Stranger Things – 4ª Temporada (2022)

3.6
(5)

Stranger Things - 4ª Temporada
Original:Stranger Things - Season Four
Ano:2022•País:EUA
Direção:Shawn Levy, Matt Duffer, Ross Duffer, Nimród Antal
Roteiro:Ross Duffer, Matt Duffer, Paul Dichter, Kate Trefry, Caitlin Schneiderhan, Curtis Gwinn
Produção:Matt Duffer, Ross Duffer, Rand Geiger, Justin Doble, Paul Dichter, Tudor Jones, Kate Trefry
Elenco:Caleb McLaughlin, Charlie Heaton, Winona Ryder, David Harbour, Finn Wolfhard, Millie Bobby Brown, Gaten Matarazzo, Natalia Dyer, Joe Keery, Noah Schnapp, Cara Buono, Priah Ferguson, Paul Reiser, Sadie Sink, Brett Gelman, Maya Hawke, Matthew Modine, Joe Chrest, Dacre Montgomery, Rob Morgan

Mais “coisas estranhas” estão acontecendo na cidade de Hawkins. Fazia tempo – para a Netflix, desde 2019, para os personagens, oito meses -, desde o combate no shopping center Starcourt, com o monstro Devorador de Mentes, que possuiu Billy, sendo destruído pelos jovens. Enquanto enfrentavam a criatura, Hopper (David Harbour) e Joyce (Winona Ryder) tentavam destruir a máquina soviética que permitiria o acesso ao Mundo Invertido, necessitando de um possível sacrifício para salvar a cidade. Com o fim da temporada, deixando já a entender que Hopper estaria vivo em uma prisão, onde prisioneiros alimentariam um Demogorgon capturado, restava a dúvida sobre os próximos passos da série, uma vez que até a poderosa Eleven (Millie Bobby Brown) agora seria uma garota como qualquer outra.

A nova temporada foi ao ar em 27 de maio, com a exibição de sete episódios, deixando os últimos dois para primeiro de julho. Com longa duração cada um, como filmes de 1h20, sendo que o último teve mais de duas horas, a proposta agora seria explorar um outro inimigo sobrenatural, Vecna, uma entidade do Mundo Invertido que estaria se alimentando de jovens da cidade, aproximando-se pela condição psicologicamente problemática e atraindo em pesadelos acordados – sim, a referência principal é a franquia A Hora do Pesadelo, até pela participação rápida de Robert Englund. Já Joyce seguiria seus instintos e um pedido de socorro que podem indicar uma sobrevida de Hopper em outro lugar.

O primeiro capítulo, “The Hellfire Club“, serve para posicionar os personagens dentro do tabuleiro da série. Joyce, Will (Noah Schnapp), Jonathan (Charlie Heaton) e Eleven agora tentam uma nova vida na Califórnia, distante dos problemas que afetaram a cidade de Hawkins. Eleven sofre bullying das alunas, tendo o amparo não como ela esperava de Mike (Finn Wolfhard), mas não pode fazer nada por ter perdido seus poderes, levando-a a uma ação agressiva em uma pista de patinação, em uma referência a Carrie, personagem de Stephen King do livro homônimo. Mike faz parte do “Hellfire Club“, ao lado de Lucas (Caleb McLaughlin) e Dustin (Gaten Matarazzo), jogando o RPG Dungeons & Dragons, sob o comando de Eddie Munson (Joseph Quinn). Encerrado o namoro de Lucas com Max (Sadie Sink), o jovem é visto como uma peça fundamental do time de basquete da cidade, sendo substituído no grupo por sua irmã da fala ácida Èrica (Priah Ferguson). O episódio se conclui com a morte violenta da jovem Chrissy (Grace Van Dien), quando tentava comprar drogas de Eddie para abrandar suas visões macabras. Vecna aparece para a garota, erguendo seu corpo, antes de quebrá-lo completamente e estourar seus olhos.

É a partir do segundo capítulo, “Vecna’s Curse“, também dirigido pelos realizadores, os irmãos Duffer, que o enredo começa a se construir. Depois que recebe um chamado de Hopper, em uma prisão em Kamchatka, Joyce parte em uma viagem com Murray (Brett Gelman), com o apoio do guarda Dmitri Antonov (Tom Wlaschiha). A morte de Chrissy leva a acusações contra Eddie, que precisa da ajuda dos jovens para descobrir o que está por trás do assassinato, com a sugestão de que possa ter o envolvimento de Victor Creel, preso em um sanatório acusado de matar sua família em 1950. Enquanto a jornalista Nancy (Natalia Dyer) investiga a respeito, seu colega Fred (Logan Riley Bruner) se torna a segunda vítima de Vecna.

Como é comum na série, em seu formato novela, vários núcleos se constroem até que aconteça a conexão entre eles. O menos interessante é o que envolve Eleven. Ela volta a servir para os experimentos de seu “papa“, Dr. Martin Brenner (Matthew Modine), na restauração de seus poderes através de procedimentos de hipnose e resgate do que acontecera no passado e culminou com a morte das outras crianças. Mike, Will e o sempre drogado Argyle (Eduardo Franco) saem em missão de resgate de Eleven, ao passo que Lucas, Dustin e Max buscam um acesso ao Mundo Invertido para se aproximar do vilão. Já Hopper, Joyce e Murray atuam numa temporada à parte, tentando escapar dos domínios soviéticos e de servir de alimento para o Demogorgon. Ainda que não tenha uma relação direta com Vecna, o arco funciona bem trazendo boas situações claustrofóbicas.

A quarta temporada de Stranger Things traz até bons momentos, mas não empolga. Episódios longos e situações que não levam a lugar algum despertam bocejos e deixam evidente sua condição arrastada. As tentativas frustradas de fuga de Hopper e de Eleven somente empurram a série para momentos morosos, em que há mais lágrimas da garota do que atitudes. Se existe uma real preocupação com o destino de Max, o mesmo não acontece com o grupo de Nancy na invasão à casa onde Vecna morou quando era vivo. Também há menos referências a 1986, como acontecia na temporada ambientada em 1984. Se a série se passasse em qualquer ano, não faria muita diferença até pela própria tecnologia que envolve as pesquisas na casa da namorada de Dustin, Suzie. Aliás, uma sequência que poderia fazer parte de mais um filme da franquia Doze é Demais, com exibição na Sessão da Tarde, pelo tom besteirol infantil.

Os momentos finais deixaram boas expectativas para o ano final. Parece que a cidade será literalmente o epicentro entre os mundos, e a ameaça terá proporções apocalípticas. Pode ser que empolgue, ainda mais se conseguir se esquivar dos choros desenfreados de Eleven e partir para situações ousadas, nem tão engraçadinhas, e mais emocionantes. Afinal, os jovens já cresceram, assim como seus espectadores!

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Marcelo Milici

Professor e crítico de cinema há vinte anos, fundou o site Boca do Inferno, uma das principais referências do gênero fantástico no Brasil. Foi colunista do site Omelete, articulista da revista Amazing e jurado dos festivais Cinefantasy, Espantomania, SP Terror e do sarau da Casa das Rosas. Possui publicações em diversas antologias como “Terra Morta”, Arquivos do Mal”, “Galáxias Ocultas”, “A Hora Morta” e “Insanidade”, além de composições poéticas no livro “A Sociedade dos Poetas Vivos”. É um dos autores da enciclopédia “Medo de Palhaço”, lançado pela editora Évora.

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