuidam do motel, Morgan (Sydney Bennett) e seu namorado Matt (John Patrick White), o doido Jesse (Nathan Bexton), a misteriosa Rachel (Nancy Allen) e alguns adolescentes e crianças.

Gatlin está no aguardo da concretização de uma profecia, iniciada como a volta da jovem Hannah Martin (Natalie Ramsey) à região para descobrir informações sobre seu passado. Ela fizera parte do culto e depois foi enviada para longe como muitas crianças, conforme também fora mostrado no segundo filme. Contudo, seu retorno é cheio de hostilidade e sinais de que ela não deveria insistir nessa procura, iniciando com a carona dada ao religioso Zachariah (Gary Bullock), que lhe informa sobre seu nome bíblico e seu destino como mãe do profeta Samuel, antes de desaparecer.

Cada tentativa de busca às suas origens, a garota é mal recebida, seja pela xerife, o médico e os jovens, ainda que sua presença ali tenha uma importância significativa para a volta da entidade “Aquele que Anda por Detrás das Fileiras“. Assim que toca em Isaac, ele desperta para futuramente reunir seguidores para as próximas etapas da profecia: o envolvimento de Hannah com o filho do pregador para dar a luz à nova geração de “filhos do milharal“. Isto é, enquanto era apenas um menino que vociferava palavras da própria escritura, Isaac teve um filho, agora com 19 anos.

Até aí o roteiro de Tim Sulka e do próprio John “Isaac” Franklin seguia um caminho improvável mas lógico – não diria interessante. A bagunça se estabelece exatamente com a volta de Isaac, marcando aqueles que irão se envolver como gados até confrontar a própria entidade que segue, depois que as coisas acontecem de maneira tortuosa. E então o enredo, já cheio de clichês em um ritmo sonolento, não sabe para onde partir, dando poderes a um dos jovens, algumas mortes sem muito impacto – há um personagem, que morre eletrocutado mesmo estando de sapato em contato com a água -, até terminar de maneira inconclusiva.

Com filmagens quase inteiramente à luz do dia, sem a mesma atmosfera apocalíptica, Colheita Maldita 666 não empolga e não se justifica. Poucos acréscimos à mitologia – essa profecia é difícil de engolir – e um elenco de alguns rostos conhecidos sendo desperdiçados como Nancy Allen (da franquia Robocop) em um drama familiar desconexo, e Stacy Keach (de Fuga de Los Angeles e Nebraska) em uma participação rápida. O próprio John Franklin, que estava possuído no primeiro filme, retorna sem muita força à narrativa, aparecendo menos verborrágico e mais frágil fisicamente.

Para não dizer que tudo é ruim, algo interessante nesse sexto filme são as crianças que aparecem repentinamente no milharal como fantasmas, sempre que alguém está por perto. Não foi bem explorado pelo enredo, mas traz um aspecto sobrenatural ainda que não seja essa a intenção. Também pode-se elogiar a constituição do hospital, funcionando como um hospício, tendo pessoas passando entre os corredores e o tradicional louco profético.

Pior continuação da franquia, Colheita Maldita 666: Isaac Está de Volta ainda inspiraria mais filmes. O sétimo, Colheita Maldita 7: A Revelação, foi lançado em 2001, com direção de Guy Magar, e tendo no elenco o reconhecido vilão de filmes B Michael Ironside; enquanto uma refilmagem do original foi lançada em 2009, Colheita Maldita: Gênesis chegaria às locadoras em 2011, com direção de Joel Soisson. E não parou por aí. É muito argumento para um conto de 30 páginas sobre crianças que seguem uma entidade em um milharal.

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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