O Morcego Diabólico
Original:The Devil Bat
Ano:1940•País:EUA Direção:Jean Yarbrough Roteiro:George Bricker, John T. Neville Produção:Jack Gallagher Elenco:Bela Lugosi, Bela Lugosi, Dave O'Brien, Guy Usher, Yolande Donlan, Donald Kerr, Edmund Mortimer, Gene O'Donnell, Hal Price, John Davidson |
Com exibição na TV como O Morcego Diabólico, The Devil Bat também é conhecido por aqui como A Volta de Drácula. Trata-se de um título oportunista, que se aproveita da presença de Bela Lugosi para estabelecer uma referência a um de seus principais papéis no cinema, no clássico Drácula, de 1931. Não se pode culpar a tradução nacional porque na Bélgica o longa foi chamado de A Vingança do Vampiro, e a própria PRC fez uso dessa “confusão” ao colocar o ator na capa em um semblante que remete ao personagem. Faz parte de mais um filme da “maldição de Drácula“, que acometeu Lugosi e atrapalhou suas intenções como ator de mostrar versatilidade para assumir qualquer outro papel, sem que precise sugar o sangue de suas vítimas.
The Devil Bat é o primeiro filme de horror da PRC – e o seu principal sucesso. Como produtora nova, firmou contrato com Lugosi, já com a pretensão de a partir de então realizar filmes com orçamentos mínimos, com poucos dias de gravação. Nada melhor do que escolher o horror como pontapé inicial. Devido à boa aceitação e sem repetir o sucesso com outros lançamentos, a PRC resolveu promover uma continuação indireta após a Segunda Guerra Mundial, com Devil Bat’s Daughter (1946), além de uma espécie de remake com The Flying Serpent (1946), com George Zucco. Não deu certo como imaginavam, e, por não terem renovado os direitos autorais, logo a produção passou a ser de domínio público. E pensar que, em 2020, Ted Moehring teria a genial ideia de fazer a continuação Revenge of the Devil Bat.
Com direção de Jean Yarbrough, a partir de um roteiro de John T. Neville para o argumento de George Bricker, Bela Lugosi atua como o cientista louco Dr. Paul Carruthers, respeitado médico da cidade de Heathville, que fora enganado no lançamento de uma linha de cosméticos pela família Heath, enriquecida pela comercialização, deixando a ele apenas um valor simbólico e sem garantia de participação nos lucros. Ele então desenvolve uma máquina capaz de aumentar o tamanho dos morcegos e fazê-los se sentir atraídos por uma loção pós-barba.
Assim, para perpetuar sua vingança, ele passa a distribuir o produto para os membros da família, liberando os “morcegos diabólicos” para matá-los. As mortes chamam a atenção do jornalista do Chicago Register, Johnny Layton (Dave O’Brien) e de seu ajudante, o fotógrafo “One-Shot” McGuire (Donald Kerr), que pedem ao editor do jornal, Joe McGinty (Arthur Q. Bryan), a possibilidade de cobrir o caso. Entre trapalhadas para conseguir fotos e paquera com a empregada da residência dos Heath, logo a dupla começa a unir provas que possam levar à suspeita de Carruthers.
Lugosi volta a explorar seu olhar penetrante e presença em cena em O Morcego Diabólico. É graças à sua presença que o filme sobe degraus entre produções de vingança comuns, principalmente quando se leva em consideração os fracos efeitos especiais. O voo dos morcegos gigantes e os ataques não chegam a ser tão risíveis quanto os de Birdemic: Shock and Terror (2010), mas são bem mal filmados, aparecendo no céu em uma fotografia de entardecer apesar de ser noite, sem nunca deixar transparecer uma ideia de ameaça. E as sequências de humor não combinam muito bem com a proposta, com algumas atuações exageradas mesmo com assassinatos, clima mórbido e manchetes nos jornais.
Produção simpática e despretensiosa, O Morcego Diabólico é um filme B ingênuo e bastante óbvio. Não fica abaixo da média pela boa atuação de Bela Lugosi, ainda que seguindo o estereótipo dos cientistas loucos do cinema.